segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

WEBER 48


LINDOS!
1978
No carro do Jr Lara

Outro dia mostrando os Weber 48 dos Formula 5.000 fiz um comentário sobre eles, e logo me enchi de recordações. Lembrei o primeiro par que comprei, lá no Pozzi, foi no ano de 1972, e antes de leva-los à oficina fiquei com eles uns dias em casa. Minha mãe olhava aquilo sem entender o que era, quando eu chegava em casa à noite ficava paparicando eles e os coletores, tudo novo, zerinho! Na época eu praticava tiro e tinha uma bela coleção de armas, que limpava sempre que podia, ela coitada deve ter pensado que era uma bazuca, e garanto que se soubesse que eram os carburadores do meu carro de corridas teria preferido mil  vezes que fosse a tal da bazuca! Saudades mãe!

1978/79 muitos amigos nesta foto, eu no #14 ao meu lado o Bambino-Adolfo Cilento- ao lado dele Duran, mais atrás Alex Silva, Fabio Levorin, Ricardo Bock, João"Alicatão"Lindau...
Alex

Em 1977/78 veio álcool nas corridas, e acertar a carburação dos D3 era um sacrifício. Cada Weber 48 duplo tinha duas canetas, giclês de alta e baixa, e com o novo combustível tudo tinha que ser testado. Os tipos de canetas era uns cinco, F2, F5, F7, F12, os giclês incontáveis, fora outros problemas como bóias e outras cositas más! 
Foi nesta época que descobrimos que ao contrário da gasolina, quando os dutos dos coletores tinham que ser bem polidos, no álcool eles tinham que ser ásperos, para que o combustível tivesse um turbilhonamento ao entrar na câmara de combustão.
O álcool trabalha com taxa de compressão maior que a gasolina, pois seu poder de explosão é menor, na época muitos tentavam esquentar os coletores para melhorar a explosão e muitos testes foram feitos, uns à base do chutometro, outros com bases mais técnicas.
Das velas não vou nem comentar, imaginem que usávamos as importadas e lá fora não existia o álcool combustível, então até acertar...
Em 1983 comprei o D3 dos Levorin, já contei aqui, e o carro veio com dois motores e apenas um par de Weber 48, eu tinha outro motor completo, com os carburadores e tudo mais. Antes da primeira corrida fiz alguns treinos, pois além de não pilotar a uns três anos, queria acertar o carro ao meu estilo e gosto. Nesta época apenas o Chapa e dois ou três auxiliares me acompanhavam à pista, ele com sua especialidade que eram os motores e o pessoal para ajudar.
Na primeira corrida, ainda com um motor que veio com o carro, eu vinha bem disputando o segundo lugar, quando na saída do Sargento meu motor foi para o espaço. “BUM” e lá fiquei eu parado olhando para os boxes, o  Chapa conta até hoje que o procurava, tinha até uma foto da cena, mas não era isso, estava apenas desolado com mais uma quebra, eu que tanto já tinha passado por aquela situação! 
Depois dessa corrida lembro que comprei um montão de peças novas de um piloto, não lembro quem, eram comandos, molas, varetas, pratinhos de válvulas de titânio, enfim muitas coisas e na oficina resolvemos refazer os três motores.  
Lembro como se fosse hoje, um dia na oficina o Chapa me diz que precisávamos uma nova bomba de combustível, pois achava que aquela ia quebrar. Ranzinza como sempre falou para que eu fosse comprar uma no Campo de Marte,  quando perguntei qual bomba ele me respondeu simplesmente que a do Cessna. Inútil perguntar qual modelo do Cessna e lá fui eu comprar a dita bomba elétrica!
Novinha na caixa assim que cheguei à oficina ele colocou no carro substituindo a outra, o carro nos cavaletes, e sempre ranzinza me disse, liga a ignição e lá fui eu ligar, liga a bomba e ela ligou, dá na partida e puft! Não funcionou, apesar da bomba funcionar, apenas um barulho esquisito nos carburadores.

1982, lá atrás os Weber 48.

