A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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terça-feira, 16 de março de 2021

Agora era minha vez...

 Walter, João Carlos, Zé Carlos e amigos que nos acompanham, antes de tudo meu muito obrigado pelo prestigio que nos trazem ao acompanharem o Histórias. Ficamos felizes  e envaidecidos. Não uma vaidade fútil, mas aquela que nos mostra o sentido de ter feito algo que vale a pena, que contribui.
 De minha parte nem preciso comentar! 
 Rui

 Então, ganhei este carro de meu pai quando completei dezoito anos, em maio do ano anterior. Fui busca-lo zerinho na Janda da rua Rosa e Silva, branco, minha cor favorita, como já havia tido um Karmann Ghia e muitos outros carros depois. Era 1970 e como na época seu cambio era de três marchas com alavanca na coluna de direção, freios a tambor.

 No próprio dia dezessete de maio lá estava eu na porta do despachante que nos servia, o Waldemar Batista, se não me engano na Alameda Joaquim Eugenio de Lima, quase chegando na Rua Estrados Unidos. Pobre Waldemar, há uns três anos, quando ia levar algum documento, perguntava à ele se já podia tirar minha CNH... Agora podia! 
  
 Na época a CNH demorava algum tempo, ainda mais que no exame de baliza dei uma mancada no VW da Auto Escola, e tive que voltar à fazer o exame pouco depois. Desta vez fui com um Galaxie lá de casa e foi tudo muito mais fácil.
Quando enfim minha CNH ficou pronta já não havia mais corridas naquele ano, até por que o autódromo de Interlagos estava em reformas para os grandes acontecimentos que sediaria nos próximos anos.    

 Eu maluco para ir à Federação pedir minha carteira de Estreante e Novatos, e quando fui no começo de 1971, uma grande decepção. Meus pais deveriam assinar a autorização, coisa que jamais aconteceria. A história daquele Porsche 550 RS que meu pai havia comprado para meu irmão correr os 500 Km de 1961, jamais se repetiria. Meu irmão era um diletante, foi a única corrida em que participou e não queria mais pensar no assunto, minha ideia firme era de seguir carreira, mesmo antes de estrear. A negativa de ambos foi peremptória.   
No calendário daquele ano, entre as poucas corridas de Estreantes E Novatos a primeira era a promovida pelo Expedito Marazzi, o Festival de Marcas. Fui procura-lo, e mesmo sem a carteira de piloto avisei que correria, quando me perguntou com que carro disse que não tinha ideia. 
Dez anos antes Expedito havia testado o Austin Healey de minha irmã para a revista Quatro Rodas, tinha então oito anos e não me recordava dele, apesar de ser um leitor ávido de seus textos. Um amigo querido, partiu muito antes da bandeirada final, faz falta, deixou saudades.

