Giulio Ramponi
GIULIO
RAMPONI- nasceu em Milão, em 8 de janeiro de 1902. Seu pai morreu quando ele
ainda era um menino. Sempre demonstrou aptidão para a mecânica e enquanto
trabalhava para uma empresa que fabricava bombas de combustível (Pelizzola),
atraiu a atenção de Giuseppe Campari, que era amigo de seu padrasto e precisava
de um mecânico-acompanhante que o ajudasse na Subida de Montanha Parma-Poggio
di Berceto. Assim, Giulio juntou-se à Alfa-Romeo, como aprendiz. Certa vez,
durante uma prova, Campari pilotava um grande Alfa pré-guerra, quando o capô
soltou-se. E Giulio viu-se tendo de segurar a peça, enquanto seu piloto
continuava na prova. Ao receberem a bandeirada, Ramponi pulou do carro antes
que Campari parasse e o resultado foi um tombo de cara no chão, na frente de
todos. Mas para surpresa de Giulio, ele foi erguido e parabenizado pelo grande
piloto Felice Nazzaro. Na Alfa, integrou a seção de testes de motores, enquanto
recebia os rudimentos sobre como dirigir de Attilio Marinoni. Ao mesmo tempo,
passou a trabalhar no departamento experimental, que era dirigido por Luigi
Bazzi. Em 1923, o lendário projetista Vittorio Jano veio para a Alfa-Romeo e
então Ramponi envolveu-se no vitorioso projeto da P2 Grand Prix de Jano. Sua
experiência havia crescido enormemente, graças a seu trabalho junto a Campari,
Antonio Ascari e Enzo Ferrari. Em 1924, Ascari e Ramponi pilotavam um RLTF na
Targa Florio e eram os líderes, quando o motor falhou. Apesar dos esforços de
ambos, foram ultrapassados pela Mercedes de Werner e a saída foi empurrar o
RLTF “no muque”. Ganharam a ajuda de
alguns soldados e torcedores e receberam a bandeirada na segunda colocação. Mas
foram desclassificados, pois a direção de prova só dera permissão para os
condutores empurrarem...
Ramponi acompanha a Baroneza Maria Avanzo na Brescia 1931.
Ramponi ao lado da Alfa Romeo 20/30
Sua próxima
aventura foi no GP de Lyon, a bordo da Alfa P2. Ascari vencera o Circuito de
Cremona, mas tivera a companhia de Luigi Bazzi. Na França, Ramponi estava de
volta e outra vez, ocupavam a liderança quando a P2 teve problemas. Todas as
tentativas de religar o motor fracassaram e Ascari-Ramponi tiveram de assistir
Giuseppe Campari em outra Alfa P2, vencer uma corrida que já estava em suas
mãos. Em 1925 foram alteradas as regras e os pilotos não podiam mais levar
acompanhantes. Giulio deve ter se sentido frustrado, mas a mudança salvou sua
vida. Durante o GP de Montlhery, ele estava no comando da preparação do carro
de seu amigo Ascari, a salvo nos boxes, quando ocorreu o desastre que ceifou a
vida do piloto italiano.
Ramponi e Antonio Ascari, GP da Bélgica 1925.
Ramponi segura Alberto "Ciccio" Ascari enquanto seu pai Antonio recebe os aplausos ao lado de Nicola Romeo após a vitória no GP da Itália 1924.
E aqui um
parêntese. Para Giulio Ramponi, nada mais errado dizer que Antonio Ascari foi
surpreendido pela pista molhada aquele dia na França. Durante os treinos,
Campari fora ligeiramente mais rápido que Ascari. Naquele tempo, a equipe era
quem decidia quem ficaria sendo o “pole man”. Decidiam por voto. A equipe sempre
privilegiava o piloto mais jovem e rápido e isso significava dizer que a
primeira posição era do talentoso Antonio, o primeiro piloto da Alfa-Romeo. Mas
um dos diretores da Alfa, de nome Rimini, que raramente aparecia nas pistas e
não entendia nada de corridas, protestou que Campari deveria ser o
pole-position, baseado em seu tempo de volta. Isso enfureceu Ascari, pois
sempre houvera inveja e atrito entre ele e “El Negher”. Assim mordido, Antonio
imprimiu um ritmo forte desde o início da prova e não abrandou a tocada, mesmo
diante dos sinais
insistentes que lhe fazia Ramponi. Outra evidência de que a chuva nada tinha a
ver com o desastre é que ela nem havia começado no momento da capotagem. O
jovem Giulio, de 24 anos, ficou arrasado com a morte de Ascari, a quem
idolatrava e considerava “um novo Nuvolari”, que pilotava tão suave e rápido.
