TRÍPLICE COROA
Chico Lameirão
Claudio Muller
Já dizia o grande Marcus Zamponi, corrida sem bochicho é um lixo. Principalmente quando reúne tradicionais rivais como paulistas e gaúchos...Assim estavam as coisas para a disputa da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Ford de 1971, duas semanas depois de um entrevero dos mais animados na pista de Tarumã, prova essa válida pelo certame gaúcho. Francisco Dias Lameirão havia levado a melhor e agora, iria encarar a brigada rio-grandense, compreensivelmente “mordida” depois da prova anterior. Com o formato de três baterias – as duas iniciais classificatórias e a terceira decisiva – Chico Lameirão, resolveu tirar proveito da excelente preparação de Crispim Ladeira e andou forte na primeira série, para garantir alguma vantagem. Venceu e convenceu e foi secundado por Pedro Victor DeLamare. Destaque-se o quinto lugar de Pedro Carneiro Pereira, mostrando sua versatilidade na condução de um carro diferente do tradicional Opala. Já a segunda bateria teve um panorama parecido, com o local Claudio Muller apossando-se da primeira posição, acompanhado pelo gaúcho João Palmeiro e o brasiliense Alex Dias Ribeiro. Na quinta posição aparecia um piloto que tempos depois seria um dos protagonistas da F/F, Francisco Antonio Feoli. Criava-se então, grande expectativa para a final. De cara, a gauderiada perdia dois bons nomes: Clovis de Moraes, com um motor fundido (viria a ser tricampeão brasileiro da categoria) e Leonel Friedrich, acidentado na segunda bateria (futuro campeão sulamericano de Fórmula 3) não participariam. Mas a sorte estava lançada. DeLamare largou melhor e ponteou até a segunda passagem, quando errou na Curva do Laço e perdeu três posições. A disputa então passou a ser entre Chico Lameirão e Claudio Muller.
Pedro Victor
Desse modo, enquanto na frente o grande conhecimento da pista por parte de Muller fazia com que Lameirão exigisse o máximo de seu equipamento, mais atrás, Pedro Victor recuperava posições. Francisco Lameirão foi outra vez o vencedor, com Claudio Muller em segundo e Pedro Victor DeLamare em terceiro. E quando a pendenga parecia ter se encerrado na pista, eis que surgiu a notícia de que os Fórmulas de Chico Lameirão e de DeLamare seriam desclassificados por alterações no comando de válvulas, equipados com separadores de aço nas molas do balancim (maiores esclarecimentos, encaminhar perguntas para meu assessor técnico, Rui Amaral Lemos Jr.). Após o bate-boca que se seguiu, a Confederação Brasileira desconsiderou a denúncia, uma vez que o regulamento da categoria era, até aquele momento um documento teórico e para resolver a questão, nomeou o dirigente gaúcho Ibraim Gonçalves para redigir um novo regramento. A próxima etapa seria realizada em Interlagos e teria também, peso duplo: valeria pelo brasileiro e pelo torneio paulista. Seria tão agitada?
CARANGUEJO
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Sou eu palpitando novamente num texto do Caranguejo, desta vez "à pedido". Quando ele cita "separadores de aço nas molas do balancim" acredito, mesmo sem consultar o Crispim ou o Chico, que sejam o que chamamos de calços de mola, são arruelas de aço colocadas na base das molas para que elas tenham mais pressão, artificio usado principalmente nos motores com preparação limitada pelo regulamento. Elas dão mais pressão às molas permitindo que o motor trabalhe em rotações mais altas sem que as válvulas flutuem prejudicando o rendimento.
Agora que já palpitei vou colocar abaixo em azul a resposta do Chico ao comentário do Walter no primeiro post de "CANCHA RETA" e salientar como é importante para nós, seja um campeão como o Chico ou um Alicatão como eu, a lembrança e o reconhecimento das pessoas que nos viram atuando.
"AO WALTER........
Chico Lameirao 14/11/2014 Manter esta mensagem na parte superior de sua caixa de entrada
Para: ruiamaraljr@hotmail.com
chico.lameirao@....
