Chico Landi e a Ferrari 375.
É preciso dizer que o Brasil, não atingiria uma gloriosa fase de oito campeonatos no Mundial de Fórmula 1, não fosse a participação quase anônima destes pioneiros cujos nomes destacaremos aqui. É provável que até existam outras figuras, tão importantes quanto estas, e que estejam perdidas por aí – a história por vezes é cruel - mas aguardemos. Tudo começou no GP da Itália de 1951, quando o paulistano Francisco Sacco Landi, o Chico Landi, largou para a prova em Monza. Ele deu apenas uma volta – e parou com problemas de transmissão em sua Ferrari 375 - mas foi o suficiente para que a trajetória do Brasil nas pistas começasse a ser escrita. Na temporada seguinte, Chico retornou, mais uma vez, com espírito de desbravador. Unido ao uruguaio Eitel Danilo Cantoni, o argentino Alberto Crespo e ao brasileiro Gino Bianco, fundou a Escuderia Bandeirantes, com carros Maserati A6GCM. A equipe, com seus carros pintados de amarelo e rodas verdes, tornou-se o primeiro time brasileiro da F1, muitos anos antes da tentativa dos Irmãos Fittipaldi nos anos setenta. A primeira aparição da Escuderia foi no GP de Silverstone/52, com Bianco conquistando a 18ª posição; Cantoni, com problemas de freios, abandonou. Em Nurburgring/52, Gino nem largou e Cantoni só completou quatro voltas até parar. Na prova de Zandvoort/52, Landi consegue a então melhor colocação da equipe: 9ª posição, em dupla com o holandês Jan Flinterman; Bianco, que até largou melhor, em 12º lugar, para após quatro voltas. Em Monza/52, a Escuderia se apresenta completa: Chico Landi é o 8º, Cantoni o 11º, Gino tem problemas de motor e Crespo não se qualifica.
Eitel Danilo Cantoni.
Gino Bianco
Para um time que veio de tão longe e na época, a Europa era muito mais longe e de muitas maneiras, os seus resultados não eram ruins. Mas a falta de apoio fez com que essa corajosa tentativa terminasse. Seu budget era mantido pelas iniciativas pessoais de Landi, Cantoni e de Luigi Emilio Rodolfo Bertetti (nome verdadeiro de Gino, nascido em Turim). Em 1953, Chico Landi participa de dois GPs, o da Suiça e o da Itália. Em Bremgarten, sua caixa de câmbio cede quando faltam onze voltas e em Monza, Chico tem problemas de motor. Levemos em conta que ele ainda está com seu defasado A6GCM, enquanto a concorrência tem modelos mais evoluídos.
O Gordini T16
Gordini T32
É assim que levaremos dois anos para contarmos de novo com um representante, Hernando da Silva Ramos, o Nano. Pilotando um Gordini T16, Nano estréia com uma oitava posição no GP de Zandvoort; em Aintree, ele tem problemas de motor e em Monza também abandona, com problemas de combustível. Em 1956,enfim os primeiros pontos para o Brasil na F1: no GP da Argentina, ressurge Chico Landi, que correndo em parceria com o italiano Gerino Gerini num Maserati 250F, termina em 4º. Nesses casos, previa o regulamento, os pontos atribuídos à colocação eram divididos entre os pilotos, no caso, 1,5 ponto para cada um. No GP seguinte, em Mônaco, Ramos conquista uma importante quinta posição; em Reims ele é de novo o oitavo e em Silverstone, estréia o Gordini T32, mas terá problemas mecânicos. Ele participará pela última vez de um GP, na Itália, onde não termina por causa do motor. E passa à História como o piloto brasileiro a marcar mais pontos no Mundial (2 x 1,5) e que mais vezes correu (7 vezes contra 6 de Chico Landi e 4 de Gino Bianco).
Herbert Mackay-Fraser
Herbert Mackay-Fraser pilota uma BRM P25 em Rouen no GP da França 1957
Herbert Mackay-Fraser e sua Ferrari 750 Monza em Outon Park.
Em 1957, uma passagem meteórica de um pernambucano pela F1: Herbert Mackay-Fraser. Filho de um importante homem de negócios, morou nos Estados Unidos e adotou essa cidadania. Correu na Europa a partir de 1955, com carros Lotus. Sua única participação na Fórmula 1 ocorreu no GP da França/57 em Rouen. Seu carro é um BRM P25, mas abandona na 24ª volta, por problemas na transmissão. Restou a curiosidade sobre o que ele poderia fazer na categoria, pois semanas mais tarde, Mac Fraser sofreu um acidente fatal num prova de F2 em Reims, com um Lotus. Seria ele, apontam as estatísticas, o primeiro piloto a falecer ao volante de um carro projetado por Colin Chapman.
Vitória em Brands Hacht, Mackay-Fraser e Jay Chamberlain, pilotando a Lotus Colin Chapman.
Herbert Mackay-Fraser 1922-1957
O acidente fatal de Herbert Mackay-Fraser
Mais dois anos sem participação brazuca e chega a vez de Frederico José Carlos Themudo d`Orey, o Fritz d`Orey. Considerado promissor, Fritz recebeu a ajuda de ninguém menos que o lendário Juan Manuel Fangio em sua aventura no Mundial de F1. Sua estréia ocorreu em Reims/59, com um Maserati 250F. Foi o décimo colocado depois de largar em 18º num grid de 22 carros. Esteve também em Aintree na Inglaterra, mas sofreu um acidente e em Sébring, participou com um Tec-Mec Maserati, que teve problemas mecânicos. A carreira de Fritz d`Orey foi brutalmente interrompida em 1960, após um sério acidente nas 24 Horas de Le Mans, em junho de 1960.
Fritz d`Orey, com um Maserati 250F, Reims/59
O acidente de Fritz em Le Mans.
A estes senhores, o nosso respeito.
Parabéns Rui!Belo post com histórias apaixonantes.
ResponderExcluirNão conhecia o Gordini T 16 e T32,um belo carro.
Rui,
ResponderExcluirÉ de arrepiar a história desses pioneiros da F1. Chico Landi ainda é um personagem pouco conhecido, ele que fez tanto pelo automobilismo brasileiro e competiu durante toda a vida. Lembro dele correndo com Opala e Fúria.
Vamos cultura nossos ídolos.
Danilo Kravchychyn
Ponta Grossa - PR
Lindos, mas as porradas com eles eram feias demais...
ResponderExcluirCom estes pioneiros é que o automobilismo mundial foi evoluindo aos poucos...morria-se bestamente por absoluta falta de condições técnicas, de evolução na resistência dos materiais...hj nos passa a idéia de uma facilidade muito grande para pilotar estes carros de fórmula Um, claro que estou sendo otimista demais, mas a evolução dos carros seguiu-se da evolução na preparação fisica dos pilotos...MUITO BOM MAIS ESTE TEU POST.
ResponderExcluirObrigado meus amigos, realmente naquela época era terrivel!
ResponderExcluirSem cintos de seguraça nem tampouco Sto Antonio, cheguei a ver isso de perto quando ia a Inerlagos com meu irmão lá pelos meus 8 anos, estava lá qd o Celso Lara morreu em um acidente que hoje em dia não traria consequencia maiores.
Não se esqueçam que quem escreveu o texo foi meu amigo Carangujo.
Abs
Rui,
ResponderExcluirO Caranguejo tem um acervo espetacular de histórias do auromobilismo. Torcemos para que ele se anime a contá-las no seu excelente blog.
Abraços
Danilo Kravchychyn
Ponta Grossa - PR
Grande Rui,parabéns à vc e ao Caranguejo por mais esta obra prima,por acaso o Bianco citado caima tem algo a ver c/ o Toni???
ResponderExcluirValeu Fabiani Alicatão!
ResponderExcluirDanilo vai em marcadores na barra lateral e procura em Caranguejo ou Henrique Mércio que vc vai ver inúmeras postagens dele.
Abs
Obrigado pelas palavras Danilo e Fabiani. Quanto a uma ligação entre Gino e Toni Bianco, fica a curiosidade. O Toni, atuava mais em SP, foi parceiro do Chico Landi na construção daquele Fórmula Júnior, o último carro pilotado pelo Celso Lara Barberis. Já o Gino, seu nome verdadeiro era a união dos nomes de dois irmãos pilotos, Luigi e Emilio Villoresi (coincidência ou não?)e ele era radicado no RJ.
ResponderExcluirCaranguejo