Luiz e o Porsche 908/2 da equipe Z, com as mãos no bolso olhando Jan Balder.
Carro alugado fui buscar uma equipe ou um mecânico, bati na oficina do Amador Pedro, alguém que já conhecia os VW D3. Ele que tinha um carro para alugar, que eu não sabia, com muita má vontade me disse que não cuidaria pois o carro estava bichado, nem respondi, dei as costas e fui embora, não gosto de gente assim, poderia ter falado a verdade, talvez eu até tentasse mudar. Voltei a equipe do Pedro, não sem antes buscar outras alternativas, conversamos e concordou em dar assistência na pista.
Já contei aqui a deliciosa sensação de pilotar aquele carro, muito diferente do Dart. Um verdadeiro carro preparado para Divisão Três, o cambio uma caixa Três, a primeira muito longa com todas outras marchas juntas, dois Webber 48, comando de vávulas P3 ( Iskanderian 12/12) rodas de liga com pneus Pirelli Cinturatto, acredito que 165/13 na dianteira e 185/13 na traseira, apenas com o banco concha do piloto, sem forração alguma e todo aliviado de peso.
Havia andado com ele uns dez dias antes, quando acertei o aluguel, se não me falta a memória o Marcio e um parceiro haviam feito uma corrida longa com ele, então o tanque de combustível era bem grande, talvez uns 80/90 litros, e o contagiros não funcionava.
Fui para o primeiro treino na sexta feira, na corrida anterior havia apenas nós, os estreantes e novatos, agora nos boxes ao lado do meu só feras. Nem sei contar quem...Luiz estrearia o Porsche 908/2 da equipe Z, Camilão, Ciro...
Treinei bastante aquele dia, até dei duas ou três rodadas, era a vontade de andar forte, buscar o limite, encarar alguns carros que vinham correndo há tempos na categoria.
No sábado também andei um pouco e no grid larguei na segunda fila, três carros por fila, mais de vinte e cinco carros no grid.
Sabia que a largada seria trabalhosa, a primeira com aquela configuração chegava a uns 85 km/h e com o comando que abria lá no alto, complicado para uma corrida de seis voltas. Mas sabia também que apenas uns dez entre todos aqueles carros tinha o mesmo nível de preparação do meu, sendo que alguns eram bem melhores.
Mas eu estava lá...
Larguei, apenas larguei, sem forçar a embreagem para uns 120/150 metros depois da largada estar em último, no final do pelotão. A primeira encheu e lá estava eu na entrada da Um já em terceira, começando à remar...Na entrada da Três já tinha deixado mais de dez carros para trás, mas muitos ainda estavam à minha frente. Lá na frente meu amigo José Martins Jr reinava absoluto com seu Puma #48, preparado por mestre Crispim e que havia comprado de Angi Munhos, era da Divisão Quatro, agora com motor 1.600cc mas mesmo assim no mínimo cinco segundos mais rápido que o VW D3.
José Martins Jr e o Puma.
Na primeira volta já passei no meio do pelotão, daí para frente seria cada vez mais difícil ultrapassar, mas minha vontade era grande, andando no limite o tempo todo, aproveitando cada metro de pista para buscar quem estava à frente. Fazendo também sua primeira corrida na categoria um nome que viria a se tornar um marco da velocidade, meu amigo Alfredo Guaraná Menezes, talvez o piloto mais rápido de minha geração.
Deixei muitos para trás e lá pela quinta volta já estava em sexto, que descontando o Puma seria o quinto lugar, nada mal.
A segunda bateria foi igual, só que com mais experiência, andando cada vez mais forte, nesta se não me falha a memória fui quinto, na classificação das duas baterias fui sexto.
O Torneio União e Disciplina foi uma homenagem dos organizadores ao Exercito Brasileiro.
Notem que na matéria sobre a corrida o Guaraná e eu não somos citados, corrigido depois no Ranking. Mas em compensação os jornais do dia seguinte davam destaque a nós dois, sendo que o grande jornalista Luiz Carlos Secco em sua coluna do Estadão ou Jornal da Tarde, dá destaque a nós dois, como os nomes da corrida, e ainda escrevendo que até dias antes eu não tinha carro para correr. Perdi este recorte assim como as fotos minhas desta corrida
Na próxima corrida, Uma Hora de Calouros, vencida por meu amigo Jacob Kourouzan, não tive carro para correr, voltaria para as duas etapas do Torneio Sulam no final do ano.
Rui Amaral Jr
Em 1971, não assisti as corridas nacionais, uma pena.
ResponderExcluirPerdi dois eventos históricos: o Porsche 908 nas cores branco e verde (que depois viraria o Hollywood) e perdi a estréia de Rui Amaral num pinico atômico "by Delamare".
Para quem via essas corridas da divisão 3 da arquibancada, como eu, não tem como descrever: era genial! Dezenas de Fuscas descendo o retão lado a lado, um ronco de orquestra. Na entrada da Ferradura, que podíamos ver bem das arquibancadas, sempre ultrapassagens e 'totós' amigos.
Poder estrear no Templo do Automobilismo assim é para levar para as próximas encarnações a lembrança: parabéns!
Obrigado Walter.
ExcluirUm abraço.
Peço licença para um comentário separado: olha esse 'grid': Porsche com Oapala!
ResponderExcluirPoderia parecer precário, o Luzinho Pereira Bueno estragava todas as categorias por onde passava, com seu domínio arrebatador (Porsche 908, Berta Hollywood, Maverick), Hollywood), mas a gente ia lá para ver... um Porsche!
As corridas intermediárias eram shows de Divisão 3, ou seja, o programa era bom de ponta a ponta, passava-se o dia no autódromo e não faltava diversão.
Obrigado ao Rui por dividir aqui conosco.
P.S. tenho 'passeado' pelos arquivos da Folha de São Paulo e do Estadão, pois, naqueles anos 1970, as redações tinham jornalistas e os jornalistas iam aos autódromos (Reginaldo Leme era do Estadão): recomendo.
Walter meu amigo, assisti a largada do muro que separava os boxes da pista, Luiz disparou lá de trás e seu chará, o amigo de meu irmão quase teve um treco. Sem querer desfazer de nenhum amigo mas o Luiz era o máximo.
ExcluirUm abraço
Não tenho conseguido acessar os arquivos da Folha.
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