A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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terça-feira, 2 de julho de 2013

GIOVANNI, O CASTELAMARESE


Giovanni Salvati nasceu em Castellammare di Stabia em 2 de novembro de 1941. Seu interesse pelo esporte a motor surgiu nos anos 60, quando sua família transferiu-se para Milão e a proximidade com a mítica pista de Monza fez o resto. Em 1966, estréia nas pistas através da Fórmula 875 Monza, uma categoria voltada para estreantes, com monopostos equipados com o motor do Fiat 500. No ano seguinte, passa para a Fórmula 850, onde obtém suas primeiras vitórias: de 67 a 68 são quatro primeiros lugares. Em 69, com a parceria do irmão Adriano, Giovanino monta a “Scuderia Italia” e parte para a Fórmula 3, correndo com um velho Tecno. Aguerrido e combativo, sente-se à vontade, ainda que divida o grid com adversários notáveis como Ronnie Peterson. Com esse aprendizado, consegue em 1970 um dos grandes resultados de sua carreira, vencendo o campeonato italiano de Fórmula 3 com quatro vitórias e dois segundos lugares. Nessa mesma temporada, vence o Gran Premio Lotteria di Monza para carros de Fórmula 2, batendo pilotos como o escocês Gerry Birrel e o italiano Ernesto Brambilla. Em 1971 vem ao Brasil, como o grande laureado do “Casco d`Oro” da revista Autosprint, para disputar o Torneio Internacional de F3 e impressiona, sendo considerado um dos favoritos ao título do Campeonato Europeu de F2, do qual irá participar ao longo do ano. Mas apesar de não ser nenhum estreante, os bons resultados escasseiam e Salvati só se destaca na etapa de Ímola, quando chega em segundo, atrás de um certo José Carlos Pace. Contudo em setembro, embarca para o Brasil para participar do Torneio Internacional de F2, com seu March 712M da Scuderia Ala d`Oro. Os resultados entretanto, continuam modestos; uma singela 5ª posição, um abandono...Mais importante é o contato que faz com o britânico Graham Hill, um bicampeão da Fórmula 1. Hill, que também está correndo no Brasil, fica impressionado com a tocada de Salvati. Graham promete que irá auxiliá-lo no próximo passo de sua carreira, a Fórmula 1. Mas isso foi antes da trágica corrida de Tarumã, onde um sempre motivado Giovanni briga com Wilson Fittipaldi Jr. Por uma quarta colocação. Ao tentar surpreender Wilson com uma ultrapassagem por dentro na Curva 1, Salvati não consegue vencer a curva e bate forte no guard-rail. É o fim. Dois anos após sua morte, é criada a Scuderia Salvati, buscando a formação de novos pilotos. Ali será revelado o talento de Michelle Alboretto, mais tarde vice-campeão mundial de F1 pela Ferrari e vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1997. Outra conquista, mesmo à distância, de Giovanni Salvati.

Caranguejo

 Formula Monza 875
 Formula 850
Formula 850 Monza
 Formula 3, preparando-se para largada...
 GP LOTTERIA DI MONZA,1970 (F2) - Salvati, Garry Birrel e Tino Branbilla...
 MONZA, 1969 (F3) Peterson vs. Salvati...
Formula 3
Salvati entre os dois  Branbilla, Vittório e Ernesto em  Ímola...
 Formula 2, Interlagos 1971...
 Já em Tarumã...



