A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

terça-feira, 31 de maio de 2022

Boi preto...

 


Pace e Big John.


 A verdade é que estava em Interlagos para ver outra vitória do Camilo, a corrida no sentido inverso de Interlagos, os boxes ainda eram no Café e eu estava quase em frente deles, mais para Subida dos Boxes, dali via os carros saindo da Um e vindo para a curva, o urro das cerreteras era de arrepiar quando elas viam e depois tiravam o pé, como dizia um amigo “dá para engolir um gato”, e então...chega aquele pequeno VW-Fusca, talvez uns vinte quilômetros mais lento, e entra naquela curva quase de pé embaixo! Ali ele tirava mais de cem metros da diferença para as carreteras, era Pace andando como ele sabia, no fio da navalha, botina embaixo...

Um dia trago para vocês esta corrida.

Não lembro bem dele nos Gordini, mas o Chico e eu sempre conversamos sobre. Formula 3, Formula 2 e vai pilotar para Frank naquele March do ano anterior.

Em 1973 Big John o convida para pilotar um de seus carros, como diria o grande Luiz, o Pereira Bueno, “boi preto conhece boi preto!”.  Equipe pequena, com poucos recursos financeiros, em ano complicado.

Escrevi há muito tempo sobre o motor Cosworth-Ford DFV, apenas não disse que havia motores e motores, equipes de ponta como a Lotus e McLaren tinham dezenas deles, sempre os mais fortes e podiam abrir mão de algum numa volta super rápida para tentar uma pole, e mesmo durante as corridas, mas as equipes médias não.

Stewart, Cevert, Ronnie, Lauda ao lado de Ickx, Reutman, Hulme ou Revson, o Rato escondido, não vejo Pace...


Com o Surtees Pace largava geralmente no meio do pelotão e ou quebrava ou chegava em sétimo ou mais atrás.

Chega Nurburgring, acredito que a decima corrida do campeonato, Pace faz o decimo primeiro tempo do grid, com 7`18”800/1000, onze segundos mais lento que o pole, Stewart com 7`07”800/1000. Chega a corrida e o dia é dele, vai para cima, anda no limite, não quebra e nas quatorze voltas da corrida por três vezes faz a volta mais rápida sendo que a mais rápida de todas 7`11”400/1000 foi sete gundos mais rápida que sua volta de classificação.

Ia esquecendo...Wilson e Emerson chegaram em quinto e sexto. 

Este era José Carlos Pace, que nos deixou no ano que segundo Lauda “seria o dele”, que andava sempre no fio da navalha, um tremendo bota!

Ao seu amigo Chico e ao Ronaldo Nazar que outro dia lembrou desta grande corrida.

 

Rui Amaral Jr          



2 comentários:

  1. Bernie Eclestone afirmou com certeza absoluta: " com o Zé eu seria campeão do mundo com certeza, mesmo tendo o Lauda pilotando para mim "! Quis o destino colocar o Piquet no caminho dele, Bernie, depois!!! Sorte dele e do Piquet!!!

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  2. Que texto emocionante!

    Pace morreu ceso demais. Talvez pudesse ser o primeiro brasileiro a vencer Le Mans. Em 1977, com o carro perfeito, o destino o levou. Uma pena.

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Rui Amaral Jr