........... , pois é amigo WALTER, li seus comentários e respostas de meu tambem amigo RUI AMARAL e o que tenho a comentar de uma maneira geral, pois estou começando a escrever um livro e aí espero que tenha mais detalhes, é que a vida sempre te oferece um """ bonde""" que ou porque você é jovem ou porque não esta """ escrito""" você consegue o """ perder""" , e aí não tem mais jeito....... , só em outra encarnação !!!!! Um outro motivo talvez tenha sido a educação que recebi de meus pais, na qual tenho que sempre falar a verdade mesmo que esta seja contra mim, e isto no pais em que vivemos, muitas vezes você é """ crucificado""""" por dizer a verdade.....somos por excelência o PAIS das """" meias verdades"""" e você seguindo essa linha poderá ir longe por terras TUPINIQUINS .....!!!!!!!!!! Tive , acho, umas três a quatro oportunidades perdidas que hoje as vejo como cruciais , mas enfim é a vida.....!!!!!!!
Por outro lado, estive ao lado de pilotos absolutamente fantásticos como LUIS PEREIRA BUENO, CHRISTIAN HEINS, CARLOS PACE, WILSON FITTIPALDI e seu irmão EMERSON, BIRD CLEMENTE , MARIO CÉSAR CAMARGO FILHO (((( MARINHO))))) CIRO CAYRES e RICARDO ACHCAR este o melhor """ acertador """ de um carro de corrida que já vi até ao presente momento além de piloto muito rápido também , além da geração (((( passei por três gerações de pilotos do SEU CHICO LANDI até ao NELSON PIQUET))))) de INGO HOFFMANN , GUARANÁ MENESES, CHATEUBRIAN e o próprio PIQUET........
Abraco amigo de CHICO LAMEIRÃO"
É isto, um forte abraço à todos,
Rui Amaral Jr
Usamos os separadores de aço nos balancins nos anos 80 nos opalas da TFL aqui em Brasília; Belo exemplo de Diplomacia do Lameirão.
ResponderExcluirCaramba, sem palavras para agradecer as palavras do Lameirão -- de quem sou fã -- e a oportunidade que o Rui propicia.
ResponderExcluirMUITO OBRIGADO!
Abraços do
Walter
Passado o susto (caramba! O Lameirâo!), quero dizer que o automobilismo dos anos 70 foi altamente competitivo. Lameirão venceu nas duas principais categorias de monopostos, batendo caras como Piquet e Guarana.
ResponderExcluirEnquanto isso, Emerson, Wilson, Pace, Giu, Rossi, Luiz Pereira Bueno, Pedro Victor Delamare, JP Chateaubriand e outros foram para a Europa.Destes, só Emerson foi campeão. E Lameirão vencendo por aqui...
Foi um tempo rico, em que ir para a Europa podia ser a porta da F1 ou o fim da carreira.
sorte minha que Lameirāo ficou e pude ver ser campeāo o cara para quem eu torcia.
Espero que venha o livro com as memórias: estarei na fila para pedir seu autógrafo.
Mais uma vez obrigado!
Walter
Rui,
ResponderExcluirótimo relato... e como era sensacional o nosso automobilismo hein???
não se pode dizer o mesmo hoje em dia...
abs...
Olá amigos,
ResponderExcluirEstou apreciando a narrativa e os comentários. Na FF depois de liberado o regulamento teve gente que foi até Alta Gracia pedir ao soberano as receitas. Consta que motores também seguiram prá lá, será mesmo?O custo era alto.
luizborgmann
Antes de tudo obrigado Marco, André, Walter e Borgmann. E Borgamann é verdade Berta fez motores para alguns o próprio Clovis Moraes contava isto abertamente, agora outros que lá fizeram não contaram. Sinceramente muitas coisas eu gostaria de escrever aqui mas não posso, gostaria que todos ouvissem nossos papos, do Arturão, Duran, Chico, Ricardo, Conde onde soltamos tudo...as coisas do Duran são impublicáveis, certamente seriamos defenestrados do ambiante automobilístico!rsrsr Apenas que nunca andamos fora do regulamento como muitos!