 Foi quando, foi quando mesmo, que na casa do casal Barros Mattos, dona Célia e Dr. Manoel amigos de minha mãe e pais de meus amigos, encontrei o Tigrão - Carlos Mauro Fagundes - em um jantar. Irmão do Tigrão da Torke, que era sócio de Claudio Daniel Rodrigues que era cunhado do grande Luiz Pereira Bueno. A Torke uma "fábrica" de campeões, grandes talentos lá se revelaram.
No meio da conversa, eu sempre contando que queria ir para as pistas, o Tigrão se vira e diz "corre com o Dart!". No dia seguinte já estava em sua oficina a Muray, na Av. Sto. Amaro, preparando o carro de acordo com a Divisão Um, foi um grande apoio, jamais me esquecerei.
Ia esquecendo a autorização. Num arroubo que só se tem aos dezoito anos, fui até um "despachante" que um passarinho havia soprado em meu ouvido, e saí de lá com a assinatura deles com firma reconhecida. Contei ao meu pai tempos depois à minha mãe nunca.
A preparação para Divisão um consistia em abaixar o carro, colocar Sto.Antonio, de três pontos, conta giros e volante emprestados de meus amigos, afinação precisa do carburador, tirando o filtro de ar, e ponto com algum avanço a mais, eliminação de abafadores e escapamento saindo ao lado da porta. Amortecedores bem mais firmes, bem duros. No banco dianteiro inteiriço duas mantas grossas enroladas bem amaradas de cada lado, não permitiam que eu deslizasse nas curvas, foram feitas por minha namorada, e foram muito uteis. 
Walter, José Carlos, eu vinha na Um em terceira marcha e dava uma tiradinha de pé para faze-la, devia chegar lá por volta dos 160/165 km/h saía da Dois já de pé no fundo desde a tangência dela e chegava à freada da Três com o conta giros já no limite, cerca de 175/180 km/h. Apertava o alicate dos freios cerca de 150 metros antes, apesar de serem a tambor freavam o carro reto, sem trepidação, contornava a Três e Quatro em terceira. 
Aqui um adendo: Tarde da noite daquele domingo, reunidos na Av. Sumaré entre outros com o Guaraná, num papo ele me  diz "vc tirava o pé na Um", acontece que o grande piloto, que estreou no mesmo dia, já tinha uma grande experiência no kart, enquanto eu com um metro e noventa, noventa quilos nunca pude competir neles. 
"Mas venci Guaraná!" " venceu bem Rui" um grande piloto, um amigo querido que também subiu antes da bandeirada final, deixou o exemplo e saudades.
Antes da primeira perna da Ferradura, à direita, tirava o pé, e na tangencia dela, em linha reta, freava forte, bem forte e engatava segunda e contornava a segunda perna a esquerda com o motor quase cheio para logo em seguida engatar terceira novamente.
Na Subida do Lago, curva traiçoeira e complicada, que o digam meus amigos Chico Lameirão e Jr Lara, que lá andaram "passeando pelo muro". Uma tiradinha de pé em terceira, acelerava contornando a parte baixa da curva e na tangência enfiava a segunda para logo no começo da Reta Oposta enfiar a terceira novamente.     
Chegava ao Sol rápido, talvez a uns 160/165, pois mesmo com os 4/5 hps a mais que i Tigrão havia acrescentado ao motor a terceira longa não deixava que o carro desenvolvesse bem naquela subida. Bem o Sol,...Aquela curva que separava os homens dos meninos, seu raio longo, com duas tangências...tirava o pé na entrada, bem pouco e vinha nela toda em terceira, depois de sua segunda tangência, já de olho na reta que levava ao Sargento, pé no fundo, já pensando na complica freada que viria.
O Sargento começava em descida e pouco antes da tangência começava a subir, chegava lá em terceira talvez à uns 165/170, e quando freava a transferência de peso da traseira para dianteira era brutal, freava a uns 150 metros, pendurado! Entrava em terceira, para logo num punta taco enfiar a segunda, com a traseira querendo escapar acelerava forte para subida que ia ao Laranja, que era feita em terceira com o carro querendo sair nas quatro.
No S uma freada e segunda marcha, para contorna-la e ao Pinheirinho, e na saída tocando i final da pista, que na época estava sem as zebras, caprichar para não tocar a terra.
Veja Walter, chegava no Bico de Pato em terceira, no começo numa manobra complicada reduzia para segunda e primeira ao faze-lo. Acontece que em primeira, naquela curva feita a mais ou menos 45 km/h, quando acelerava as rodas traseiras patinavam, estava no momento máximo do torque e lento, e acredito que perdia tempo. Depois passei a faze-la em segunda que levava até o começo da curva do Mergulho e engatar novamente a terceira.   
Na Junção chegava em terceira, ela já havia me pegado nos treinos, freava com muito cuidado, enfiava a segunda para logo a seguir acelerar forte, o contorno perfeito e a forte acelerada nela que levavam os carros a chegarem forte a Um.
Daí até a Um em terceira com o pé no fundo o tempo todo.
Na foto vocês podem ver que o carro, com aquela configuração de amortecedores e molas, rolava muito pouco, balançava, mas nada muito assustador.    
Bem meus amigos, ao menos nos treinos era assim, na corrida depois de 4/5 voltas os freios já não seguravam tanto, e na Três e no Sargento era um sufoco daqueles!

 Segunda feira- Por volta das oito horas um primo me acorda, minha foto estava na primeira página do caderno de esportes de um jornal, e depois também no Jornal da Tarde e mais uns dois ou três. Me vesti, ao sair não vi minha mãe, graças ao bom Deus, e fui para Mooca, o querido bairro onde meu pai dava expediente pela manhã, na sede dos Alimentos Selecionados Amaral S.A. 
As pessoas me cumprimentavam e na porta do escritório dele a secretária só apontou o dedo, indicando que ele estava só.
Ele me olhou, os jornais sobre sua mesa, beije-o...
Saudades pai.   

