Lá se vão quatro anos desde que a Graziela Rocha me apresentou o Ari e ele me presenteou com alguns exemplares de seu jornal e autorizou a reprodução das matérias. Caros Ari e Graziela é sempre uma honra e um privilégio te-los aqui, um forte abraço e obrigado!
Post de Quinta-Feira, 13 de agosto de 2009
Assim Ari Moro contou as Seis Horas de Curitiba,
A carretera 27 de Altair Barranco/José Grocoski.
"Se eu tivesse que escolher, preferiria quebrar o carro, mas, sentir o gosto de estar liderando uma prova, do que levá-lo até o final da competição, sem quebrar, mas, terminar a corrida sem ter ponteado um instante sequer." Esta, uma declaração de Altair Barranco, talvez o mais popular, o mais comentado de todos os pilotos de carreteira do Paraná, apesar de ter iniciado sua carreira numa época em que as competições automobilísticas começavam a experimentar uma nova fase, com a entrada em cena dos carros de fabricação nacional e o declínio do uso dos "carros adaptados", as famosas carreteiras.
Carretera Gordini Equipe Willys.
Carretera Gordini e um Ford.
A freada do fim da reta , briga entre Simca e DKW.
Carretera 12 de Bruno Castilho, chassi F 100, motor Mercury Interceptor e cambio Corvette.
AS SEIS HORAS DE CURITIBA
Em 1963, o jornal Gazeta do Povo promoveu a primeira das três emocionantes provas automobilísticas de rua, denominadas Seis Horas de Curitiba, reunindo pilotos locais e de outros Estados, sobretudo de São Paulo, de onde vieram nomes famosos como Bird Clemente e Wilson Fittipaldi, pilotando os Gordini e as Berlinetas Interlagos da equipe Willys. Daqui, além de Barranco, correram pilotos de peso como Bruno Castilho, Adir Moss, Osvaldo Curi (uma das carreteiras mais bonitas já feitas), Johir Parolim:
Cidalgo Chinasso, Orlando Hauer, Conrado Bonn Filho (Dinho), entre outros, além do famoso Angelo Cunha, da cidade paranaense de Laranjeiras do Sul (dono da primeira carreteira a usar aros tipo tala-larga na traseira).
A largada, no final da tarde, foi na avenida Presidente Kennedy, sentido bairro-centro, seguindo depois pela rua Mal. Floriano Peixoto, virando na avenida Presidente Getúlio Vargas, descendo a rua Brigadeiro Franco - na praça do Clube Atlético Paranaense, contornando esta praça e dali em frente por outras ruas até chegar na avenida Presidente Kennedy novamente;
Conta Barranco que, pouco antes da largada, teve um desentendimento com Adir Moss. O caso sofreu a interferência do dirigente de entidade automobilística Anfrísio Siqueira, o qual chamou os dois pilotos e disse-Ihes que só largariam se um apertasse a mão do outro e fizessem as pazes. E assim aconteceu.
Já na terceira volta Barranco liderava a corrida. Na esquina da Kennedy com a Mal. Floriano existiam umas tartarugas no meio da rua. Na primeira volta, Barranco passou por fora; na segunda, passou por dentro; e, na terceira, bateu com as rodas nas tartarugas, tendo que trocar uma delas depois. "Mesmo assim - relata - quando cheguei no final da reta da Mal. Floriano, na terceira volta, olhei para trás e não vi ninguém, nem o Gordini equipado com o motor R-8 francês dos paulistas. "
Mais tarde, Barranco entregou o volante ao piloto José Grocoski, seu companheiro de equipe. Grocoski, por sua vez, também na Mal. Floriano, pegou o meio fio e entortou uma roda da carreteira. O conserto do estrago custou à dupla um atraso de cinco voltas em relação "ao primeiro colocado. Na seqüência, Altair pegou o volante de novo e, ainda na esquina da Mal. Floriano com a Presidente Getúlio Vargas, perdeu uma roda traseira, cujo aro foi cortado por dentro, ficando só o seu miolo. "Várias pessoas correram até meu carro e ergueram-no - conta ele - enquanto eu trocava a roda. Mas, eu só dispunha de roda tamanho menor, que era usada na frente, correndo o risco de quebrar o diferencial. Assim, tive que dirigir a carreteira até o meu box, na Kennedy, a fim de trocar a roda novamente, por uma maior. "
Apesar de todos esses percalços, Barranco conseguiu tocar seu carro até o final da competição e colocá-lo em quarto lugar. A sua carreteira na oportunidade era um Ford cupê 1940 - nº 27, com motor Mercury e equipamento importado, três carburadores, dando-lhe 300 cavalos.
