A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O PERFUMISTA

Dragoni e Enzo em Monza 1961


Eugenio Dragoni, diretor esportivo da Ferrari na década de sessenta sempre deixou claro que além de chefe de equipe, era bairrista e beneficiava descaradamente os pilotos d'Itália. 


Big Jonh e Scarfiotti
Big John e a 275P 

Em 1963, para as 12 Horas de Sebring, John Surtees estabeleceu parceria com Ludovico Scarfiotti. Eles eram das mesmas dimensões e não teriam maiores problemas para se enfiar no mesmo carro, a Ferrari 275P. Testaram-na em Modena e acharam que estavam prontos, juntamente com o carro. Mas ao chegarem a Sebring, uma surpresa: o "Perfumista" Dragoni entregara seu carro à equipe NART de Luigi Chinetti, o braço yanquee da Ferrari. E aqui um parêntese. A família de Dragoni fizera fortuna com uma fábrica de cosméticos no norte da Itália. Eugenio, um velho amigo de Enzo, passara antes pela Scuderia Sant' Ambroeus e de lá trouxera um moço chamado Lorenzo Bandini. Devido à sua estável condição financeira, oferecera-se para trabalhar na Ferrari...de graça. Quando ouviu isso, os olhos do Velho devem ter brilhado atrás daquelas lentes escuras. 

Pedro Rodriguez 
Graham Hill
Pedro

Perplexos com a decisão do chefe, Surtees/Scarfiotti teriam de pilotar  uma outra Ferrari, na qual puseram os olhos pela primeira vez quando chegaram à pista. A tentação de mandar tudo às favas da parte de Surtees foi grande, mas após conversar com Lulu Scarfiotti, eles decidiram preparar o carro da melhor forma possível e tentar. Foi uma  ótima decisão, pois venceram, apesar dos gases do escape invadirem o cockpit, porque a vedação da tampa do motor não foi realizada como o combinado. No pódio, Surtees e Scarfiotti mal puderam ficar muito tempo junto à rainha da beleza que foi saudá-los. Saíram de fininho para vomitar...Mas o Perfumista não se deu por vencido:protestou o carro de sua própria equipe, alegando que o carro da NART (P.Rodriguez/G.Hill) percorrera mais voltas. 

Big John à frente de Hill

Porém os mapas da corrida - dos organizadores - e o de Pat, a esposa do Big John confirmaram o resultado e Dragoni teve de engolir. Essa foi apenas a primeira vez que Big John estranhou-se com seu chefe. A rusga culminou em 1966, quando aborrecido por ter sido barrado nas 24 Horas de Le Mans, Surtees foi embora. 

Dragoni em Spa 1964 

Intrigas e fofocas dignas de novela, mas corriqueiras num time que de uma só vez, demitiu oito de seus executivos em 1961.



CARANGUEJO  
                                                 
Para Yasmin/Ysabeli.

3 comentários:

  1. Eu tive a sorte de sempre torcer contra a Ferrari, pois comecei a curtir corridas em 1969 e os brasileiros não andavam de Ferrari.

    Nos primeiros anos 1970, a Ferrari era um vexame, além de ter um piloto de rara antipatia, o Icks.

    Nos protótipos, confesso, tocavam meu coração, tantos as 512 (me apaixonei pela do Gian Piero Momo Moretti, na Copa Brasil), quanto as 312 que o Pace pilotou.

    Mas a Ferrari manipulava resultados e a política, no pior sentido, conseguiu acabar com Pironi e Villeneuve numa só temporada e quando, afinal, teve brasileiros (Barrichelo e Massa), tirou deles as chances de resultados honestos (um campeonato...).

    Essas brigas com John Surtees, bem contadas neste 'post', são um aperitivo para o que viria nas décadas seguintes.

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    1. Aguarde Walter, o Caranguejo prepara um texto sobre o Tavoni, tenho até medo de ler!rsrsrsrssrss

      Um abraço

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Rui Amaral Jr