Continuando a trabalhar no departamento de competições, Ramponi foi designado
para ser o piloto de testes da nova Alfa 6C 1500. Sob às ordens de Jano, ele
participou de uma Subida de Montanha, Cuneo-Maddalena em agosto de 1927. Com
instruções de concluir a prova, foi o terceiro colocado.
Giuseppe "El Negher" Campari
Em 1928,
voltou a atuar como mecânico de Campari, em uma nova versão da Alfa 6C 1500, a
Sport Spider Zagato. Eles venceram a prova, batendo uma forte oposição de
Lancias e OMs. No ano seguinte voltaram a vencer, agora com uma Alfa 6C 1750,
chegando à frente de um OM por oito minutos. Em tempo, a prova durara 18 horas.
Quanto à carreira do piloto Giulio Ramponi, ela começou a render frutos em
1928, na Inglaterra. O Essex Motor Club promoveu uma corrida de seis horas em
Brooklands, que se tornou a grande vitória de Giulio atrás do volante. No ano
seguinte, outra vez na Inglaterra, participou de um evento dividido em doze
horas. Participou com o Alfa 1500 Super Sport e venceu outra vez. Desgostoso
com o governo fascista que se instalava na “Bota”, Giulio sonhava com a
Inglaterra e uma oportunidade de trabalhar lá. Esta concretizou-se quando o
norte-americano Whitney Straight foi à Itália adquirir dois Maseratis. Ele
conheceu Ramponi e o convidou para trabalhar para ele como engenheiro-chefe da
nova equipe. Outro integrante da trupe era o mecânico Billy Rockell, que já
trabalhara para a Bentley (e que mais tarde viria a ser um grande parceiro de
Giulio). Embora a Equipe Straight tenha desfrutado de algum sucesso, Whitney
encerrou suas atividades em 1934. Mas já então, Ramponi e Rockell haviam criado
uma oficina em Lancaster Mews, perto do Hyde Park em Londres. Giulio conhecera
algum tempo atrás, um jovem piloto inglês, um certo Richard Seaman para quem
preparara um MG. Um dia, Dick Seaman perguntou se Ramponi cuidaria de seu ERA
para a temporada de 1935.
Dick Seamen, Ramponi e o Delage.
O sucesso viria quando Seaman passou a correr com o
seu famoso Delage preto, cuja reformulação ficara a cargo de Giulio. Graças a
esses resultados, Seaman chamou a atenção da Mercedes-Benz, quando então sua
carreira deslanchou. Quando o piloto inglês morreu em Spa, 1939, Ramponi outra
vez sentiu-se abalado, pois considerava Dick como um filho e sempre acreditara
em seu talento. Durante a II Guerra Mundial, o anti-fascista Giulio foi
aprisionado como estrangeiro indesejável em um campo de concentração na Ilha de
Man, só conseguindo sua liberdade em 1944. Continuou então seu negócio com
Billy Rockell, trabalhando com importação e manutenção de Alfas para a Ilha.
Ramponi visitara a África do Sul com Whitney Straight antes da guerra e para lá
ele se retirou, em 1973. Faleceu em dezembro de 1986.
CARANGUEJO
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Vou confessar à vocês, hoje ao ler o texto de meu amigo e parceiro na condução deste blog Caranguejo, fiquei emocionado. Minha grande vantagem sobre vocês é que leio antes, fico sabendo muito antes o que ele vai escrever e às vezes trocamos ideias, um privilégio!
São tantas as lembranças de grandes nomes do automobilismo que venero desde garoto e as lembranças de tantos grandes mecânicos que tive o privilégio de ter ao meu lado.
Então me intrometendo no post do Caranguejo e certamente com a anuência dele dedico este post aos meus amigos Chapa, Carlão, Crispim, Antonio e Herculano Ferreirinha, Edimar Della Barba, à memoria do grande Brizzi e tantos outros que nos levaram epopeias inesquecíveis e à grandes momentos que nunca esqueceremos.
Rui Amaral Jr
Eles merecem muito mesmo por nos aturarem tanto ....... kkkkkk
ResponderExcluirrsrsrsrrs...abração Marco!
ExcluirParabéns pelo belos post,Rui!!!!
ResponderExcluirObrigado FElipe, um abração!!!
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