terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Quebrando...

Foi ali naquela janelinha que tentei acertar o retrovisor!

Confesso a vocês que não tenho a mínima ideia de quantas vezes quebrei, meus arquivos de corridas desapareceram e garanto que foram mais de setenta por cento das vezes em que larguei, algumas como a Copa Brasil de 1972 nem cheguei a largar.

Lembro uma vez em 1971 ainda novato quando uma correia de meu VW D3 pulou, era Porsche a correia comprada na Dacon por uma bela grana, quem me devolveu foi meu amigo Julio Caio que estava com sua mãe e pai e na época corria de kart.

De 1978/79 não tenho ideia e pouco lembro, ah! Aquele dia em que testava um comando de válvulas novo e se não me engano uma relação de marchas um pouco mais curta, o Chapa mandou que desse duas voltas para conferir as válvulas e quando fui colocar as luvas chiou e disse “vai sem luvas mesmo....”, na época a saída dos boxes em Interlagos contornava a curva Um por dentro, um muro as separava. Pois bem...ao olhar o retrovisor de meu lado vi que estava desregulado e enfiei minha mão na janelinha do acrílico para ajustar, e meu relógio, um presente de minha mãe ameaçou cair, ao tentar segura-lo enfiei o pé no acelerador e o motor que tinha se tanto quatrocentos metros de pista foi para o espaço. O contagiros marcava algo como 9.000 rpm, quando enfiei a mão atrás do mesmo para procurar a chave de retorno da espia não encontrei, o Chapa havia guardado com ele, da bronca que levei faço absoluta questão de não lembrar, apenas que fiquei macambuzio no box enquanto um novo motor era colocado.


Parado entre o Sargento e o Laranja.


Esta foto é de 1982 na TEP/D3, minha primeira corrida na temporada, vinha brigando pelo segundo lugar quando na saída do Sargento, na reta que levava ao Laranja o motor apagou. Esforçando a memoria e agora escrevendo penso que foi a bomba elétrica de combustível logo depois trocada por uma de Cesna.



Edião, eu e Chapa. Sinceramente, gosto do Chapa como um irmão bem mais velho, mas ele não precisava ficar com a chave do contagiros nem dar tanta bronca!

 

“Rui, vai no Campo de Marte e compra uma bomba de Cessna...”, e a mando do Chapa lá fui eu, sem saber o modelo da aeronave comprei uma que conversando com o vendedor pensei ser a certa. Bomba nova fui ligar o motor, chave de ignição ligada quando liguei a da bomba só um barulho esquisito, ao apertar o botão de partida nada! Não vinha o combustível. Algumas tentativas e o Chapa resolve abrir um dos Weber 48, a boia da cuba estava parecendo um papelão, amassadinha que só ela, no outro a mesma coisa. Tinha comprado a bomba de alimentação do motor, com uma pressão talvez umas dez vezes da que precisávamos. Lembro que voltei e conversando com o vendedor troquei por uma de transferência de combustível entre os tanques que foi a que usei durante a temporada, foi muito gentil o vendedor em aceitar uma peça cuja caixa havia sido aberta.

 

E por aí vai...


A você Chapa, amigo querido de tanto tempo.

 

Rui Amaral Jr      


 

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Radio Paddock

 

Tomando o S...

O ano não lembro, 1978/79 ou 80, tinha o carro, dois ou três motores feitos pelo Chapa – Flávio Cuono - e todo resto, mas não tinha a mínima vontade de correr, porem tinha e ainda tenho os amigos  e eis que chega em casa o Adolfo – Cilento Neto – e diz “vamos, você vai correr!”, juntou-se a nós o Ricardo – Bock – e o Celso que seria o mecânico.

O regulamento da Divisão 3 dizia que os escapamentos dos VW não poderiam exceder um certo tanto da carroceria, acontece que os escapamentos 4 x 1 onde as quatro saídas de escape juntavam-se em uma única saída sempre excediam essa medida, o mesmo com os cruzados se bem que menos.

No treino da sexta feira num comunicado nossa Federação alertava para este fato, e a Radio Paddock já tocava alto, quem não estivesse no padrão não largaria.

Serrar um escapamento não é só pegar uma serra e tirar um tanto, a harmonia do conjunto vai-se embora, muda tudo.

Adolfo e Ricardo, que mais tarde viria a se tornar o grande mestre da engenharia automotiva, conversando chegam a um consenso a uma ideia “genial”, soldar uma lata na traseira para que os escapes ficassem “dentro do regulamento”.

No sábado quando chegamos a gozação foi total, “é um aerofólio?” foi o que mais ouvimos, fora outras chacotas. Foi aí que resolvemos largar com ela, já que ninguém respeitou o comunicado pois seria muito difícil que mais de trinta carros se adaptassem a ele, coisa que nunca ocorreu.

Notem que a maravilhosa peça de engenharia foi feita para um escapamento 4 x 1 mas estou usando o cruzado, não me perguntem porquê.

Lembrei agora, a lata era azul! 

Aos queridos amigos Adolfo, que já nos deixou, e Ricardo, um irmão sempre presente.

 

Rui Amaral Jr




domingo, 5 de fevereiro de 2023

Antônio Octávio Ferreirinha - 14 de Fevereiro de 1936 - 4 de Fevereiro 2023

 

Ferreirinha e Chico - Já aos oitenta anois ajudando o Chico e seu super Fusca...
De bermudas brancas vencendo com Ricardo Achcar - Formula Ford Rio.

O papo rolando solto no paddock em Interlagos, Ferreirinha e Arturão... 
Torneio Internacional de Formula Ford 1970 - Seu sorriso sempre franco e sincero, com Liane Engeman. Atrás de camisa branca vejo Luiz Pereira Bueno.
 





Uma palavra sobre Antônio Octávio Ferreirinha:

Uma pessoa extremamente sincera cujo prisma era a verdade nua e crua ….. sem subterfúgios algum …. Grande profissional em que pilotos famosos se apoiaram em seus conhecimentos para vitórias incontestáveis …. Luiz P Bueno e Ricardo Achcar tiveram várias delas na Inglaterra a meca mundial de Motor Racing através do trabalho único de Antônio Ferreirinha …. A lembrar que chegaram lá ao meio da temporada e ao término dela Luiz Bueno se sagrou Vice-Campeão tendo o Ricardo também ganho corridas …. Era só Antônio a trabalhar nos dois autos da SMART  {{ Stirling Moss Auto Racing Team }} …… !!! Sempre estando seus motores dentro dos regulamentos vigentes que fazia questão absoluta de assim lavorar …. Na Super V, dentro do regulamento, os engenhos de Antônio eram os melhores ….

Que Deus o Receba de Braços Abertos em Sua Nova Jornada …. 

Chico Lameirão

 

 

Altas horas do sábado volto de São Paulo e ao chegar logo vejo uma mensagem de meu amigo Zé Carlos “Rui, o Ferreirinha...estamos perdendo nossas referencias meu amigo”

Ligo para o Benjamim Rangel, que está na Califórnia “Biju o Ferreirinha nos deixou”, triste meu amigo começa lembrar de seu tempo na Inglaterra junto a ele, “era um Lord Rui...”

Melhor que eu meus amigos falaram por mim.

Descanse em paz mestre. Vai fazer muita falta.

 

Rui