Deste final de semana algumas amizades que me acompanham até hoje, Jacob Kounrouzan, Edo Lemos, João Carlos Bevilacqua...
E aqueles que fazem uma tremenda falta, Expedito e Guaraná. 


Rui Amaral Jr

    

  




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

ESTREANTES E NOVATOS

Para o amigo Fabiani.


Revista Auto Esporte Abril de 1971

Estreantes e Novatos na década de 1960, provavelmente meu amigo Fernando está aí!
Com o Fusca "emprestado"!
 Largada D3 nas fotos de Rogério Da Luz
Aqui um Lorena, deve ser do Jacó, KG e um Puma.
"Essa KG vermelha é do Oswaldinho Karajeleascow! Por pouco não saio nessa histórica foto. Estou um pouco à frente desse Opala. Essa deve ser a 1ª volta e quem vem riscando os capacetes é o José Martins Jr., o "Dentista Voador" e sua fantástica Puma GTE Espartana! Deixava todos largarem e ia buscando um por um! Nas cinco provas, sempre me passava entre o "Lago" e o "Sol" e sumia... Eu fazia o possível para não "obturar" sua passagem...Kkkkk! ........Os campeões do Torneio, por divisões:
Divisão 1/Corcel: Antonio Castro Prado – 28 ptos
Divisão 1/Volks 1300: Carlos Carvalho Siqueira – 19 ptos
Divisão 1/Volks 1500: Luiz Aladino Dias Osório – 26 ptos
Divisão 3/Volks 1600: Luiz Antonio Siqueira Veiga – 28 ptos
Divisão Karmann-Ghia: Ricardo Mallio Mansur – 28 ptos
Divisão Puma: José Martins Jr – 40 ptos
Divisão Opala: Hermano Silva – 24 ptos
No "Festival do Ronco" de 1972, nas sete divisões dos campeões, quem fez menos ponto, fez 19 e quem fez mais, 28! Nessa época, assim como na F1 os pontos eram: 8 - 6 - 4 - 3 - 2 - 1! Portanto, o único a ganhar as cinco provas foi o José Martins Jr! 40 pontos!" Ricardo Mansur

 Jr Lara, notem as rodas Scorro e os pneus Pirelli Cinturato que usávamos na D3.
 José Martins
 O KG branco de trás é meu amigo João Carlos Bevilacqua.
 Jr e Teleco
 Jacó recebe a bandeirada de Expedito Marazzi
Teleco-Luiz Antonio Siqueira Veiga
 Os VW D3 da Kinko, sempre muito bem feitos, nas mãos dos irmãos Yoshimoto.
O #8 Jr Lara, curva do Sol
Já contei para vocês como comecei a correr, naquele ano de 1971 estava tudo um pouco complicado. Interlagos passava por reformas, recém inaugurado Tarumã era longe, no Rio ainda existia o autódromo antigo, mas as corridas eram poucas.
Mas uma categoria sempre se destacava, era a Estreantes de Novatos, grande parte de nossos pilotos vindos depois desta data passaram por ela. As escolas de pilotagem já funcionavam, entre elas a de meu amigo Expedito Marazzi e a do Pedro Victor De Lamare, em São Paulo, no Tarumã também, no Rio não me lembro. Essas duas escolas tiveram como base os ensinamentos de Piero Taruffi, piloto da Ferrari entre outras equipes, que veio ao Brasil entregar o Premio Victor, que a Quatro Rodas concedia aos destaques do automobilismo da época. E em sua estadia no Brasil, teve um contato forte com o Expedito e o Pedro. Taruffi tinha na Itália uma escola de pilotagem, nos moldes da Jim Russel na Inglaterra. Foi na Jim Russel Drivers Scholl que Avallone e Emerson fizeram seus estágios antes de começarem a correr por lá. 
Mesmo antes na década de 1960, elas já faziam a alegria da garotada que queria ou dar algumas voltas numa verdadeira pista de corridas ou se iniciar na carreira, como atesta meu amigo Fernando Fagundes em seu blog. Não vou contar aqui que ele “surrupiou” o Fusca de sua mãe para correr, jamais faria tal coisa, mas muitos começavam assim!
O regulamento da Estreantes e Novatos seguia as normas da CBA que era regida, e ainda é, pelo anexo J da FIA, a grande maioria das corridas era no Grupo ou Divisão Um. Os carros dessa categoria eram quase originais, podendo apenas serem feitas poucas alterações como; escapamentos, a retirada do filtro de ar, pneus radiais, que eram raros na época, retirada de para choques, amortecedores mais rígidos, barras estabilizadoras e algumas outras perfumarias. Assim como a instalação de Sto. Antonio, que na época era apenas uma barra atrás do banco do piloto com uma terceira perna de apoio, mesmo assim alguns “malucos” faziam de PVC!
Ainda em 1970/71 corridas começaram a acontecer também numa categoria que seria talvez a mais querida de nossos torcedores, a Divisão 3, esses carros já bem mais preparados que os D1 aproveitavam o desenvolvimento que tinham os que corriam no Campeonato Brasileiro de D3, assim principalmente os VW usavam de todo aparato então desenvolvido pela MM na preparação desses motores, feitos por dois gênios do automobilismo, os Magos, Jorge Lettry e meu amigo Miguel Crispim Ladeira.
Os Pumas, Lorenas que se enquadravam em outra categoria, na principal corriam como Divisão 4, corriam junto com a D3 e as vezes D1, tinha sua classificação separada.
Comecei na D1, depois correndo no ano de 1971,  o Torneio União e Disciplina e o Torneio Sulamericano na D3 com um VW da equipe De Lamare. Na Copa quebrei nas duas corridas, começava assim já novato sentir o gostinho amargo das quebras!

