A ideia de colocar Luiz no grid da corrida que homologaria o Autódromo
de Interlagos, hoje José Carlos Pace, no calendário da Formula Um era excelente,
e a ela num evento antes da corrida, no sábado após a classificação em algumas
voltas Luiz andaria pelo Anel Externo na tentava de estabelecer uma nova marca.
Tudo muito bem orquestrado por Antonio Carlos Scavonne com o apoio da
Hollywood, rede Globo, e acredito que da Ford.
“Cavalo dado não se olha os dentes”
O carro alugado da March era o mesmo pilotado por Lauda e outros
pilotos no ano anterior, se não me engano Niki apenas no GP da Áustria, quando Ronnie
com o primeiro carro da equipe largou em decimo primeiro e Lauda em vigésimo
primeiro! Era o carro, assim como outros
que a March alugava a pilotos iniciantes ou sem equipe, e à cada GP era um que
pilotava.
A corrida foi mais um espetáculo para a homologação da pista, tanto que
o campeão do ano anterior e sua equipe não vieram. A March veio com quatro
carros, para Carlos Pace, um nome em ascensão na Europa e Henri Pescarolo, com
boa experiência na F.Um, que corriam pela equipe de Frank Williams. Na equipe
de fábrica o vice-campeão da Formula Um no ano anterior Ronnie Peterson, e o
carro alugado para Luiz.
Carro alugado é geralmente decepcionante em 99.999% das vezes. Obviamente
que o carro de Ronnie recebeu toda atenção da equipe, fora o que de melhor ela
trouxe ao Brasil, assim como motores, pneus e outras coisinhas mais. A Luiz
coube o que deram, certamente um motor com menor potência...
Os dois mecânicos designados para o carro pouco sabiam, e recebiam
ordens da equipe, fora a troca de relações do cambio, que estavam erradas,
pouco ou nada mais fizeram. (nas fotos os relatos dele)
No sábado após a classificação que o colocou em decimo segundo no grid, foram se me lembro umas dez voltas pelo Anel Externo, o suficiente para virar 52`0140/1000 (cinquenta e dois segundos e quatorze milésimos) à média de 221.963 km/h, sendo que o recorde anterior era seu com o Porsche 908/2, acredito que nos 500 Km de 1971, com 53`860/1000 (cinquenta e três segundo e oitocentos e sessenta milésimos).
Este recorde permanece, até por que nosso Autódromo foi descaracterizado,
para mim violentado.
Para quem não conheceu Luiz posso afirmar que era um ser afável, apesar
do vozeirão, educado e muito consciente do que fazia e de quem era, pouco esta
corrida iria acrescentar ao seu Curriculum e acredito que viu que nada mais
podia fazer, sentou no carro e fez o que fazia com grande maestria, sentou a
bota. Luiz era um ser do bem, uma alma pura.
Da corrida pouco à acrescentar, parou duas vezes com problemas e
terminou em sétimo ou oitavo, como disse antes, nada à acrescentar ao seu
Curriculum.
Campeão, não esquecemos de você, sempre em nossos papos e lembranças, e
cada vez que vemos um talento natural acelerando excepcionalmente lembramos que
tivemos a honra de vê-lo pilotando.
Ao Ronaldão e Chico.
Rui Amaral Jr
PS: Desculpem as fotos com a narrativa dele, o livro não ajeitava no
scanner e não quis danifica-lo, vou tentar melhorar na corrida de 1973.
Gerard Larrousse, Jose Dolhem, Jo Vonlanthen, Noritake Takahara e tantos outros viveram essa 'curtição' de correr uma ou duas vezes, num carro alugado. É só curtição, porque os carros alugados eram sempre ruins, velhos e com motores travados, como esse que a March emprestou para a Equipe Hollywood.
ResponderExcluirNos países em que existia campeonato local (Inglaterra, Africa do Sul, Japão), a coisa era melhor para os pilotos locais.
A ironia da história é que, mesmo com um carro ruim, numa jogada de marketing, o recorde do Anel Externo de Interlagos é dele: Luis Pereira Bueno. Aliás, diminuindo o recorde anterior dele mesmo.
E isto mesmo Walter, vc me lembrou de um nome há muito esquecido, conheci José Dolhem, correu por aqui de F 2 se não me engano.
ExcluirAbraço