Volto ao assunto do Porsche 550 RS Spyder depois de alguns papos com amigos mais velhos que o conheceram de perto e parte de sua história. Volto sem empáfia ou soberba pois queiram ou não sou uma modestíssima parte desta história e afinal os “dotes” acima não fazem parte de meu ser já que desde que me propus a escrever tomo cada um de vocês como amigos e escrevo apenas para dividir o pouco que sei.
Hans Stuck Von Villiez foi um piloto famoso que pilotou para grandes marcas na Europa e por volta de 1954/55 aportou em terras brasileiras onde já havia corrido e obviamente como uma locomotiva da sociedade havia deixado amigos.
Stuck trouxe ao Brasil em sua longa estada alguns grandes carros e entre eles um Porsche 550 que utilizou na Alemanha em provas de subida da montanha(adiante dou uma dica deste fato).
Não tenho a mínima idéia do que fez com o Porsche aqui, sei apenas que por volta de 1956/57 este carro aparece nas mãos de grandes pilotos brasileiros alguns como Chico Landi adversário dele na Europa e aqui.
Largada em Interlagos o própio Hans von Stuck com o que trouxe ao Brasil...
derrepente aparece o 550RS Spyder para derrotar nas mãos de Christian alguns bichos papões de nossas pistas!
"Prova Prefeito Ademar de Barros" realizada em 30/11/1958.
Os participantes são:
82 - José Gimenez Lopes - Ferrari 250 TR (4ºlugar)
36 - Jean Louis Lacerda - Ferrari 750 Monza (2ºlugar)
46 - Celso Lara Barberis - Ferrari 250 TR (5º/Abandonou)
12 - Álvaro Varanda - Ferrari 250S (3ºlugar)
Na segunda fila
9 - Christian Heins - Porsche 550RS (1ºlugar)
Bandeirada para Christian.
Chico Landi e o 550
Depoimento de Fernando Chaves "Rui, o Porsche 550 Spyder foi trazido pelo alemão Hans von Stuck, primeiro para o Circuito da Gávea e, depois para a corrida comemorativa do IV Centenário de São Paulo, ambas as provas realizadas em janeiro de 1954, conforme descreve o Bird Clemente em seu livro Entre Ases e Reis (pag.23). Bird ainda nos informa que esse carro foi adquirido pelo Ricardo Fasanello e que após um acidente de rua foi vendido ao Christian Heins. Ainda, de acordo com o Bird o carro foi enviando para Alemanha e voltou com um novo motor de quatro comandos. O Ciro Caires correu com esse carro em parceria com Christian nos Mil Km de Buenos Aires em 1957. Quando o Bino foi para Europa ele vendeu o carro para o Fritz D’Orey, conforme ele mesmo conta em entrevista para o Lito Cavalcanti. O Fritz fez cinco corridas com esse Porsche, quatro em Interlagos e uma no Rio no Circuito da Boa Vista. Em 1959 ele também vai para a Europa e o carro fica com o José Gimenes Lopes da Escuderia Tubularte. Nesse mesmo ano o Celso Lara Barberis corre com Porsche em Poços de Caldas MG e em 1960 em Piracicaba. Chico Landi também participou de três provas com esse carro. Em 1961 o seu irmão Paulo Amaral comprou o carro do Gimenes e correu com ele os 500 km de Interlagos, como está amplamente relatado em seu Blog. Esse carro voltou a pertencer ao Chico Landi e posteriormente ao Marivaldo que vendeu o chassi para os irmãos Fittipaldi que a partir dele construíram o Fitti-Porsche. Espero ter contribuído um pouquinho, com a história desse “lendário” carro que andou por nossas terras. Um grande abraço."
Sei que “seu” Chico venceu com este carro uma prova de subida da montanha na Serra Velha de Santos e me parece que depois o carro foi vendido à Christian Heins...até então o Porsche era um 550 provavelmente 1952/53 com motor derivado do VW, Christian leva o carro para Porsche na Alemanha e o 550 volta um 550 RS 1500 Spyder totalmente diferente de carroceria e com o motor 1.500cc de duplo comando que tanto sucesso fez na América e Europa.