Rui Amaral Jr

Minha credencial do Torneio Sulamericano, tenho até hoje, só não achei o arquivo e fui buscar no Saloma. 




No 6º lugar da 4ª largada o nome correto é João Carlos Bevilacqua
No Lorena Edo seguido por Ronald Berg





Aos meus amigos






quinta-feira, 11 de outubro de 2012

ESTREANTES E NOVATOS


Confesso a vocês, ando com pouca vontade de escrever, assim conforme vou vendo os acessos diários a posts antigos, vou novamente mostrando e as vezes acrescentando alguma coisa.
Neste post de 21 de Julho de 2009, acrescento uma foto do carro de meu amigo João Carlos Bevilacqua e dois recortes enviados por ele. Fica ele nos devendo seu depoimento sobre esta época!

"Recebi do José Martins Jr um e-mail super, ele conta que ao ver a foto acima teve saudades do antigo traçado de Interlagos. Ele havia me enviado esta foto uns meses atrás e para nós é realmente saudoso olhar aquela pista antiga, principalmente os detalhes. Não existe mais a "UM" "DOIS" "TRÊS", muito menos esta curva sensacional a "FERRADURA", com sua primeira perna, feita por alguns de pé embaixo e a segunda perna que exigia uma freada bem forte e redução de marcha. Me enviou também um recorte da Folha da Tarde de 26 de Julho de 1971, com toda cobertura que os jornais da época davam às corridas. Expandindo os jornais podemos ver que naquele dia também correram as motos, ganhando o Tucano com o Tognocchi em segundo, e nosso saudoso amigo Expedito Marazzi em terceiro. Não corri este dia, e lendo o jornal lembrei de um monte de pilotos que correram neste ano de 71 na estreantes e novatos conosco."
Texto de 21/07/2009

O VW D3 de João Carlos Bevilacqua, na foto segurando o copo, a beldade não sei quem é!
Um momento que todos nós esperamos, a bandeirada da vitória, na primeira bateria, provavelmente das mãos de Eloi Gogliano.
Aqui o Martins já na ponta com um outro amigão a persegui-lo, Jacob Kounrozan e seu Lorena GT.
Largada vê-se o Opala na primeira fila, na segunda o Martins, pela tomada da ponta na primeira volta, e aquela foto da "FERRADURA" devia estar com a "faca nos dentes ".

Nas fotos do jornal vemos as bandeiradas ao Tucano, José Martins e José Maldonado, vencedor da segunda bateria na prova de estreantes e novatos, depois da quebra do Martins e do Jacob Kourozan.