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Grande Rui, mais uma bela história delas que tem "ALMA", valeu e um abraço!!!
ResponderExcluirObrigadão meu amigo Fabiani!
ExcluirIncrivel a potência dos carros na época. E equipamentos de segurança quase igual a zero.
ResponderExcluirConheço o Altair Barranco pessoalmente.
Até pouco tempo atrás, enquanto eu era dono de uma serralheria, eu era cliente assíduo da empresa dele, que é do ramo de ferro e Aço.
Olá Rui. Bons tempos, né? Segue algumas informações para complementar o texto acima, que contêm lindas fotos:
ResponderExcluirEssa prova foi no dia 21/11/1964 (e não em 1963). Talvez ainda seja recorde de público no automobilismo brasileiro (100 mil pessoas!). Foram 508 km (começou às 18:08 horas e terminou às 24 horas). no circuito de 5.180 metros. Largaram 28 carros e terminaram 15. A "carretera" Gordini nº46 da dupla W.Fittipaldi-Bird Clemente venceu com 87,197 km/ de média. Três voltas a menos chegaram em 2º a dupla Pace-Carol Figueiredo com o nº47 e em 3º ficou a carretera Ford pilotada pelos pilotos Bruno Castilho (Nonô)-Afonso Ebers. A melhor volta foi da carretera Chevrolet-Corvette (3'10" 100 km/h) da dupla Osvaldo Cury-José Cury Netto. Segundo a revista AutoEsporte, a classificação final foi:
1º) 46-W.Fittipaldi/Bird Clemente (Gordini) 101 voltas;
2º) 47-J.C.Pace/Carol Figueiredo (Gordini) 98 voltas;
3º) 12-Bruno Castilho (Nonô)/Afonso Ebers (Ford) 97 voltas;
4º) 27-Altair Barranco/Paulo Busso (Ford) 96 voltas;
5º) 9 -Luiz G.Ricciardela/Dietmar Gruboffer (DKW) 95 v;
6º) 77-Osni Pillar/Arno Emilio Luarsen (Simca) 93 v;
7º) 80-Adyr Moss/Antonio Carlos Leal (Interlagos) 92 v;
8º) 37-Romeu Partezan/João Tasso Netto (DKW) 91 v;
9º) 6-Haroldo Lobo/Cláudio Gava (Ford) 91 v;
10º)55-Olidir Olimpio Pereira/Olivir P. Pereira (DKW) 90 v;
11º)14-Miroslau Socachewsky (Ford) 89 v;
12º)69-Orlando Hauer/Cidalgo J. Chinasso (DKW) 88 v;
13º) 8-Augustinho Carboneta/José O. Oliveira (Simca) 86 v;
14º)52-Manoel Rosemann/Key Romano (K-Guia) 78 v;
15º)22-Alberto Farias/Edson Carlo Graczyk (Ford) 70 v.
Vale ressaltar a performance dos carros brasileiros, principalmente Gordini, que "abriu uma perspectiva muito interessante para os produtos cá da terra"....
(AutoEsporte 01/1965).
Essa ótima revista, que infelizmente não é a mesma, tem o traçado do circuito de Curitiba, em detalhes. Se quiser te mando.
Grande abraço Rui e espero revê-lo em breve...
Sergio Sultani.
Obrigado Sergio, pelas informações e o prestigio! Quero as fotos e a reportagem sim, daquela que foi uma bela revista e hoje é um amontoado de baboseiras. Meu e-mail ruiamaraljr@hotmail.com um abraço.
ExcluirAcho q meu tio correu com esse pessoal, seu nome é Gilberto Menezes.
ResponderExcluirAssisti esta prova, morava bem próximo da Av. Kennedy, bons tempos .
ResponderExcluirEu ainda com sete anos e morador na Mal. Floriano em frente ao cine Florida lembro do público lotando as calçadas e protegido apenas por cordas amarradas de poste a poste.
ResponderExcluirEu também estava lá. Fui ver meu pai Loa Vianna correr com uma Sinca tres andorinhas adaptada. Mas o Foguinho, companheiro de dupla, demoliu as quatro rodas nos meios fios, retirando a carreteira da competição.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário. Corridas são assim mesmo.
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