domingo, 17 de outubro de 2021

Mestre Luiz...

 


 

“Peço licença ao Rui para mais uns pitacos:

 

Sobre os 500 km de Interlagos de 1972, tem um belo 'post' aqui no Histórias: https://ruiamaraljr.blogspot.com/2012/04/500-km-de-interlagos-1972.html . Nesse 'post' tem um vídeo com imagens geniais em que (não tenho certeza) esteja o único registro da batida do Rolando (Ricardo?) Nardi (Berta) na Curva 1.

 

Sobre o tempo de volta, não consigo encontrar nenhuma informação do tempo do grande Luiz Pereira Bueno, no March 711, naquela sacada de marketing da equipe Hollywood, em 1972: qual teria sido o tempo?

 

Por falar em L.P.B., parece que esse Berta LR3 que largou na primeira fila é o que virou Berta Hollywood: será?

 

Ainda quanto aos tempos de volta, o Nilson Clemente mandou bem, colocando um Avallone no meio do grid, bem posicionado, entre protótipos europeus.

 

Para os mais novos, esses 500 km foram como se hoje estivessem em Interlagos as Oreca, Rebellion, Ligier, junto com protótipos Tubarão.

Walter”

Mea culpa...

 

Walter, meu caro amigo, bem que eu disse no post que nunca fui um historiador!

Escrevi lembrando da marca estabelecida pelo Luiz com o March 711, sei que escrevi aqui mesmo alguma coisa, mas não procurei, sinto muito.

Depois de ler seu comentário vim para o computador e eis que aqui ao meu lado, na estante me olhando, estava o livro “Paixão e Técnica ao Volante” de Luiz Pereira Bueno, que ganhei de meu amigo Ronaldo Nazar. Confesso que comecei a ler o livro anos atrás, mas me veio à lembrança tantas coisas e triste deixei de lado, nunca conclui, hoje o farei.

“Cavalo dado não se olha os dentes”

Ouvi a história deste Record do próprio Luiz e das agruras que sofreu para pilotar o March alugado, apenas não lembrava o tempo de volta, então nada citei no post anterior, até porque minha ideia era fazer uma analogia com o que veio à minha mente.

A ideia da promoção do Record foi de Antonio Carlos Scavonne, alguém que muito fez por nosso automobilismo e pouco é lembrado. Scavonne pereceu no trágico acidente de Orly, e o automobilismo brasileiro perdeu o seu grande incentivador.

Agruras: Tal qual a cavalo dado carro alugado o que se tem é aquilo que vem, Chico sofreu o mesmo na Formula 2 e eu quando fiz algumas corridas de Estreantes & Novatos.

A March, do senhor Mosley, entregou a Luiz para aquela corrida que homologaria Interlagos para Formula 1 um carro que ele não pode acertar, coisa que ele fazia com maestria, e além de tudo com o motor Cosworth DFV com o limite de giros cerca de 1.000 rpm a menos que esses motores permitiam.      

https://ruiamaraljr.blogspot.com/2010/03/ford-cosworth-1967.html

Enquanto nos outros motores da equipe o limite era de 11.500 rpm o seu era de 10.500, lendo meu post sobre o Cosworth DFV escrito mais de dez anos atrás, e conversando com o Chico, calculo que o motor do Record tivesse cerca de 420 hps.

Luiz virou com o March 711 o tempo de 52`014/1000 à média de 221.963 kmh. Ligeiramente mais rápida que os 52.404/1000 de Joest na pole dos 500 Km de 1972, mas muito aquém do que um Formula Um acertado e pilotado por ele conseguiria.

Então pesquisei; Tomando como base Monza 1971 e a Formula Um e os Esporte Protótipo, uma pista de alta, na época muito parecida com o anel Externo de Interlagos.

Na Formula Um, Ronnie Peterson com o March 711 largou na sexta posição com o tempo de 1`23”460/1000, com a pole de Chris Amon de 1`22”400/1000 com a Matra MS 120B. A melhor volta na corrida foi de Henri Pescarolo com a March 711, 1`23”800/1000.

Nos Esporte Protótipos a classificação foi com chuva, a pole de Vic Elford/Gerard Larrousse Porsche 917K 1`32”930/1000 sendo que Herbert Muller com a mesma Ferrari 512M foi decimo e o primeiro Porsche 908/2 de Ernesto Brambilla/Eicky/Mattli foi vigésimo. Na corrida, no seco, a melhor volta foi de Pedro Rodriguez 1`24” à média de 246.429 kmh.

Quanto ao Record acredito que Luiz com 711 acertado e um motor de ponta girasse cerca de um segundo ou segundo e meio mais rápido. E nos 500 Km ele foi soberbo, levando o 908/2 a brigar com gente bem mais forte! Aqui algo que ficou no tempo e em minha memória, e outro dia o Chico Lameirão comentou comigo, Reinold Joest impressionado com a corrida do Luiz convidou-o para fazer parte de sua equipe na Europa, convite declinado pois aqui no Brasil sua Equipe Hollywood ia de vento em popa...

Sobre o Berta LR não tenho informações, mas certamente o Mago de Alta Gracia fez o Berta-Hollywood desenvolvendo este carro, que aqui corria na Divisão 4, com motor V8 302 da Ford o mesmo do Maverick-Berta. Nos 500 Km o LR correu com o motor seis cilindros em linha com 3.800cc, motor desenvolvido por Berta, igual ao nosso Chevrolet Opala, era uma joia que desenvolvia cerca de 380 hps.

O vídeo é de meu amigo Luis Guimarães.

Fico devendo os 500 Km que o Chico e o Lian correram com o Porsche.

 

À memória de Luiz e Scavonne.

Aos amigos Chico e Walter.  


https://youtu.be/odHCjamc92Q

vídeo sobre a corrida e o recorde do Luiz.

Agradeço ao meu amigo Fabio Farias

 

Rui Amaral Jr       

2 comentários:

  1. Muito obrigado, Rui!

    Dos tempos do Paulo Amaral, até a análise comparativa dos tempos do Luis Pereiria Bueno, foi uma incrível viagem pelo anel externo do autódromo de Interlagos.

    Com um carro de verdade, ele teria baixado dos 50 segundos.

    E hoje poderiamos ter um lindo circuito oval.

    A destruição do autódromo original é uma tragédia para o automobilismo: curvas de fama mundial, como Um/Dois, a Ferradura, cairiam muito bem em qualquer calendário internacional.

    Não é demais repetir: muito obrigado!

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    Respostas
    1. Muito obrigado a vc Walter, volto a escrever baseado no livro as agruras do Luiz e o March, depois com o Surtees.

      Um abraço

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Rui Amaral Jr