Ranking Auto Esporte 1971








quarta-feira, 18 de maio de 2011

APENAS UM PROPOSTA

No texto da revista Auto Esporte de Abril de 1971 um pouco do valor que se dava à categoria.
Naquela época AE era realmente um revista. 

A diversidade garantia a beleza da disputa, esta foto foi enviada por meu amigo José Martins Jr que está em segundo na tomada da Ferradura com seu Puma #48.

Posso estar muito enganado no que vou escrever, é apenas minha visão de nosso automobilismo, mesmo assim vamos lá.
Temos no Facebook algumas páginas em que discutimos nosso automobilismo, lá também brincamos e relembramos muitas coisas que ficaram em nossas mentes.
Quem assiste nosso automobilismo pela TV, Stock, Truck, GT3, Porsche Cup e outras vai dizer que estou maluco, afinal temos dois pilotos na Formula Um outros tantos na F. Indy e dezenas de outros correndo em várias categorias mundo afora. 
Agora é só ir até Interlagos para ver nossas categorias que deveriam estar revelando novos pilotos é que podemos ver o abandono que está nosso automobilismo. Não vou descer a lenha em nossos dirigentes, isso já fiz muito, mas vou apresentar minha pequena ideia para trazer novamente pilotos e publico a nossos autódromos.
Correr de Kart nas varias categorias é caríssimo e muitos pais não tem condições de colocar filhos nelas. Depois disso vem as categorias de Formulas que conhecemos, todas também caríssimas e em sua maioria caça níqueis, onde pais endinheirados que sonham ver um dia seus filhos com o bilhão de dólares de um Schumacher, gastam fabulas para eles correrem.
 Minha idéia é antes de tudo a volta das corridas de estreantes e novatos e uma categoria base de formula.
Não acredito que as escolas de pilotagem sejam o caminho de inicio para quem tem muita vontade de estar numa pista, respeito alguns piloto que hoje tem escolas, como o Aldo Piedade e tive um grande amigo o Expedito Marazzi que levou sua escola muito a serio, mas também não acredito que elas tragam para nossas pistas todos que tenham vontade de um dia competir com seriedade.
Comecei em um dia dedicado aos estreantes e novatos e promovido pela escola de meu amigo Expedito, naquele dia foram quatro corridas, duas de Divisão Um, uma de Divisão 3 e outra reunindo todos participantes. Era só colocar um Sto. Antonio bo carro e ir para pista, E vejam que muita gente boa saiu dessas corridas, comigo estreou o Guaraná fora outros pilotos que já corriam, Edo, Jacob Kourosan e outros.
Miha corrida seguinte foi o Torneio União e Disciplina aí os outros e eu pudemos dividir nossos treinos e corridas com grandes campeões, em boxes perto dos nossos estavam apenas Luiz Pereira Bueno, Camilo Christófaro, Bird, Chico Lameirão, Pedro Victor De Lamare e tantos outros, quando parávamos de treinar entravam as feras e ficávamos deliciados de alem de tudo estarmos dividindo o espaço com eles. E posso garantir que alguns deles prestavam atenção em nós. Depois corremos Torneio Sulam também ao lado das feras.
No ano de 1972 o saudoso Agnaldo de Góis Filho realizou através do ano o “Festival do Ronco” apenas para Estreantes e Novatos e muita gente boa apareceu entre elas meus amigo Teleco o campeão e Jr. Lara Campos o vice, fora outros que depois se destacaram em nossas pistas. Na época alguns pilotos correram mais de um ano em E.N. como o amigo piloto/dentista José Martins Jr. E se Puma #48 e os irmãos Yoshimoto da Kinko.
Na época eram poucos os tipos de carros fabricados por aqui, mesmo assim as disputas eram ótimas. Hoje com a grande variedade de carros fabricados aqui certamente teríamos nas pistas disputas belíssimas.
Seriam carros de 1.000cc ou 1.600cc, pneus radias, e todo equipamento de segurança como bons Sto. Antonio, capacetes e macacões. Teria de haver alguma forma de controlar a preparação dos motores que hoje é tão fácil, limitando por exemplo a entrada de ar ou outra forma, isso deixo para meus amigos contribuírem.
Vejam bem há um depoimento do próprio Jr. Lara Campos no blog dele e nesse que ele usava seu VW D3 para andar normalmente no seu dia a dia e é isso que poderíamos trazer para nossas pistas.
Antes de cada prova haveria uma reunião com todos pilotos e nela seria explicada a eles todas as normas de conduta em pista. 
O certo seria fazer essas corridas junto com as grandes categorias, não importa que não houvesse lugares nos boxes, quem está com vontade fica em qualquer canto, e isso seria obrigatório aos organizadores delas.
Outra categoria que nos faz falta é uma categoria de Formula verdadeiramente de base, chassi e motores de fabricação livre, temos muitos motores de 1.000cc que hoje desenvolvem cerca de 95hp e a disputa entre as montadoras seria bem vinda, pneus e tudo mais muito bem regulamentado para que ela ficasse bem em conta e sua disputa assim como a E.N. obrigatória junto com outra grande categoria.
Penso que em cada uma dessas categorias o piloto não pudesse correr mais de dois anos, para justamente haver a renovação. 
Duvido que qualquer dirigente nosso apoie essa iniciativa, pois nem os vendedores de carteirinha se dariam ao trabalho.
Assim acredito que muitos “malucos” com vontade de pilotar aparecessem em nossas pistas, levando com eles familiares e amigos para as arquibancadas e trazendo novamente a alegria para nossos autódromos.   