O que ouvi e o pouco que me lembro o 550 RS 1500 Spyder foi pilotado no Brasil e venceu com grandes pilotos como “seu” Chico, Christian Heins, Ciro Cayres, Celso Lara Barberis, José Gimenez Lopez e acredito que até Jean Loius Lacerda Soares.
José Gimenez Lopes e Jean Louis Lacerda Soares no Porsche que venderia ao meu irmão Paulo
A carreta que transporta o Porsche era de Celso Lara Barberis
Os 500 KM de Interlagos 1961
Abaixo em Amaral em Revista
Talvez a primeira volta da corrida, Paulo largou...
Revista Quatro Rodas
1961 meu irmão Paulo e seus amigos Luciano Mioso e Victor Simonsen (Victor era então namorado de minha irmã Cida) compram o carro de Gimenez Lopez para correrem os 500 KM de Interlagos daquele ano, por problemas outros Victor não correu e Luciano e Paulo levaram o carro ao 5º lugar e primeiro da categoria até 2.500cc. Nunca mais correram com este carro ou outro, não eram pilotos e sim entusiastas e o 550 RS Spyder ficou na garagem de nossa casa por um longo tempo e junto com meus amigos sentávamos ao volante fingindo pilotar em Interlagos, Le Mans, Spa até chegar um adulto e sermos expulsos dele!
Já escrevi sobre, foi o primeiro carro de corridas em que andei, tinha então 8 anos e meu irmão me levou à algumas voltas pelo Anel Externo de Interlagos...desde a primeira vez que entrei em um Box o cheiro da gasolina, óleo, pneus entrou pelas minhas narinas e se alojou em meu ser, o vento que bateu em meu rosto naquelas poucas voltas ainda hoje agita meus cabelos e essa paixão perdura até hoje...fez parte de cada vez que entrei em uma oficina, nas horas e horas em que passei vendo meus mecânicos mexendo em meus carros, nas inúmeras horas em que numa pista lutava para acertar um chassi ou motor e nas inúmeras largadas e bandeiradas...e ainda hoje agita meus cabelos cada vez que piso em uma pista!
Pois bem, aquele carro prateado com os bancos vermelhos escuro ficou em minha casa por um bom tempo depois dos 500 KM, os troféus no quarto de meu irmão, o capacete com aquela viseira eu afanava de vez em quando para descer feito louco aquelas belas ladeiras do Pacaembu em meu super carrinho de rolimã.
Da corrida meu irmão falecido no ano que passou já contou aqui alguma coisa, algumas coisas que ficaram para trás lembro agora, como no dia em que ele me contou que ao se preparar para largada chega Christian Heins e diz à ele que com aquela garoa venceria facilmente a corrida. Outra coisa que me chamou atenção foi o Paulo contar que o cambio apesar de ser o tradicional 4 marchas e H possuía uma marcha que ele chamava “primina”, situada ao lado da primeira precisava que a alavanca de cambio fosse levantada para engatar e eles nunca usaram essa marcha pois era muito curta!
Depois do tempo em que ficou em nossa garagem o carro foi vendido ou trocado por um dos carros de rua de meu irmão, ele nunca lembrou para quem foi...
Não pesquisei o suficiente para saber quem mais pilotou o carro depois dos 500 KM de 1961...
...quase ao final do ano de 1967 aparece a noticia que os irmãos Fittipaldi estavam fazendo um protótipo com motor Porsche e este protótipo nada mais era que o Porsche 550RS com um motor Porsche 2 litros que equipava um dos KG-Porsche da Dacon. Pelo que me contaram do carro usaram o chassi, suspensões, freios e cambio, fazendo uma bela carroceria usando rodas bem mais largas, carro rapidíssimo e que com a ida dos irmãos para Europa foi vendido ao piloto brasiliense Antonio Martins e pouco se sabe sobre o seu paradeiro atual.
Cerca de seis meses atrás fiquei sabendo pelo então dono do motor original que havia vendido um pouco antes.
Final do ano passado, após a morte de meu irmão minha sobrinha Viviane Amaral me entrega um dos troféus que ele recebeu nos 500 KM, lembro que eram dois, este pela vitória na categoria e outro pela colocação na geral que cada um dos pilotos recebeu. Hoje ele repousa muito bem guardado em minha casa.
