Vez por outra fuçando
em meus arquivos antigos acho alguma foto de Jimmy Clark pilotando um Ford
Lotus Cortina, já mostrei vídeos, mas nunca escrevi sobre o carro. Então vamos
lá.
Em 1963 a Ford
contratou Colin Chapman e a Lotus para desenvolver seu recente lançamento. O
Lotus-Cortina era a ideia da Ford da Inglaterra cujo chefe de Relações Públicas
da época Walter Hayes passou a tomar parte na fundação da Ford Advanced Vehicle
Operation (Favo), que posteriormente foi responsável por iniciativas como o
GT40 e do Escort RS.
Na época a Lotus estava
desenvolvendo um motor twin-cam ( duplo comando ) com base no bloco do motor
Ford de 1499cc para a sua Elan, Chapman estava muito empenhado no processo. O
que levou Hayes a apresentar a proposta a ele para montagem de 1000 Cortinas
para correrem no Grupo 2 da FIA pois nessa categoria poderiam ser feitas
modificações substanciais nos motores, câmbios, direção e suspensão, nascia
assim o projeto do Lotus Tipo-28, logo após Lotus-Cortina.
Além das pistas esse carro seria vendido ao público como um esportivo de alto desempenho.
Lotus-Cortina MK I 1963
MOTOR
Baseado no bloco do motor de cinco mancais do Cortina usou muitas peças da Ford, mas com certeza não se parece muito com os motores standard do Cortina. A preparação foi projetada para a Lotus por Harry Mundy. Os projetos iniciais foram baseados em bloco Ford 1340cc de três mancais, utilizados na Anglia Classic 109E, de 1499cc, com o virabrequim aumentado para 82,55 milímetros com isso a cilindrada aumentava para 1558cc, para se adequar ao limite da classe 1600cc. Foram modificados ainda bielas, pistões e ainda usado o cabeçote Lotus de duplo comando de válvulas em alumínio.
Este cabeçote de duplo
comando com duas válvulas por cilindro, desenho das câmaras hemisféricos com os
lóbulos do comando agindo diretamente sobre as válvulas, possibilitou a Lotus
mudar o esquema original onde coletor de admissão e escape estavam do mesmo
lado para um esquema de coletor de admissão de um lado e escape do outro,
podendo assim colocar as válvulas em um angulo onde a aspiração e escape fossem
altamente favoráveis.
Com dois carburadores Weber 40DCOE horizontais esse motor foi equipado com um limitador de giros a 6.500rpm. Os números de desempenho oficiais Lotus foram 105bhp a 5500rpm, com torque máximo de £ 108 pés a 4000rpm. Alguns números do carro, velocidade máxima de 170 kph, 0-100 kph em apenas 10 segundos, ótimos para época.
Uma curiosidade; para
manter o mesmo esquema de acionamento de bomba de água e óleo o comando
original foi mantido no bloco apenas para essas funções.
Nos carros de pista os motores chegaram aos 170 HP.
CAMBIO
O Lotus-Cortina nasceu
com a caixa de velocidades desenvolvida para o Lotus Elan, com os ralis em
mente. Esta caixa de câmbio tinha as relações muito curtas e próximas, suas
relações; 4ª 1.000, 3ª 1.23 2ª 1.64 e 1ª 2.51, diferencial 2.807:1.
Posteriormente para os
carros de uso nas ruas e estradas foi oferecido dois diferenciais mais longos
de 3.96 e 3.32 assim como algumas outras relações de marchas de outros carros
da Ford.
SUSPENSÃO, FREIOS E DIREÇÃO
O primeiro-Cortinas Lotus tinha o eixo traseiro com feixe de molas e sem tensores o que provocou algumas quebras de diferencial pois com a torção o óleo vazava. Em 1964 o esquema foi mudado com a troca do feixe de molas por molas helicoidais e adicionado um tensor partindo do chassi que dava mais segurança ao conjunto.
A suspensão dianteira
era MacPherson com barra estabilizador e apenas foi mudada em carga de
amortecedores e molas e em seu aliamento; cambagem, caster, e angulo de
convergência ou divergência.
Os freios dianteiros
eram Girling de 9 polegadas e os traseiros a tambor, as rodas eram de 5.5
pol.
CARRO
O Cortina, Lotus-Mk.I. montados pela Lotus em sua fábrica Cheshunt no norte de Londres. Os primeiros eram sedãs de duas portas, com capota, portas e tampa da mala em alumínio para diminuição do peso. Sto. Antonio e arcos tubulares foram adicionados para enrijecimento de seu chassi.