   

 Dois instantes do Festival do Ronco de 1972 do inesquecivel Agnaldo de Goes Filho, acima Jr Lara toma um ralo no Sol e abaixo ele na frente do Teleco no Sargento.


Os foguetes da Kinko.


Anexo ao Ranking principal da Auto Esporte o de Estreantes e Novatos.

Uma bela largada na década de 1960.


quarta-feira, 9 de março de 2011

40 Anos - Para os amigos.

Na foto um pouco desfocada estou no Sol, notem os pneus bem cheios, o dianteiro esquerdo apoiando e o direito querendo levantar.


Meus amigos pediram então vou contar um pouco do que foi minha estréia, já contei aqui mas vamos lá novamente.
Queria começar a correr mas não tinha grana e nem meus pais me autorizavam, não fiz escola de pilotagem mas já andava bem forte pelas ruas do Pacaembu e era antes de mais nada fã de carteirinha de grandes pilotos que via em Interlagos e alguns em minha casa amigos de meu irmão que é 12 anos mais velho que eu.
O primeiro carro que andei forte era um Impala SS 64 de minha mãe, era o ano de 1966/67 e com 14/15 anos aprendi duas coisas importantes com esse carro; andar com cinto de segurança e enfiar cinqüenta libras nos pneus.
Um dia na casa de amigos conheço o Carlos Mauro Fagundes, dono da Muray e irmão do Tigrão da Torke,  conversamos bastante e ele me convidou a correr e ao perguntar com que carro ele apenas disse “usa o Dart”.
Alguns amigos me falavam que eu ia tomar um baita “pau” dos Opalas que já corriam na categoria, que o Dart não se adaptaria e muitas outras coisas.
Minha vontade de estrear era tanta que não ouvi nada disso e dias depois lá estava o Dart na Muray sendo preparado.
Para preparar o carro contei com a valiosa ajuda de meus amigos e de minha namorada de então, quase não tinha grana. Outra coisa muito valiosa foi a experiência do Carlos Mauro.
Carro na oficina, abaixamos a suspensão traseira, a dianteira ainda não sabíamos como, fizemos o Sto. Antonio, escapamento, o motor foi muito bem regulado, filtro de ar retirado. Instalamos um volante e contagiros emprestados por um amigo, e no banco dianteiro inteiriço amarramos no lugar do piloto um cobertor ou manta bem enrolados e presos para que mesmo com o cinto bem apertado não escorregasse.  
Já contei a manobra para conseguir minha carteira de piloto, me inscrevi no clube do Expedito e na sexta feira fui andar pela primeira vez na pista como piloto.
Logo nas primeiras voltas, já com os pneus com as 50 libras, o Carlos Mauro me disse que já andava forte, mas ele queria me dar uns palpites, e foi dar umas voltas no carro comigo pilotando. Hoje isso beira o absurdo mas eram outras épocas.
Andando o Mauro me disse que telegrafava muito - acelerar fundo e tirar o pé acelerando fundo novamente para fazer a traseira escapar, resquícios das tocadas de rua com o SS e esse mesmo Dart - falou para andar mais redondo possível acelerando progressivamente para transmitir a potencia ao solo. Ele certamente foi a pessoa mais importante para que progressivamente eu fosse me acostumando à pista e cada vez andar mais forte.
Não lembro se nesse primeiro treino ou no segundo ter rodado na Junção, vinha muito forte e a traseira escapou. Fiquei lá parado atolado no barro do acostamento que na época passava por reformas, logo vieram tirar o carro e continuei a andar.
Não larguei na Pole, o tempo mais rápido foi do Wanderlei, que já havia corrido outras vezes. 
Ah! Uma coisa quero contar e acabei de me lembrar! Sempre fui muito tranqüilo e aquela ocasião apesar de muitoooooo especial não seria diferente, então quem levou meu carro para o Grid foi meu chefe Carlos Mauro Fagundes!