Desliguei tudo e ele tirou a conexão que ia aos carburadores, logo a seguir liguei novamente a ignição e bomba, e... o jato que saía dela foi à uns 200/300 metros! Aqui “talvez” um exagero de minha parte, mas à uns 20/30 metros foi. Quando ele abriu os carburadores notamos que as bóias das cubas estavam esmagadas, parecia que meus “pezinhos” tamanho 45 haviam pisados nelas!
Voltei ao Campo de Marte com a bomba,e conversando com o pessoal do hangar onde tinha comprado descobri que a que precisava era a de transferência de combustível das asas, acho que do Cessna 310. E apesar da caixa já estar aberta gentilmente trocaram.
Outro dia voltando da fazenda do Dimas com o Duran, comentávamos e ele me disse, “pô, você não sabia que era a bomba de transferência?”, tá ranzinza como o Chapa! 
Montados os motores, cada um demorava mais de três horas apenas para o devido enquadramento do comando, coisa que o Chapa faz com maestria, fomos treinar novamente, já contei aqui e vou tentar achar onde, o dia em que com tudo na pista os motores estavam “apenas” sem os discos de embreagem.
Aqui outra lembrança, testávamos um motor com um comando violentíssimo,  pelo que me lembro do Super Vê americano, chegava se não me enganos às 8.500rpm, mas sua faixa de utilização era baixíssima, seu torque aparecia por volta dos 7.000/7.200rpm e só nesses 1.500/1.200rpm o motor tinha força, e que força! Mas era feito para um carro de 450kg e cambio de cinco marchas, nos VW D3 pesando pelo que me lembro 680kg e com cambio de quatro marchas era bem difícil de pilotar, um errinho, principalmente na saída do Sargento ou da Junção e lá se ia nosso tempo. Acertávamos esse motor em Interlagos e eu já estava impaciente, entra e sai do Box, troca giclê, caneta...e o Chapa me dizendo, manera por enquanto, como se isso fosse possível com aquela faixa de utilização! Parado no Box olho e vejo um amigo ao lado, irmão de piloto e ele mesmo piloto, me olhava com cara de quem estava louco para dar umas voltas. Desci do carro e falei para o Chapa, deixa ele dar umas voltas, enquanto descanso um pouco. Para meu espanto o Velho deixou, colocamos uns trecos no banco, mala de capacete, de macacão, toalha, meias e etc., pois tenho 1.90m e ele no máximo 1.70, afivelamos bem os seis pontos do cinto e lá saiu ele todo feliz. No final da primeira volta o Chapa já me buzinava nos ouvidos “vai encharcas as velas, ele não levanta a rotação...”na segunda lá foi ele para a mureta mandar o carro entrar no Box. Quando o amigo desceu do carro veio aquela enxurrada de reclamações, ainda bem que ele já tinha corrido com carro feito pelo Chapa e o conhecia de longa data. E lá fui eu novamente acertar aquele motor, apenas para concluirmos que era um foguete, mas não dava para correr com ele. Jamais contarei que o amigo em questão era o Bebeto Rossi, não adianta me pedirem!rs 

Largada 1982

Depois disso o Chapa e eu decidimos trazer o Carlão, que trabalhava também com o Jr Lara, para acertar chassi e dividir com ele as tarefas de pista. Já contei no Saloma e aqui como foi importante a chegada do Carlão para o acerto do chassi. Um dia ele me pede para certar os Weber e quando usamos pela primeira vez fiquei maravilhado, desde a marcha lenta, a uns 1.800/2.000rpm até o limite, agora meu carro acelerava firme e forte, o que certamente me deu mais tranqüilidade para andar, apesar de nossos comandos andarem sempre acima do cruzamento.
Quase finalizando quero comentar sobre os Weber 48; com ouvidos atentos, pode-se perceber o barulho do ar sendo sugado para dentro deles, a passagem pelos difusores, a mistura da alimentação, a passagem pelos coletores, a entrada na câmara de combustão, e a saída disto tudo no barulho ensurdecedor dos escapamentos. Acreditem em mim, este barulho vive até hoje em meus ouvidos e mente!
Ao Chapa, amigo querido de tanto tempo, Carlão, amigo e excelente profissional, Duran e Bebeto, e a todos mecânicos, pilotos e preparadores com os quais dividi e divido tantas aventuras, nas pistas e fora delas, um forte e carinhoso abraço à todos, e obrigado!

Rui Amaral Jr

13 comentários:

  1. Se não me engano os difusores erma diminuídos para 44 ou 46 para evitar que afogassem.

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  2. Roberto, difusores aumentavam a velocidade do ar absorvido, não lembro o diâmetro.

    Um abraço

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  3. Esses motores em Interlagos faziam 1.6km com um litro de álcool, em Tarumã o no Rio um pouco mais.

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  4. Rui,

    mais um belo relato de suas passagens pelas pistas...

    nos enriquece e nos faz compreender como nosso automobilismo se desenvolveu...

    abs...

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  5. Rui, o funcionamento eu sei mas o que quis falar foi a respeito da equação gigleur/difusor que no caso dos motores 1.6 precisavam ser reescalonados pois o Webber 48 eram previstos para motores bem maiores.

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  6. Veja Roberto, não lembro a medida do difusor para álcool, mas lembro que mudamos quando começamos a usar, vou perguntar ao Jr mais tarde.
    Agora com o álcool a mudança dos giclês era constante, além de termos muitos, tínhamos medidores e aquelas brocas da própria Weber para abrir.
    Qualquer mudança no tempo afetava os motores, as vezes até numa mesma volta, muitos motores foram para o espaço assim!
    Obrigado André.

    Abraços

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  7. Fabiani C Gargioni #274 de dezembro de 2012 às 21:27

    Grande Rui, bela história e eu já conhecia uma parte dela, mas sempre é bom ouvir os relatos de vcs sobre os carros da DIV-3, valeu!!!

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  8. Histórias deliciosas, de uma vida que estamos vivendo

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  9. Obrigado Fabiani e João Pedro, André, Roberto, é sempre muito importante para mim e para os amigos que aqui escrevem as manifestações de vocês!

    Abraços

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  10. È isso mesmo rui..
    o meu melhor cabeçote que fizemos tbm dormiu la em casa uns dias ao lado do H 34 hehehe...engraçado mesmo devia ser sua mae sem entender nada vc com seus brinquedos novos..abraço

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  11. Vitorio, fossemos normais e escolheríamos outro esporte, ping pong, bolinha de gude ou botão!
    mas...conta aí das namoradas ou mulheres vendo as mãos sujas de graxa, opa sujas não, pois aquela graxa não suja, são marcas de nosso trabalho!rsrsr

    Um abração

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  12. Rui, estou adorando ler este diário de aventuras!

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Rui Amaral Jr