quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Tempos...

 


 Postando tempos atrás o texto de meu amigo Ronaldo Nazar sobre os 500 Km de Interlagos de 1966 fiquei encafifado com os tempos de voltas. Liguei para perguntar a ele se estavam corretos, pensava que os Mark I e os KG-Porsche virassem abaixo dos 1`15”200/1000, à média de 154 km/h que foi a melhor volta da corrida feita pelo vencedor, o grande Luiz Pereira Bueno com o Mark I. Interessante que como disse o Ronaldão a pista estava recapada recentemente e apresentava boas condições, e os tempos corretos.

A largada de 1966.
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Por volta do 1983/84 conversava com meu irmão Paulo, que me mostrava um recorte de jornal de seu primeiro treino pelo Anel Externo de Interlagos com o Porsche 550 RS Spyder em 1961, quando ele e seu parceiro Luciano viraram 1`20” a média de 144 km/h e brincando lhe disse que se assim fosse eu que havia feito uma corrida pelo externo o ano anterior com meu VW D3, quando virei a melhor volta da corrida com 1`3” 990/1000 à média de 180 km/h, à cada quatro voltas e pouco colocaria uma sobre ele. Depois ele me contou que na classificação havia virado 1`14” a média de 156 km/h, mas mesmo assim a cada seis voltas uma colocaria nele.

Brincadeiras à parte podemos ver nestas antigas corridas pelo belo e hoje violentado autódromo a evolução dos carros.

Não sou e nem pretendo ser um historiador, apenas conto histórias sem me aprofundar muito em pesquisas, então vamos lá.

Paulo Amaral



500 Km de 1961

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 Nos 500 Km de 1961 a pole foi do grande Ciro Cayres com uma Maserati-Corvette com o tempo de 1`10”300/1000 à média de 164.23 km/h. Na corrida e melhor volta 1`13”800/1000 à média de 156.44 km/h, garoava, foi de Ruggero Peruzzo que venceu conduzindo a Maserati 300S com Celso Lara Barberis e Emilio Zambelo.

Luiz e Joest...MMestre Luiz deu um show mesmo contra carros mais potentes como era o caso do 908/3.

Onze anos depois, e por iniciativa do genial Antonio Carlos Avallone, nos 500 Km de 1972 correram uma miríade de carros e pilotos que venciam corridas mundo afora. Herbert Muller, que do alto de seus metro e cinquenta e poucos tocava muito, com a Ferrari 512M, Reinold Joest com o Porsche 908/3, a esperança argentina o Berta RL com Angel Manguzzi, o grande Luiz Pereira Bueno com o Porsche 908/2, Marivaldo Fernandes com Alfa T33/3 e muito mais. Alfas T33/3, McLaren, Porsches de vários modelos, Lolas, Fiat Abarth como a da grande Lela Lombardi, Ford GT40 e o protótipo Avallone derivado da Lola, um deles com motor Ford pilotado por Nilson Clemente e o próprio Avallone com outro com motor Chevrolet.  

A pole foi de Reinold Joest que com o 908/3 virou 52` 404/1000 à média de 220.31 km/h. Na corrida Muller e a 512M fizeram a melhor volta com 53”020/1000 à média de 217.75 km/h.

Comparando as quatro corridas, sendo que em 1982 quando corri o autódromo estava muito melhor e mais rápido, mesmo que nos 500 Km de 1972;

Certamente Ciro e Celso com as Maserati com motores de mais de 300 hps, e em 82 com pneus mesmo sem serem slicks muito melhore que os de vinte anos antes, seriam bem mais rápidos que eu num VW com 150 e poucos hps, apesar dos slicks, o 550 não sei, talvez virassem o mesmo que eu.

Na corrida de 1966 os tempos me decepcionaram um pouco, acredito que o KG-Porsche de Marivaldo não estava então com o motor Porsche de dois litros com cerca de 200 hps e o Mark I segundo conversas com amigos tinha cerca de 135/140 hps. Dezesseis anos depois e com a evolução da pista e dos pneus não creio que chegassem a virar 1`4”.


Aqui cabe uma explicação, os pneus silicks são muito mais rápidos que os radiais em tempo de pista, mas a velocidades, até pelo menor atrito da banda de rodagem menor, são maiores em linha reta.

Já comparando com 1972 e aquele espetáculo inesquecível, eu teria tomado de Luiz, Joest, Muller e outros, uma volta à cada cinco, talvez mais já que de 1972 no começo dos slicks até 1982 os pneus evoluíram uma barbaridade, assim com a pista melhorou.

Apenas por curiosidade, meu tempo de 1`3” alto me deixaria em 20º no grid, logo à frente do Porsche 910 de Clovis Ferreira.

E como sonhador fico aqui imaginando...Não tivessem violentado nosso autódromo quanto viraria hoje um Formula Um ou Indy? Numa média de cerca de 310 km/h que acredito ser possível, estariam virando em mais ou menos 37` 200/1000, imaginem o quão seria maravilhoso assistir uma corrida destas!

 

Rui Amaral Jr   


PS: Deixei de lado uma consideração importante sobre o traçado, da saída da curva Quatro, a que entra para o circuito completo, até o lugar dos antigos boxes, onde hoje chamam de Café, a subida é acentuada, prejudicando muito os carros de menor potência.


3 comentários:

  1. Gostei da transmissão de pensamento: tenho pesquisado sobre os tempos de volta, no anel externo do verdadeiro Interlagos e vem o Histórias com essa análise genial.

    Eu não lembrava desse 500Km de 1982, vou fuçar a respeito.

    Seria interessante um pinico atômico entre os protótipos.

    Mas a verdade é que os 500Km de 1972 podem ter sido a melhor corrida de protótipos da história, com um plantel rico e variado. Acho que ganha das Mil Milhas de 2007, onde havia mais GTs do que protótipos. E ganha da Copa Brasil, em quantidade e diversidade.


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    1. Caro Walter, o 500 Km de 72 foi uma loucura, veja a lista dos inscritos, fico me perguntando onde se perdeu esse automobilismo maravilhoso.

      Abração

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  2. Peço licença ao Rui para mais uns pitacos:

    Sobre os 500 km de Interlagos de 1972, tem um belo 'post' aqui no Histórias: https://ruiamaraljr.blogspot.com/2012/04/500-km-de-interlagos-1972.html . Nesse 'post' tem um video com imagens geniais em que (não tenho certeza) esteja o único registro da batida do Rolando (Ricardo?) Nardi (Berta) na Curva 1.

    Sobre o tempo de volta, não consigo encontrar nenhuma informação do tempo do grande Luiz Pereira Bueno, no March 711, naquela sacada de marketing da equipe Hollywood, em 1972: qual teria sido o tempo?

    Por falar em L.P.B., parece que esse Berta LR3 que largou na primeira fila é o que virou Berta Hollywood: será?

    Ainda quanto aos tempos de volta, o Nilson Clemente mandou bem, colocando um Avallone no meio do grid, bem posicionado, entre protótipos europeus.

    Para os mais novos, esses 500 km foram como se hoje estivessem em Interlagos as Oreca, Rebellion, Ligier, junto com protótipos Tubarão.

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Rui Amaral Jr