Na largada tomei a ponta e já fiz a Um em primeiro, e ao contrário do que escreveram nos jornais o Wanderlei me acompanhava bem de perto, a conselho do Mauro pilotava redondo, um olho no contagiros nos lugares necessários outro nos retrovisores e os outros na pista.
Algumas voltas depois meus freios começaram a apresentar sinais de fadiga, já tinha aberto um pouco do Opala e achei que ele ia chegar, mas acho que ele tinha os mesmos problemas que eu e fui abrindo aos poucos.
Os lugares mais assustadores, onde os freios representam muito no tempo de volta, eram a freada da Três, depois aquela freada linda do Sargento, e na Junção onde a curva tinha que ser feita bem redonda para aproveitar a potencia do motor em sua saída para percorrer forte a Reta dos Boxes e chegar forte à Um.
Já descrevi aqui a ultima volta, pilotando na ponta dos dedos, olhos grudados nos relógios, nos retrovisores e na pista. Na Reta dos Boxes as lágrimas já embaciavam ( era assim que o Expedito falava ) minha visão e logo vi meu amigo com a Quadriculada agitada na mão dando um pulo, meu braço esquerdo para fora levantado e as lágrimas, aí escorrendo à vontade.
Depois foram os abraços dos amigos, os beijos da namorada e os parabéns de muita gente, inesquecível!
Não disputei a segunda corrida que reuniu todos os carros pois minha namorada na correria da largada e querendo me ver tomando a Ferradura levou um tombo e cortou embaixo do queixo e enquanto eles corriam nós estávamos em um pronto socorro na Av. Rebouças costurando a ferida.
A todos meus amigos que me ajudaram e muito nesta primeira e muitas outras corridas, a todos meus amigos que fiz nas pistas e todos amigos que vou fazendo nesta caminhada. Cada um sabe muito bem de quem falo e do meu carinho por todos. Alicatões!
Ao Francisco.      


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CORRENDO



Outro dia escrevi um texto sobre a situação de nosso automobilismo, não me referia às categorias que hoje são tão bem geridas por seus organizadores como a Porsche Cup, Formula Truck, GT3, Stock Car junto com a Copa Montana e parece que agora o Brasileiro de Turismo. Todas super bem organizadas e geridas pelos responsáveis, trazendo aos participantes grande retorno de mídia e possibilitando a eles a busca do combustível financeiro para suas atividades.
Lembro bem quando comecei, a situação era bem diferente, a Federação e os Clubes cobravam sim as inscrições, mas divulgavam os eventos, trazendo algum publico ao autódromo e o retorno publicitário que tanto precisávamos.
Hoje as Federações e a CBA dispõe de assessores de imprensa mas a eles só interessa divulgar o que já é bem divulgado e tratam os pilotos que se aventuram a competir os torneios regionais como meros coadjuvantes, nem sabendo que é daquelas categorias que saem pilotos que poderão um dia se destacar em qualquer categoria do mundo.
Os clubes então nem se fala, como escrevi antes são meros vendedores de carteirinhas e inscrições, sendo os detentores de todas datas do calendário automobilístico fazem delas o que bem entendem. Não divulgam as corridas nem antes e nem depois e esse é um dos motivos de autódromos vazios e pilotos que sem divulgação não tem como conseguir patrocínio.
Ilustro este texto com alguma reportagens de minha primeira corrida, organizada por  Expedito Marazzi e apesar de ser de Estreantes e Novatos foi noticia nos grandes jornais de São Paulo, como era bem comum na época. 
Falta e esses senhores humildade e o reconhecimento  que a grana que entra em seus bolsos vem também dessa gente abnegada que gosta simplesmente de correr de automóveis, como aconteceu com Emerson, Nelson e tantos outros grandes pilotos.   