ResponderExcluirAbraços
Olá amigos,
ResponderExcluirRui agradeço seus comentários. Algumas vezes ainda encontro o Ibraim Gonçalves, encontrei-o no lançamento do livro dos 40 anos do autódromo de Tarumã...esse tem histórias. A propósito, o Cláudio Ricardo Mueller, também por muitos chamado de Claudião, e por outros de "professor" devido à sua escola de pilotagem, sempre foi mestre na pilotagem. Algumas semanas antes do preparador Vilmar Azevedo falecer conversei com ele, abordamos algumas técnicas de preparação dos VW 1600 "ar", e quando conversei com ele, estava recebendo dos USA dois Weber 48. Disse a ele: dois 48 idf? Não, ele disse, para competição tem de ser i ida, cujo injetor de rápida é diferente e mais eficiente. Quanto ao Pedro Carneiro Pereira, que faleceu naquele acidente em Tarumã nos Opala D3, Pedro era um narrador de esportes (futebol) de alta qualidade, mas sempre foi apaixonado mesmo por corridas de automóvel. Naquele dia do acidente, os amantes da velocidade choraram...se perdia um homem de grande valor. Conversei com o administrador de Tarumã à época do acidente (João de Deus Selhane Costa, ou sómente João Selhane, ou "Trovão") que me contou estar próximo do carro em chamas de Pedro, este se debatendo para sair pelo vidro traseiro, cujo carro estava capotado...mas não conseguiu...as chamas do carro de Iglésias alcançaram o de Pedro. João Selhane também já se foi, grande amigo...A respeito da FF os monopostos vinham para Porto Alegre CKD e depois eram montados na oficina de Ibraim na rua Santana, lá acertados, alinhados na suspensão geometria etc...inclusive o filho do Ibrahim, meu amigo Ivsen também teve seu FF mas acabou com o carro na 1 de Tarumã, apenas uma escorregada...anos depois, um pouco mais acima na mesma rua, o Claudião montava os Kaimann, mas aí já é outra história...
luizborgmann
Oi Borgmann, não conheço o Ibrain, mas outro dia bati um papão com o Muller, o Chico me deu seu tel e conversamos por meia hora e ele ficou de mandar alguma coisa p/ o blog...veja vc me fez lembrar uma coisa que andava esquecida em algum canto da memoria os Weber 48 IDA se bem que vou te contar uma coisa, minha caixa de giglês, canetas, injetores, difusores e outras traquitanas dos Weber tinha quase um metro por um metro. A perda de Pedro foi uma tragédia, todos que o conheceram gostavam dele.
ExcluirAbs
Grande Luiz Borgmann, um dos "Notáveis" do Blog do compadre Sanco.
ResponderExcluirSaberia alguma coisa a respeito de uma tentativa do piloto Gastão Werlang de comercia-
lizar chassis importados de F/F aqui no sul na época?
Abç
Caranguejo
Olá meu caro amigo Caranguejo (Mércio), bom dia,
ResponderExcluirGastão Avelino Werlang foi piloto da Varig por muitos anos. Naquele tempo, trazer itens especiais para carros de competição era complicado - Guias de Importação, Exame de Similaridade Nacional, Autorização da Cacex, e por aí vai . Pois o Gastão Werlang também era piloto de carreteras nas horas vagas, e de lambuja trazia (como dizem) na cabine do piloto do avião, cabeçotes, carburadores, eixos de comando especiais, talicoisa...Bem, o Gastão, já veterano, achou a FF interessante. E comprou um monoposto. Veja a história que presenciei: Campeonato Brasileiro de FF, Guaporé, 1977 (acho que é)> Volta de aprersentação, posicionamento no grid. Na pole, o Amedeu. Na posição 2, Henmrique Damo. Tinha gente de todo o Brasil. Quase todos já posicionados no grid, lá vem o Gastão Werlang. Teve de costurar a turma já posicionada, mas antes de chegar em seu lugar, bate no carro da frente (no meio do grid) quebrando a suspensão dianteira direita. Eu estava lá ao lado do grid e presenciei. Ele ficou muito desapontado. Nesta época, Gastão já era um veteranão, mas muito dedicado...coisas que acontecem. Não, nunca tive conhecimento de que Gastão Werlang teve intenção de trazer monopostos ou comercializar. Apenas tenho conhecimento, e já fui lá, em uma loja de comércio de rolamentos na Av.Farrapos, em Porto Alegre, chamada G.A.Werlang, que pertencera ao próprio antes de falecer, e que hoje é administrada pelos familiares ou sócios. -Conheceu o Gastão? me perguntou o atendente do balcão. É isso. Um abraço meu amigo Caranguejo, a churrasqueada na fronteira deve ser saborosa...
luizborgmann
Obrigado pelo esclarecimento e pela lembrança do Gastão. Lembro que ele era citado pela boa cobertura (da época) nos jornais. Citaste o Ferri, outro piloto que tinha nossa torcida e admiração naqueles tempos. Um batalhador. Só agradeço agora pois o titular estava viajando pra Sampa e só
ResponderExcluirliberou tua resposta hoje. Ele envia um abraço e diz que pretende te consultar também...
Churrasco de fronteira? "Cosa" muy especial. Junto aos amigos e falando de automobilismo. Esteja convidado, bem como os demais amigos.
Caranguejo