Vou tentar descrever
esse trecho da maravilhosa pista que foi Interlagos antes da mutilação, o carro
um VW D3 na configuração em que corri na TEP em 1982. Motor 1.600cc, com cerca de 152 hps, o cambio
de quatro marchas era uma caixa 3, freios a disco nas quatro rodas.
Descendo o “Retão” a chegada à curva “Três” era bem rápida uns 205 km/h, a freada começava depois da placa dos 50m, ai era pendurar nos “alicates” ao mesmo tempo em que colocava a 3ª marcha. As ultrapassagens ali tinham de ser cuidadosas, pois no fim do “Retão” na parte de dentro existiam “costelas de vaca” o que fazia o carro tremer todo e tiravam sua aderência, mas era uma delicia quando se saia de trás de algum outro carro freava-se no limite, pendurando-se nos “alicates” e deixava-o para trás.
Ali tive oportunidade de fazer belas ultrapassagens, em
uma das primeiras corridas do ano um piloto campeão em várias categorias por
que passou, ultrapassou-me ali, eu vinha com um problema de fricção depois de
uma largada forçada por causa da 1ª marcha muito longa e dava-lhe sinal desde o
começo do “Retão” para me passar, ele escolheu a freada da “Três” talvez para
levantar a galera. Pois bem duas ou três voltas depois minha fricção voltou a
funcionar bem e fui chegando nele. Grudei em sua traseira na saída da “Um” e
ele me acenava para ultrapassá-lo no meio do “Retão”, só que alem dele vir bem
rápido eu queria devolver-lhe a ultrapassagem. Freei no limite, coloquei meu
carro ao lado do seu, 3ª marcha e na “Quatro” já estava na frente. Depois no
pódio ele veio me perguntar se não havia visto os sinais, disse-lhe que não
entendi!!!! Para minha satisfação ainda maior veio o chefe de equipe de um
amigo me cumprimentar por ter feito a melhor volta da corrida, e comentar da
ultrapassagem na “Três”.
Primeira perna da Ferradura, Edson Yoshikuma de Passat, Arturo Fernandes, Amadeo Campos, Mogames...Duran começa a contornar a Ferradura com Amadeu Rodrigues, Clélio Moacyr "Bé" Souza, eu... Tide vem na primeira perna, Marco de Sordi vem grudado em mim...
Ah! A “Ferradura”
chegava em 4ª marcha com o motor bem cheio, tomava à esquerda de pé embaixo e
logo após da tangencia da primeira perna à direita feita também de pé embaixo,
com o carro em linha reta pisava fortíssimo nos “alicates” reduzia de 4ª para
2ª marcha e completava a segunda perna da curva com seu longo ponto de
tangencia, para na saída beslicar a “zebra” do lado de fora. Na entrada dessa
curva em 78/79 ultrapassei um Passat D3 de um amigo que andava na ponta, Adolfo
Cilento na minha cola viu tudo, depois da corrida o piloto do Passat veio me
dizer que não havia me visto. Ora não viu mesmo, pois no lugar onde ele freava
eu ainda estava em 4ª de pé no fundo! O Bambino – Adolfo Cilento – só me olhou
de lado, seu olhar dizia tudo!
No vídeo de Luiz Guimarães o Bruninho - Luiz Antonio Bruno - faz uma bela ultrapassagem na tomada da Ferradura sobre Ferraz e Duran, depois Tide Dalécio aproveitando a confusão ainda passa o carro amarelo por fora na tomada da segunda perna!
Aos meus amigos Ricardo e Roberto
Rui Amaral Jr
ALICATÃO-MESTRE, que fotos ESPETACULARES!!!!
ResponderExcluirBaita abraçalhão Alica!!!!
ExcluirEstou aqui procurando notícias sobre essa corrida, pois meu pai Ronaldo correu neste dia com vocês, ele estava dirigindo um Opala preto, e devido a isso ele gostaria muito de ter mais informação sobre esse dia tão marcante.
ResponderExcluirOi Rebeca, qual corrida vc se refere, e qual o nome completo de seu pai?
ExcluirEu passo horas "andando" no velho Interlagos e a Curva 3 é um desafio.
ResponderExcluirOutro desafio é entrar na Ferradura em 4a e reduzir para 2a: é isso mesmo?
Valeu, Rui!
Walter meu amigo, vou tentar explicar...
ResponderExcluirNa última corrida da WEC em Interlagos era impressionante a chegada das Ferrari ao "S" depois da reta dos boxes, em menos de 50 metros elas, inclusive a do Rato, reduziam de oitava marcha para primeira ou segunda! Acontece que na "modernidade" os carros usam câmbios sequenciais e o "punta taco" é automático!
Na Três
Nossos D3 não tinham essas "mudernidades', mas os carros de ponta tinham freios à disco nas quatro rodas, na maioria feitos na RETSAN, ventilados e maiores que os originais, paravam mesmo!
Na Ferradura, existia um desnível, um calombo na primeira perna freando nele vvc "voava" perdia grip para freada. Veja na foto em que meu amigo Bé vem pendurado, atrás do Turito, Jr e do Chevette...
Então ali, com o cambio que eu usava a opção era quando o carro assentava enfiar o pé com força no alicate e fazendo o "punta taco" reduzir de 4ª para 2ª....
Quanto à Três é bem mais fácil...Turito e Mogames com a 4ª mais curta faziam em 4ª, eu e outros em 3ª. Agora presta muita atenção...se me lembro bem, ao chegar na Três existiam placas no Retão indicando 200 metros, depois 150m, 100m e por fim a de 50m que era quase dentro daa curva. Pois bem...na de 200m feche os olhos, conte até dois, pise com força no alicate, abra os olhos e faça a Três com a marcha que escolheu na relação! Vc nem vai ver a "famigerada" placa dos 50m, acredite!
Sempre bom ter vc por aqui,
Um abração
Obrigado, Rui!
ResponderExcluirA Três protagonizou aquela "entortada" do Pace, em 1977. Faltou sorte e ele bateu o bico (que tinha radiador naquela Brabham linda) e ele perdeu a corrida. Morreria sem vencer de novo, uma grande injustiça.
A Ferradura é um show para o público, pois sempre havia uns "bolos" disputando a freada.
Muito respeito -- e uma.inveja do bem -- por quem teve o privilégio de competir no Temllo do Interlagos original.