quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Fórmula 1 Português...

Desenhos - As Transparências ou "Cutaway" - O Fórmula 1 Português...



Olá a todos.

No nosso artigo de hoje mostro-vos uma verdadeira raridade, um modelo que tinha tudo para ser feliz mas que devido a vários infortúnios decorrentes da época em que foi pensado e sonhado nunca iria ver a luz do dia.
Quem diria que no inicio dos anos 70 houve dois Portugueses que tentaram a aventura das suas vidas, construir um carro de Fórmula 1 totalmente do zero, utilizando materiais e indústria totalmente nacionais, pois é, no início de 1975 a dupla de engenheiros Bravo Marinho e José Megre tentaram levar o seu projecto avante com o apoio do B.I.P. (Banco Intercontinental Português) que já apoiava o desporto automóvel Português através da participação de uma equipe no campeonato do mundo de Sport-Protótipos inscrita na categoria de 2 litros.
A equipe era muito bem estruturada tendo conseguido alguns resultados de relevo de onde podemos destacar, em 1974, uma vitória em Spa-Francorchamps com um Lola 2L pintado com a decoração inconfundível do Banco patrocinador.

Lola T292

Assim, movidos pelo sucesso a dupla de engenheiros meteu mãos à obra e iniciou o projecto do "Fórmula 1 Português", até hoje não se sabe ao certo qual seria a denominação verdadeira do modelo mas uma coisa é certa, pelos desenhos que saíram para a comunicação social podíamos ter uma ideia da qualidade e inovação que este projecto possuía.

As suas linha eram muito fluídas com a intenção de aproveitar ao máximo a aerodinâmica, a carenagem possuía várias entradas de ar para ajudarem na refrigeração do bloco do motor e também para maximizar o apoio a alta velocidade, outra das curiosidades deste modelo era a utilização de 8 (sim, oito!) discos de travão (discos de freios), cada eixo teria um disco colocado no interior do veículo e também um outro disco de menores dimensões junto dos cubos das rodas, nem Colin Chapman (com quem Bravo Marinho estagiara) tivera uma ideia destas.

Outras características curiosas incluíam a utilização de suspensões inovadoras com os amortecedores colocados em V bem no centro do carro para assim equilibrar o centro de gravidade e tornar o modelo mais estável, na parte mecânica ainda foi equacionada a utilização de um motor Alfa-Romeo mas ao fim de várias experiências decidiram-se pela montagem do motor da época, o Ford Cosworth DFV, aqui também haveria novidades pois estava prevista a utilização de uma culassa nova, fabricada em Portugal que elevaria a potência do motor dos habituais 480 Cv para uns impressionantes 650 ou 700 Cv, tudo isto sem nenhum prejuízo da fiabilidade.

Muitas destas ideias seriam utilizadas na Fórmula 1 anos mais tarde, em 1983 quase todos os F1s utilizavam estas inovações que poderiam ter sido postas em prática quase uma década antes.


Entretanto com o advento da revolução de 25 de Abril de 1974 e com a posterior "anarquia" que se instalou promovida essencialmente pela extrema esquerda tudo mudou, a banca foi nacionalizada e o principal apoiante do projecto, o Banco B.I.P. deixou de existir, assim, sem apoios financeiros nada mais restou a estes homens que guardar os desenhos e todo o projecto numa gaveta, ainda esperaram alguns anos, mas o mal já estava feito e quando finalmente este País se endireitou nos anos 80 era tarde demais, o mal já estava feito.

Bravo Marinho e José Megre foram dois visionários que tiveram a má sorte de quererem ser felizes numa época em a regra dominante eram as ideias Soviéticas e o seu ódio a quem possui algo e é ambicioso, até mesmo as ideias...


Um grande abraço.

Pedro Costa

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Meu amigo Pedro Costa escreve em Portugal o blog MANIA DE CARRINHOS e com sua permissão trago a vocês um post dele de segunda feira passada.
Lembro perfeitamente desse projeto na época em que foi aventado, a década de 1970 foi pródiga em alguns projetos para a Formula Um. 
Favorecidos pela facilidade de equipamentos fornecidos pelo mercado, tais como motores, freios, cambios e outros que eram compartilhados com vários carros, os Kit Cars, muitos  projetos foram feitos e alguns chegaram até às pistas.
Obrigado Pedro e um forte abraço...

Rui Amaral Jr

Um comentário:

  1. Ora pois pois, tivemos um projecto da nossa querida terrinha...e não foi à frente pelos motivos expostos...hj a esquerda festiva pensa de outra forma...

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Rui Amaral Jr