Corridas
Para homologar o carro para o Grupo 2 1000 teriam que ser construídos em 1963, e o carro foi devidamente homologado em setembro de 1963, depois que 228 foram construídos. Coisas da FIA à parte no mesmo mês, na primeira excursão do carro, em Oulton Park Gold Cup, o carro terminou em 3 º e 4 atrás de dois Ford Galaxies, mas venceu os Jaguar 3,8 litros que tinham dominado as corridas da categoria por um longo tempo. Logo o Ford Lotus Cortina estava rodando em toda Grã-Bretanha, Europa e nos EUA. Com o Team Lotus correndo na Grã-Bretanha para a Ford, e Alan Mann Racing correndo na Europa, também em nome da Ford. Os pequenos Lotus-Cortinas venceram quase tudo, exceto os 7 litros V8 dos Galaxies e, posteriormente os Mustangs.
Em 1964, um
Lotus-Cortina na liderança em uma curva com a sua roda dianteira no ar
tornou-se uma visão familiar, como os carros foram montados com suspensão
traseira macia e a dianteira rígida isso era normal. Jim Clark venceu o British
Saloon Car Championship com facilidade, nos EUA Jackie Stewart e Mike Beckwith
venceram as 12 horas Malboro, e Alan
Mann Racing também tiveram um bom desempenho no Europeu de Touring Car
Championship, incluindo uma vitória 1-2 nas
Seis Horas International Touring Car Race em Brands Hatch.
1965 viu o
Lotus-Cortina ganhar tudo, com a nova suspensão traseira o carro ficou
imbatível. Sir John Whitmore dominou e venceu o Europeu de Touring Car
Championship, Jack Sears ganhou a sua classe no British Saloon Car Championship
(um Mustang ganhou na geral), Jackie Ickx venceu o belga Saloon Car
Championship, e um Lotus-Cortina venceu a Nova Zelândia Gold Star Saloon Car
Championship. Outras vitórias foram Nuburgring na corrida de seis horas, o
Campeonato Nacional da Suécia e a Snetterton 500 na Inglaterra.
A partir de 1965 com o MK-II e a nova regulamentação para o Grupo 5 da FIA foi possível a utilização do motor Cosworth FVA com 210 hp, mas aí já existiam carros mais modernos de concepção e os Lotus Cortina chegavam a seu desenvolvimento máximo.
Para mim o que ficou
para sempre é a imagem de Jimmy vindo com ele no limite máximo nas várias
pistas onde deu um show pilotando-o.
Escrevi este post há
dez anos, sempre que vou dar uma espiada no que as pessoas estão vendo no
Histórias algumas, ou muitas, visualizações, isto me envaidece.
Ao procurar mais sobre o carro o super Racing Sports Cars me direcionou para o Histórias, fico ainda mais envaidecido!
Comecei à admirar o
Cortina quando meu ídolo Jim Clark aparecia em alguma revista com ele, sempre
no fio da navalha.
Tantas coisas para
escrever e infelizmente nestes tempos nebulosos a cabeça desatina e quando
penso que vou decolar...
Ainda bem que tenho
encontrado alguns amigos, domingo passado um café muito bom com o Chico – Lameirão
– à noite pizza com o Erasmo De Boer, juntando o tempo destas duas amizades
algo maior que um século!
Miguel Yoshikuma me convidou
para um almoço no Paulão, não pude ir, o Erasmo foi e disse que estava muito
bom.
Encontrei também a
minha querida amiga Regina – Calderoni -, pediu meu VW-Fusca por algum tempo e
veio busca-lo, todas multas acima dos 180 km/h serão dela.
Desculpem se escrevo
tudo isto, gosto demais de estar com os amigos, apenas me deu vontade.
Um forte abraço a
todos,
Rui
Ser referência do Racing Sports Cars é prova de trabalho sério: parabéns!
ResponderExcluirQuando eu 'nasci' para o automobilismo, Jim Clark já tinha morrido, mas hoje é claro (e sempre foi, ao longo dos anos) que todos os consideravam 'o cara'. Naqueles tempos, a morte fazia a 'fila andar' para os novatos.
Que bom que você escreve, porque o Histórias é ouro em pó para a História do automobilismo: Abração!
Obrigado Walter.
ExcluirA morte de Jimmy foi como um "uppercut" de Clay, acompanhava o automobilismo pelos jornais, fora as revistas, sabia que não haveria F.Um naquele final de semana e quando cheguei em casa a noite me contaram, não lembro quem.
Tinha 15 anos, logo completaria 16, já pilot...ops guiava, e toda vez que colocava aquele Impala SS 64 em sobresterço em alguma curva...
Não escxrevo bem, mas escrevo para dividir com tantos como vc que assim como eu amam o esporte.
Obrigado novamente e um abração.