quarta-feira, 28 de outubro de 2020

CARRERA BOLIVARIANA - GP da Venezuela 1956

Moss(#8) e Fangio(#2); Schell está tentando passar entre os dois com sua Ferrari 3.5, #6 e do outro lado está o Behra, #10. De Portago está fora do enquadramento. 

 É isso aí. A pilotada da foto do desafio, (da esquerda para direita) Juan Manuel Fangio, Alfonso de Portago, Harry Schel, Nano da Silva Ramos, Porfirio Rubirosa, Jo Bonnier e Stilirg Moss, estão batendo um papo antes do II GP da Venezuela, no ano da graça de 1956. Com o esporte motor se desenvolvendo no mercado emergente da América do Sul, não era incomum que os fabricantes, mesmo os mais tradicionais como Ferrari ou Maserati, investissem em uma prova extra-campeonato em um país distante.

Moss

Pensamento semelhante tinham os pilotos. Longe dos contratos milionários dos dias atuais e da exclusividade de uma só categoria, quanto mais competiam, mais ganhavam. Não era portanto tão surpreendente que a prova de Caracas contasse com Fangio, já tetra campeão da ou mesmo Moss, duas vezes laureado com o vice-campeonato; os norte-americanos Masten Gregori e Harry Schell; o sueco Jo Bonnier e o espanhol Alfonso De Portago, nomes tradicionais do automobilismo mundial e mesmo exóticos como o dominicano Porfirio Rubirosa. O circuito urbano de Los Próceres ficava em uma praça de desfiles militares,  na verdade, duas retas paralelas, um traçado difícil que exigia muito dos poucos eficientes freios da época e das caixas de cambio. A prova marcaria a derradeira apresentação de Fangio com uma Ferrari, pois o Chueco estava de partida (ou retorno) à Maserati, embora muitos o criticassem achando que para um quinto titulo mundial, deveria continuar em Maranello...Nos treinos, muita disputa entre os rivais Fangio e Moss, com vantagem para Stirling na Maserati 300S. Boa participação de Nano da Silva Ramos e seu Gordini T153S 3.0. Único representante brazuca na competição, alcançou o 9º tempo. No dia da prova, sem os discursos bolivarianos de Hugo Chaves (o futuro tenente-coronel estava com dois anos e três meses e era um garoto pobre de Sabaneta), Fangio larga bem mas na segunda volta é alcançado por Moss e De Portago. A disputa entre os três só dura até a décima volta, quando mais uma vez torna-se uma entre Chueco e o inglês Calvo. A Ferrari 860 Monza de Fangio rende bem, todavia, aos poucos Moss vai conseguindo desgarrar na ponta.

Faltando vinte voltas para o final, começa a chover e Fangio abranda seu ritmo devido a instabilidade da 860 Monza e só volta a andar forte faltando cinco voltas para a bandeirada. Marca a volta mais rápida da prova (1.43.2), contudo insuficientes para alcançar Moss. O esquentado Jean Behra termina em terceiro, com outra Maserati, uma 200S e Jo Bonnier, com a única Alfa-Romeo 6C 3000 termina na quinta posição, atrás da Ferrari Mondial de Gregory. Silva Ramos abandonou, assim como o casal Isabelle Haskell e Alejandro De Tomaso e o velocista Fon De Portago, quando faltavam seis voltas e ele era o terceiro colocado.

No ano seguinte, o Chueco partiria firme para a conquista de sua quinta estrela, relegando Stirling Moss a ser seu eterno vice. O Careca só teria uma chance real, sem o Quíntuple por perto de 1958. Mas isso é conversa para outra ocasião.


A maravilhosa Ferrari 860S Monza de Fangio


GORDINIS AMESTRADOS- REZENDE DOS SANTOS, NANO E FABRIZIO SERENA.

Resultado





 

 

Carlos Henrique Mércio-Caranguejo

 

NT: Quando pensei em escrever sobre as três corridas da Venezuela na década de cinqüenta do século passado logo liguei para o Caranguejo. Numa confusão de números não consegui...São mais de dois mil e quinhentos posts no Histórias, e por melhor que seja minha memória não lembrava deste.

Logo após o post sobre a corrida de 1955 eis que o Caranguejo se manifesta, contando sobre o post “CARRERA BOLIVARIANA” que mostra a corrida de 1956.

Uma hora e meia de papo ao telefone, e mostro novamente a vocês este post publicado em 2012.

As fotos e pesquisas sobre a corrida de 1957, feita em mil quilômetros e denominada “Mil Quilômetros de Caracas” estão quase prontas, e o Caranguejo vai escrever comigo.

Rui Amaral jr

    




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