Fotos e matéria da revista Auto Esporte, Abril de 1971.


Matérias de dois jornais de grande circulação, fora Estado de São Paulo e Jornal da Tarde que também cobriram.   



domingo, 6 de dezembro de 2009

ESTREANTES E NOVATOS


Lendo no blog do Joel -Sport Protótipos - sobre o fim da Stock Junior e a criação de uma categoria de base fiquei lembrando de meu começo e da categoria Estreantes e Novatos . Hoje a garotada começa no Kart aos oito anos e aos 16 já vai para alguma Formula com milhares de Km rodados e um montão de grana gastos . Quando vejo um novo nome surgir fico imaginando se é fruto do talento ou de toda essa kilometragem e infelizmente para nós admiradores do esporte é fruto dos anos de pista . Hamilton , Vettel , Kubica são raras exceções em um mundo dominado por pilotos que chegam aos 20 anos com já 12 anos de carreira . Na década de 70 era diferente , minha primeira corrida foi em um festival de EN promovido por meu amigo Expedito Marazzi , foram quatro corridas com algum publico presente e muitos carros na pista . Um bom Sto Antonio , amortecedores mais firmes , pneus radiais e lá íamos nós . Neste dia o Jacob venceu duas corridas com seu Lorena VW tendo como principal adversário o Édo , Ronald Berg uma para D1 em que correram carros de baixa cilindrada e eu a na D1 com todos os carros , corri contra um Opala do Wanderlei e o Guaraná também estreou nesta corrida . A ultima corrida vencida pelo Jacob reuniu todos os carros e não pude participar por conta de um tombo que minha namorada levou e foi preciso dar alguns pontos . Corri mais algumas corridas nesse ano de poucas provas no calendário . Na D3 corri o T. União e Disciplina , cheguei em 6º e o Guaraná em 5º em corrida vencida pelo amigo José Martins Jr com seu Puma seguido pelos foguetes da KINKO . Corri depois o T. SULAMERICANO em dois fins de semana , vencido pelo Guaraná , quebrei em ambas as corridas , que eram de duas baterias cada .



No ano seguinte o Agnaldo de Goes também promoveu um longo torneio para EN e dele saíram bons pilotos como meus amigos Junior Lara Campos, Teleco e muitos outros. Lendo e pegando algumas fotos no blog do Junior vi sua irmã Lia e ele escrevendo que emprestou a ele alguma grana para fazer um motor .






Ora , era tudo mais fácil , os carros às vezes os mesmos que andavam pelas ruas .. E vejam bem desses torneios saíram verdadeiros talentos como o Teleco que dois anos depois já estava na Inglaterra correndo de F3 e colocando tempo em cima de muitos bons pilotos que já andavam na categoria.
Hoje com um bom assessor de imprensa muitos kilometros de Kart e algum talento o piloto já está em alguma grande categoria ou sendo piloto de testes de alguma equipe de F I , às vezes sem ao menos ter ganhado uma corrida . E ai nós ficamos sem nossos verdadeiros talentos.
Sou favorável hoje a uma nova categoria de Estreantes e Novatos, com a parte teórica ministrada por alguma escola de pilotagem, carros de cilindrada única e algum preparo, pneus radiais. Seriam carros baratos e às vezes com um único motor e jogo de pneus dê para fazer várias corridas. As corridas seriam preliminares de categorias maiores e inscrição compatível com a categoria.
Pena que seja apenas um sonho, nossos dirigentes ao contrário do Expedito e do Agnaldinho, nunca iriam se importar com simples EN  uma categoria que não vai trazer-lhes nenhum ganho  imediato.  



Fotos do blog de Junior Lara Campos .   http://historiasquevivi-jrlara.blogspot.com/ 
Joel .   http://sportprototipos.blogspot.com/