É um pouco do que sei e me foi transmitido por meu irmão e alguns amigos..
Rui Amaral Jr
A réplica de meu amigo Juan!
Porsche 550-1500 RS Spyder “Carrera Panamericana”1954-1955
Motor: refrigerado a ar quatro cilindros flat
Válvulas: duas por cilindro acionadas por dois comandos por cabeçote.
Cilindrada: 1,498 ccm
Diâmetro e curso: 85 x 66 mm
Potencia máxima: 117 bhp (86 kW) at 7,800 rpm
Torque: 129 Nm (95 ftlb.) à 5,300 rpm
Alimentação: dois carburadores Solex 40 PJJ duplos
Transmissão: cambio 4 marchas + ré, diferencial autoblocante ZF
Freios: Hidráulicos à tambor
Velocidade máxima: 220 km/h (137 mph)
Peso: 550 kg
Pneus; dianteiros 5.00-16 traseiros 5.50-16
Entre eixos: 2100 mm
Comprimento:3.600mm
Largura:1.550mm
Altura:1.015mm
Meu muito obrigado ao grande Bird, Milton Bonani e Fernando pelas fotos e pelo carinho!
Grandes informações sobre essas Porsche 550 carros Rui. Atualmente, estou pesquisando-los e precisa de alguma informação - o original 550 que ficou trouxe para o Brasil foi de 550-05. Ele vendeu a Ricardo Fasanello que a vendeu para Christian Heins que correu-lo de dezembro 1955 a junho de 1957. Chico Landi também correu em Dezembro de 1957. Heins então comprou um mais novo spyder 550A-0143.
ResponderExcluirVocê tem mais alguma informação dos proprietários, controladores, os resultados da corrida ou fotos de 550-05?
muito obrigado
Andrew da Austrália
Andrew, o carro de Heins foi comprado por meu irmão e Luciano Mioso em 1961, ele não lembrava para quem vendeu, sei que depois os irmãos Fittipaldi o transformaram no Fitti-Porsche usando o chassi e me parece o cambio, depois o carro foi para Brasília e sumiu. Na foto em que cito Ciro é o próprio Hans Stuck que o pilota, qualquer informação adicional envio à vc.
ExcluirAbs
Sempre teve gato nessa tuba. O carro que o Von Stuck trouxe não é o mesmo que o que depois correu, a carroceria é diferente como dá para ver na foto. O farol é vertical. O que se conta é que o carro não era realmente do Stuck, a Porsche o emprestou para ele correr e vender o carro aqui.
ResponderExcluirSempre existiram boatos de que o carro foi enviado para reforma na Alemanha e voltou outro. Pelas fotos dá para ver que deve ser verdade. Documentalmente, devem ter sido sempre o mesmo carro, chassis 05, o 143 aqui não deve ter existido.
De qualquer forma lembro do carro jogado na oficina do seu Chico Landi na oficina da Rua Afonso Brás, mas era um escombro, a carroceria já estava corroída. O Marivaldo o comprou de depois o repassou para os Fittipaldis fazerem o Fitti-Porsche. Posteriormente, o Fitti-Porsche passou para a Escola de Pilotagem Bardhal, mas equipado com motor VW. Foi vendido para o Sergio Magalhães que fez algumas corridas e o vendeu para alguém de Bauru que acabou vendendo para Goiânia. O carro foi visto em Belo Horizonte preparado para corridas de arrancada e no final sumiu. Deve ter virado panela.
Eu não acho 550-05 veio para o Brasil até que eu vi essa foto com raça # 1. 550-05 e 550-07 ambos tiveram looks idênticos e 550-07 foi corrido por Annie Bousquet na França.
ResponderExcluirVocê pode por favor me diga qual raça Interlagos a foto é de?
- 11 dezembro de 1955
- 29 de setembro de 1956
- 07 de abril de 1957
- 23 de junho de 1957
graças Andrew
Eu tenho uma foto do 550 com a mesma placa de licença quando possuído por Fasanello - como posso postá-lo aqui?
ResponderExcluirAndrew, por favor envie p/ meu e-mail ruiamaraljr@hotmail.com caso seja possível no idioma francês ou italiano.
ExcluirEmail sent - many thanks for your help
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