A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mecânica Continental

Este vai para meu amigo Fabiani.

Escuderia Lobo do grande Camilo Christófaro, #7 Ferrari/Corvette de Carlinhos Aguiar, #18 Maserati/Corvette do Camilão e a Maserati vermelha de Arlindo Aguiar, que corriam na categoria Mecânica Continental. Foto de Tony Bianco.
 Camilo em Interlagos


A Mecânica Continental nasceu no final da década de 1950 na América do  Sul, principalmente Argentina e Brasil, e utilizava principalmente os carros das categorias Grand Prix e de sua sucessora a Formula Um, carros que haviam corrido na década e que a F.Um já não mais utilizava.
A manutenção dos motores originais se tornou difícil e muito cara e então entrou o grande poder de adaptação de nossos pilotos e preparadores que logo viram a oportunidade de fazer grandes carros com os motores americanos. Os Ford geralmente com preparação Edelbrock e os novíssimos Corvette V8 com uma vasta gama de preparações dos especialistas norte americanos.
Eram carros da Maserati, Alfa Romeo, Ferrari, Talbot e outros que impulsionados com as novas motorizações se tornaram até mais rápidos que os originais, já que os motores V8 americanos com muito mais cilindrada tinham mais potencia e seu ponto de torque máximo muito abaixo e mais forte que os originais. Lembro perfeitamente de sentar num dessas na oficina do Camilo e o que mais estranhei, tinha uns 8/9 anos, foi a alavanca de cambio no meio das pernas, com o pedal da embreagem à esquerda com acelerador e freio à direita.
Invocados com a rapidez desses carros alguns italianos trouxeram uma Maserati 250F da F.Um e Celso Lara Barberis treinou alguns dias com ela em Interlagos e não chegou perto do então recorde da pista que então era de Roberto Galucci com sua Maserati/Corvette com o tempo de 3m 39s para o circuito completo, esse recorde foi batido apenas 12 anos depois por Ciro Caíres e o BMW Esquife da equipe CEBEM de Agnaldo de Goes Filho. 

 
Celso Lara e Luiz Américo Margarido no Talbot/Cadillac nos 500 KM de Interlagos 1958
Alfredo Santilli no Eclipse Special/Oldsmobile 1956
Ciro Cayres no I Torneio Triangular Sulamericano 1959
Fritz D`Orey na Maserati/Corvette
Luiz Américo Margarido na Maserati/Corvete
Ayres Bueno Vidal Maserati/Simca
Paschoal e Toninho Versa, Ferrari/Corvette 4.500cc
I Torneio Triangular Sulamericano, Autodromo Costaneva Buenos Aires, Argentina 01/03/1958

Em outra corrida o brasileiro Fritz D`Orey com uma Maserati/Corvette, um grande piloto brasileiro cuja carreira na F.Um não vingou por motivos outros, mexendo nos pneus conseguiu na largada e nas voltas seguintes abrir uma grande vantagem para o segundo colocado que era ninguém menos que o grande piloto argentino Froilán Gonzalez.
Largada dos 500 KM de Interlagos de 1963, prova vencida por Galucci e que teve a trágica morte de Celso Lara Barberis quando corria com uma nova formula a Mecânica Nacional, na foto ele no #2 e também Formula Junior que usaria o chassi projetado por Toni Bianco  o Landi-Bianco e usando os motores nacionais, os vencedores; Jaime Silva com motor Simca na classe até 3.000cc e Marivaldo Fernandes com motor Gordini na Formula Junior até 1.100cc. 



Sem a pretensão de ser um historiador, sou apenas um contador de histórias, histórias verdadeiras de quem as viveu, contei neste post com a colaboração de meus amigos Paulo Peralta do excelente Bandeira Quadriculada de quem peguei algumas fotos e dos sempre presentes Milton Bonani, Romeu Nardinni, Chico Lameirão e Caranguejo, foram algumas horas de papos agradáveis ao telefone e à eles meu muito obrigado e um forte abraço!

Rui Amaral Jr  



11 comentários:

  1. Rui,

    adorava esses carros. Engraçado que pensei em lhe mandar a foto do Celso Lara.

    Um abraço e obrigado.

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    1. Obrigado à vc Miltão, pode mandar a foto do Celso pois a que "emprestei" do Paulo está pequena!rs

      Um abração

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  2. Muito boa a publicação. Remete nos ao um tempo em que o automobilismo romântico com belas e potentes máquinas.

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    1. corrigindo:

      Muito boa a publicação. Remete nos a uma época em que o automobilismo esportivo era praticado com mais romantismo, audácia, e belas máquinas.

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    2. Aqui vc manda Fernandão!
      Como está seu filho?

      Um forte abraço

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  3. -Adorei saber detalhes e de boa Fonte, do que não sabia da história do nosso automobilismo. Congratulações pelo resgaste de valiosa passagem.

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  4. Amigos: frequentei a oficina do Camilo Cristófaro desde criança e certa vez meu pai me colocou no cockpit do charutinho Mecânica Continental que era uma Maserati 250 F da década de 1950 com motor Corvette. Isso foi provavelmente no início da década de 1960. Lembro apenas do volante enorme que o carro tinha e posso me gabar que já sentei num F1. Antigo, mas, um F1. Mais recentemente me deparei com uma informação importante sobre esse bólido: não se sabe como, mas o Camilo comprou o carro que participou de uma corrida em Havana, tendo sido pilotado simplesmente por Stirling Moss. Depois de muitas corridas em Interlagos o carro ficou encostado e foi vendido posteriormente para um colecionador europeu. Lembro que a matéria que li trazia ainda o número do chassis da Maserati. Se essa matéria está realmente correta, pelo menos um dos carros importantes da Mecânica Continental foi salvo dos desmontes e canibalizações que muitos sofreram após se tornarem obsoletos

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    1. Decio, se puder envie esta matéria para mim!
      Lá fora devem ter colocado um motor Maserati original.
      Obrigado,

      Um abraço.

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  5. Nos dá muitas saudades destes tempos românticos!

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    1. Também tenho saudades Hilário, a primeira vez que estive em Interlagos aos oito anos, elas que dominavam, um abraço.

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Rui Amaral Jr