Há pilotos que tem suas carreiras firmemente associadas a
determinadas marcas. Foi assim com Jim Clark e a Lotus; Pedro Rodriguez e a
Porsche; Senna e a McLaren/Honda/Goodyear/Shell...no Brasil, ainda que a
participação dos fabricantes nas pistas deixe a desejar, podemos encontrar
algumas parcerias vitoriosas, como a do piloto Antonio Lúcio da Matta e o VW
Passat. Mas claro que Toninho da Matta não começou com o Passat. Suas primeiras
aceleradas foram nos rachasde rua passando então para os Karts.
Via de regra,
demora-se um pouco nos micromonopostos, até a maturação ser atingida. Da Matta
porém, logo estava às voltas com um Chevrolet Opala, o famoso #21 da Motorauto,
com o qual participou e venceu corridas ao redor do Estádio Mineirão. Mas sua
maior façanha na época foi chegar na frente dos Alfas GTA da Equipe Jolly
Gancia nos 1.000 Km de Brasília, 1970, num Puma correndo em dupla com o piloto
Clóvis Ferreira. Corrida confusa, com problemas de cronometragem,
Toninho recebeu uma chance para correr com uma Alfa-Romeo P-33 na Copa Brasil
daquele mesmo ano. Mas um acidente na Curva da Ferradura em Interlagos o tirou
da disputa. Batida forte, fratura no calcanhar e no pé, afastou-se por dois anos,
voltando lentamente, através dos Karts. Finalmente na década de setenta, o
encontro.
1970 - Mineirão -Toninho é perseguido por Emerson Fittipaldi com o Corcel Bino.
Em 1977, Toninho participava do Brasileiro de Divisão 1 com o Passat
da Equipe Autobet. Primeiramente formando dupla com José Junqueira. Final de
ano, quarto colocado no campeonato. Em 78, o certame muda a fórmula de disputa
e ocorre em dois finais de semana em provas no Centro-oeste. “Mineiramente”,
Toninho venceu a prova de Goiânia e administrou o resultado em Brasília:
primeiro título. Em 79 quatro vitórias e quatro segundos em nove corridas. No
meio do ano houve a troca do carburante,da gasolina para o álcool, mas o
mineiro nem sentiu.
Para 80, passa para a Equipe Refricentro e outra vez a estratégia foi a chave para
a vitória. Os adversários envolveram-se em uma disputa feroz ao longo das nove
etapas. Da Matta venceu e pontou e outra vez foi o campeão antecipado. No ano
seguinte o Torneio Passat foi extinto, mas Toninho transferiu-se com preparador
e patrocínio para outra categoria, a Hot Car. Levou também o Passat, agora com
maior liberdade de preparação. Resultado, seis vitórias e título. Sua receita
para o campeonato disse, foi uma concepção diferente de câmbio e suspensão. Em
83 na Equipe Credireal foi grande o investimento, em parceria com o piloto
Jayme Figueiredo. Mais quatro vitórias, virando 1’14 em Tarumã e se alguém não
está contando, quinto título.
Ze Carlinhos de camisa vermelho observa Toninho.
Na Stock Cars à frente de Paulo Gomes
Porém nosso herói não estava ficando mais moço e
a Volkswagen quis tirá-lo de cena, colocando-o para disputar o Brasileiro de
Rally de Velocidade, com um Gol. Foram dois anos separado do velho parceiro, mas
em 1987, nova dupla, agora com o catarinense Gunnar Vollmer na Equipe
Juvena/Tesa, no Brasileiro de Marcas, onde Toninho já vencera antes, com um
Fiat 147. O Marcas era dividido em duas categorias: carros turbo e aspirados.
Corriam junto e classificavam separado. Gunnar era um piloto com muita
experiência em disputas na terra, junto ao seu dedicado “professor” fizeram uma
grande temporada e demonstraram ser um dupla das mais afinadas por exemplo, em
seu desempenho nas 12 Horas de Goiânia, a mais desgastante prova do calendário
e onde terminaram na segunda posição. No
final, campeões entre os carros de aspiração atmosférica. Em 1989, outra vez juntos, uma mudança no
regulamento tornava as coisas mais interessantes. Banidos os turbos, as chances
de vitórias eram iguais para todos, até para o velho guerreiro, o Passat, já
fora de linha. Um grande pega teve início.
De um lado o Escort da Equipe Greco com Ingo Hoffmann/Fabio Greco e do
outro, Toninho/Gunnar. O Passat #20 começou bem, mas foi alcançado pelo Ford. A
disputa foi decidida nas etapas finais, favorável ao Rei dos Passats em sua
sétima conquista. Na década seguinte a chegada do filho Cristiano nas pistas fez
com que finalmente o campeão pendurasse o capacete, não sem antes vencer de novo, desta vez com o
Chevette.
Férias da aclamada parceria.
Aos amigos Zé Carlinhos, e Marcelo Indy que muito contribuiu na pesquisa deste post.
Grande Toninho da Matta.
ResponderExcluirEu era criança e fui a Interlagos torcer pelos brasileiros na Copa do Brasil (um evento que merecia um tratado, de tão maravilhoso que foi).
Dentre os brasileiros, faltava Jose Carlos Pace. Mas havia um mineirim, de Alfa Romeo, chamado Toninho da Matta, muito bom.
Por razões que eu não entendo, há muito poucas fotos daquele campeonato, em que da Matta teve uma efêmera projeção internacional.
Obrigado, Rui, por colocar no lugar justo esse pilotaço.
Obrigado Walter, o Toninho foi um grande vencedor, gosstaria também de escrever sobre seu filho, o Chhristiano, um dia talvez!
ExcluirA Copa Brasil foi uma brilhante ideia de meu amigo Avallone, também estava lá, vou tentar conseguir algumas fotos.
Um abraço.
Meu nome é Reinaldo Balestra, de Inhumas- Goiás. Em 1976 disputei com José Junqueira "Carioca" e Clemente de Faria, entre outros mineiros, da Copa Minas-Goiás de Turismo e em 1977, no Brasileiro de Marcas, com Toninho da Matta. Foi muito gratificante poder conhecê-lo e disputar juntos, de Passat. É um grande cara. Gente fina.
ResponderExcluirObrigado pelo depoimento Reinaldo!
Excluir👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluir