A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Rio Negro - Tragédia na Um -

 

Quatro Rodas Julho de 1962

 Ontem quando mostrei o Camilo no Porsche 550 RS não havia lido o recorte da QR que o Romeu havia enviado. A trágica corrida e suas consequências. Mais tarde o Romeu comentou no post, e esclareceu tudo...
"Rui essas fotos que mandei, são do dia 20/05/62. Nessa prova morreu o piloto Rio Negro, que partiu ao meio ao bater nos eucaliptos da curva 1, a Ferrari 290MM, que era do Agnaldo de Góes. Na foto 2 além do Camilo, estão o Rio Negro ao lado do Porsche 550,#8A, atrás o Celso L. Barberis, com a Maserati #28 e ao lado dele o Celidonio com outra Ferrari #66." Romeu Nardini.

Camilo Porsche 550 RS, ao seu lado Celso Maserati 300S, atrás Celidonio Maserati e Rio Negro com a Ferrari MM. 

 Sobre o acidente já ouvi tantas histórias. 
Histórias de amigos mais velhos e que correram em outras categorias no mesmo dia.
Uma delas que é factível; Agnaldo não poderia correr por motivos outros, cedeu a Ferrari ao Rio Negro apenas para completar o grid de cinco carros, o mínimo para uma largada. E que o combinado foi que ele largasse e desse apenas uma volta, para em seguida abandonar.
Outra conta que a Ferrari tinha a pedaleira com os pedais de freio e embreagem invertidos, e ao frear para a curva Um ele havia cometido algum engano.  

O certo é que na verdade a Ferrari, um verdadeiro carro de corrida, complicado de pilotar. Diferencial autoblocante, cambio seco, as marchas não eram sincronizadas, e por aí vai.

Meu irmão Paulo me contava sempre de sua experiência com uma Ferrari que seu amigo Agnaldo - Araujo de Goes Filho - queria vender para ele, não sei se o mesmo carro. Contava sobre o cambio seco, da violenta resposta do motor. Cerca de cinco anos atrás, após a mote de meu irmão, conversando com um concunhado dele, o Carlão - Whitaker Sobral -, ele me contou que saiu algumas vezes com o Paulo na Ferrari, e que realmente mesmo nas ruas era complicado dirigir o carro.


 

 A triste verdade é que a tragédia de Rio Negro é uma daquelas que ficará eternamente sem que ninguém saiba o verdadeiro motivo.

Obrigado Romeu.


Rui Amaral Jr 

Depois da tragédia Agnaldo deu a suspenção traseira da Ferrari ao Camilo, na foto ele fazendo  a adaptação em sua carretera. Vê-se claramente o De Dion, as molas semi elípticas ao alto, a ponta de eixo sem os tambores de freio. No painel o volante que parece de uma Ferrari.  

Celidonio larga em sua última parada no box, para vencer em dupla com Camilo, as Mil Milhas Brasileiras de 1966.

   









quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Camilo e o Porsche 550 RS


 Nas duas fotos que recebi de meu amigo Romeu Nardini o Camilo pilotando o Porsche 550 RS. A foto deve ser de 1959/60, o carro ainda estava vermelho, a mesma cor que o Celso usou. Já em 1961 ele foi comprado por meu pai e meu irmão e Luciano Mioso correram os 500 KM de Interlagos com ele.
Não encontrei nenhuma referencia sobre a corrida, deve ser, como se vê na ponte, a comemoração do aniversário da ACRSP - Associação dos Cronistas Esportivos de São Paulo - vou fuçar mais e conto assim que encontrar. 
Não sei a autoria da foto, mas assim que requisitado colocarei os devidos créditos!


#8 Camilo, duas Maseratis e atrás dele o que acredito ser uma Ferrari, igual à que meu amigo Adolfo Cilento teve muitos anos depois.
E para não esquecer o grande ídolo, na foto de meu amigo Mike Mercede, Eduardo Celidonio parte para a vitória nas Mil Milhas Brasileiras de 1966...


Rui Amaral Jr



domingo, 1 de novembro de 2020

Amadeu Rodrigues - 6 de Agosto de 1955 - 31 de Outubro de 2020

 


  Excelente filho, marido e pai, é com muita tristeza que transmito à vocês que ontem por volta da 23h meu amigo perdeu a vida. Voltava de Goiânia  da prova de Endurance, com sua mulher e equipe, quando sua van bateu numa carreta estacionada a beira da pista. Nada de muito grave aconteceu aos outros ocupantes.

Amadeu vivia para família e para o automobilismo. Guerreiro, batalhador, conseguiu montar uma grande equipe.

A sua mãe, mulher e filhas minhas mais sinceras condolências.

Deus o tenha.

Rui Amaral Jr

  


Largando na pole em Interlagos, ao seu lado Arturo, mais atrás dois outro amigos queridos, Jr Lara e Zé Romano.


Vencendo no Rio.
Interlagos- 4º ao lado de Zé Romano.

Com o #40 ao meu lado em Interlagos - Foi uma honra dividir as pistas e amizade com você meu amigo, descanse em paz.

PS: Hoje por volta da meia noite e pouco liga o Julio Caio com a triste noticia, atônito ainda não sabía os detalhes do acidente, logo liguei para o Arturão que ainda não sabia. Hoje infelizmente tive que conversar com o Ricardo Bock, abalado com a notícia. Todos atônitos e muito tristes com a perda do amigo. 









quinta-feira, 29 de outubro de 2020

1.000 KM de Caracas - 1957

Equipe Ferrari.

Luigi Musso, outros tempos...

1957, a corrida venezuelana se transforma, mudam o circuito para um com cerca de dez quilômetros, sinuoso, com alguns trechos apertados, perigoso, e a distancia é de mil quilômetros.

A nova denominação para o GP da Venezuela é “1,000 KM de Caracas”, prova válida para o “F.I.A. World Sports Car Championship”, sendo sua sétima etapa.

Válida para o mundial quarenta e um carros se inscreveram e largaram trinta e oito.

A 335 Sport de Collins/Phil Hill, 1º lugar .

TR 500 58 de von Trips/Seidel. 3ª e 1ª na categoria até dois litros. 

A Ferrari com nove carros, quatro da equipe, duas 335 Sport para as duplas Hawthorn/Musso e Phil Hill/Collins. Duas 250 TR-58 para Von Trips/Seidel e Trintgnat/Gendebien.

450S de Moss/Brooks.

450S de Behra/Brooks.

A bela 200S de 2.000cc de Sergio Gonzalez/Alberto Gutierrez, inscrito por equipe venezuelana.

A Maserati também com nove carros, quatro da equipe, duas 450S para Behra/Moss/Schell com Brooks de reserva e a outra Moss/Brooks com Behra e Schell na reserva. Duas 300S Bonnier/Scarlatti/Brooks e Gutierrez/Godia-Sales/Scarlatti/Brooks.

Masten Gregory/Duncan com outra 450S, da equipe Bueli.

Porsche seis carros.

Corvette C1 de Jim Jeffords/Fred Windridge

Corvette quatro


AC Ace motor Bristol de 1971cc de Augusto Gutierrez/Deblin.

AC seis.


 OSCA MT4 de Isabelle Haskell/Alessandro de Tomaso. 

Osca três.

Aston Martin DB3S de João Rozende Dos Santos/Francisco Borges.

Um Aston Martin DB3S e uma Lotus Seven.

Três mulheres inscritas, Isabelle Haskell com Alessandro de Tomaso numa Osca MT4. Ruth Levy e Denise McCluggage de Porsche 550 RS que chegaram em décimo terceiro lugar, quarto na categoria até 1.500cc.

A grande ausência foi Juan Manuel Fangio, recém coroado com seu quinto Campeonato Mundial de Formula Um.

GRID

Nos treinos Moss detona os cronômetros, as Maserati 450 S são mais rápidas que as Ferrari 335 Sport. Na classificação Moss crava a pole com 3`41``100/1.000 segundos, média de 161 km/h, meio mais rápido que seu companheiro Tony Brooks e quatro e meio mais rápido que a Ferrari de Hawthorn/Musso os terceiros.

 

O circuito é rápido e perigoso...

A CORRIDA

Masten Gregory.Masten Gregory toma aponta com a 450S, para logo ao final da reta dar a primeira do que seria uma série de pancas! Saiu rápido do carro que já ameaçava pegar fogo.

Hawthorn toma a ponta.

Depois Behra, provavelmente dando volta no 550 RS de Edgar Barth/von Hanstein, 5º colocado e vencedor na categoria até 1.500cc. 

Hawthorn e Collins com as 335 Sport tomam a ponta com Behra na 450S vindo logo atrás. Moss que caiu para último na largada já vem em décimo. Na volta trinta e um Moss crava 3”39””449/1.000 a melhor volta da corrida, quase dois segundos abaixo da pole, vem no segundo lugar, atrás de Collins, para logo a seguir encontrar o AC-Ace de Dressel,  e numa bobeada do inglês e talvez dele mesmo, batem numa freada!

O Ac-Ace de Antonio Izquierdo/Juan Uribe.

O Ac Ace de Hap Dressel...

...e o estado da Maserati de Moss.

Algumas volts depois Behra trás sua 450S para reabastecer, e numa cena de arrepiar, quando Behra dá a partida uma chama começa a arder na traseira do carro, ele pula e cai se machucando, o mecânico chefe da Maserati se queima gravemente. O chefe da Maserati manda Moss tomar o lugar de Behra, o  inglês ainda meio atordoado por causa da panca, sai com o carro para na volta seguinte parar...seu traseiro queimava com alguma brasa do fogo. Schell assumiu a 450S para em algumas voltas tomar a ponta. 

A Maserati de Binnier no poste e a de Shell no muro...

e pega fogo! 

Vinte três voltas depois Schell vem ponteando soberbamente sobre as Ferrari, e ao colocar volta sobre seu companheiro de equipe Jo Bonnier, com uma 200S de 2.000cc. Estoura um pneu de Bonnier e os dois batem, segundo o relato da Wikipédia, ambos conseguem pular de seus carros antes das batidas, em artigo que li talvez décadas atrás e que não encontrei, o autor afirma que foram lançados. A 200S de Jo se parte ao meio na batida com um poste, tendo ele se ferido. A 450S de Harry bate num muro e felizmente ele saiu ileso.

Fim da corrida para a equipe da Maserati, as 335 Sport, que não eram páreo para as 450S, nadaram de braçada...

RESULTADO



A Maserati que havia chegado a Caracas com uma mão no titulo mundial, agora via sua arqui rival colocando quatro carros nos quatro primeiros lugares. A Ferrari vencia o mundial, apenas cinco pontos à frente.

A equipe Ferrari cruza a linha de chegada com os quatro carros alinhados, como fez cerca de dezoito anos depois em Daytona! Pena que não encontrei a foto.

Depois dessa corrida a Maserati, leia-se família Orsi, resolveu acabar com a equipe de fábrica, havia vencido o mundial de Formula um com Fangio, e este seria seu segundo campeonato sobre a equipe de Enzo.

Continuou fabricando carros de corrida, apenas que agora apenas os vendia a equipes particulares. Um grande exemplo foi a Mod 61-Birdcage, uma sucessora à altura das grandes 250F e 450S.

 

Rui Amaral Jr

 

Fontes de pesquisa e fotos: 

WIKIPEDIA https://en.wikipedia.org/wiki/1957_Venezuelan_Grand_Prix

Racing Sports Cars https://www.racingsportscars.com/race/Caracas-1957-11-03.html