AUTOSPRINT



o texto traduzido

Porto Alegre - Havíamos dito logo depois da corrida que as causas da tragédia eram três: a sujeira (poeira) na pista, o guard rail muito perto da pista e fora das normas de segurança e uma manobra arriscada da parte de Salvati que uma vez decidida a ultrapassagem  não encontrou como voltar atrás. 
Reconstruímos o acidente ponto a ponto conversamos com todos envolvidos direta ou indiretamente na tragédia.
A March 712 de Savalti  era um carro construído em 1971, exatamente em Maio, e estava em boas condições. Os pequenos acidentes de Salvati em Albi, Tulln e Roma não haviam trazido nenhum problema ao carro, apesar do mono coque (chassi) da March ser delicado e fácil de deformar. 
Sexta Feira a noite Raimond, o mecânico de Salvati, descobriu que a travessa de ataque (creio ser o tirante que sai do chassi) da suspensão posterior  estava  quebrada e providenciou sua substituição, sendo que no Sábado o carro estava em perfeitas condições, como demonstrou a checagem dos pneus feita pelos técnicos da Firestone.
Domingo na primeira bateria Salvati era o quarto colocado na primeira volta atrás de Reutmann, Peterson e Emerson Fittipaldi. Na próxima volta foi superado por Schenken e permaneceu em quinto até a nona volta quando Pace começou a ameaçá-lo. Os quatro primeiros tinham uma certa vantagem e Pace e Salvati juntos e de acordo começaram a avançar e alcançar os quatro primeiros aproveitando a briga pelo primeiro lugar, e depois de dois terços da corrida estavam encostados nos primeiros (nos quatro primeiros). 
Nesta altura, na mesma curva que aconteceu o acidente, e onde Salvati poderia ganhar alguns décimos de segundo sobre todos, como ele mesmo disse, a March do italiano roda e para sentido contrário tocando ligeiramente (no guard rail) a traseira e a parte da frente esquerda. Salvati engatou a primeira e tentou sair, mas ao engatar a segunda marcha quebrou a alavanca de cambio e é forçado a retirar-se. A razão da rodada como ele mesmo disse foi uma distração ao controlar o comportamento de Pace e não a quebra da alavanca como pareceu à primeira vista. 
Quando o carro foi trazido ao Box a parte traseira e o cambio foram reparados sem dificuldades; poucos minutos antes da partida da segunda bateria, complementando todas verificações, o mecânico notou que o <> (ball joint) do monocoque da suspensão dianteira esquerda estava levemente dobrado (acredito que avariado).
Apenas naquele momento Giovanni disse haver tocado também com a dianteira - ate aquela hora ninguém sabia - quando então o mecânico insistiu para que ele não largasse para evitar riscos inúteis já que estava fora da classificação.
Uma rápida verificação da convergência (da suspensão dianteira) mostrou que o problema era mínimo por isso Giovanni resolveu dar uma volta ao fim da qual entrou nos boxes e disse que tudo estava bem. Depois de mais pedidos para que não largasse, fez mais uma volta provando o carro, e  combinou que daria apenas alguma voltas na corrida parando logo a seguir. Como já dissemos sua intenção verdadeira, mesmo sem a declarar, era fazer uma bela corrida para confirmar suas habilidades além de conseguir uma boa classificação na bateria.
Largou da última fila pelo lado de fora e ao termino da segunda volta estava já em quinto atrás de Emerson, Schenken, Reutmann e Wilson Fittipaldi. Daí para frente e por 70 quilômetros de corrida Wilson Fittipaldi e Salvati correram colados. A preocupação de Wilson era apenas a recuperação de Pace, que havia largado mal, e de quem espera tirar o terceiro lugar na geral, e corria no limite. Salvati o seguia com facilidade,  de modo que a tentativa de uma ultrapassagem era viável aí ele iria andar sozinho. Mas em Tarumã é dificílimo ultrapassar pois é difícil achar o lugar onde entrar por dentro para efetuar a ultrapassagem: todas curvas são de alta e as frenagens são curtas tornando a manobra muito difícil.
A segunda bateria prosseguia disputadíssima, tanto que o tempo final da bateria, mesmo com o socorro prestado (a Salvati) foi superior ao da primeira: Contra os 31`50``5 de Reutmann vencedor da primeira, Fittipaldi ao vencer a fez 31`47 e 3 décimos.
Nesta condições e andando no mesmo ritmo dos primeiros a March de Salvati se mostra eficientíssima e mesmo o pequeno problema de convergência não trás conseqüências pois a verificação do pneu dianteiro, feita depois do acidente mostrou um desgaste normal. 
Assim começa a 23ª volta; Emerson, Schenken e Reutmann estão à 30 segundoos à frente de Wilson Fittipaldi e Salvati seguidos de Pace à 1 segundo e 4 décimos, se aproximando depois de sua recuperação da ultima colocação.
Durante a 23ª volta Salvati tenta ultrapassar Wilson na descida atrás dos boxes  mas desiste.
Na linha de chegada da 24ª volta Salvati passa à 9.900 rpm em quinta marcha, o que corresponde em sua relação de cambio a pouco menos de 220 km/h, na curva que se seguia e como dissemos antes ele estava entre os que entrava mais rápido.
Wilson Fittipaldi trouxe o carro para o centro da pista, e Salvati teve que levar seu carro mais à esquerda. Fittipaldi retardou a freada ao máximo e no ponto em que freou o nariz da March de Giovanni estava na metade de seu carro. 
Se Salvati freasse quando estava ao lado do brasileiro: a mesma manobra tentou Schenken contra Peterson na primeira bateria.
Porem Salvati retardou a freada ao máximo, passou Fittipaldi e quando freou a roda da frente bloqueou, até por causa da poeira da pista. Ele girou o volante mas não parou de frear, o carro prosseguiu em linha reta e bateu no guard rail com uma angulação mínima. 
O porque de não parar de frear, coisa que poderia ter feito o carro bater em outro ângulo ou tentar uma rodada, há uma hipótese bem verossimel  de Salvati ter evitado envolver Wilson num acidente que poderia ser muito grave.
Quando Salvati percebeu que saía não deve ter pensado nas conseqüências trágicas que viriam, pois se o guard rail estivesse posicionado corretamente o acidente certamente não seria fatal. 
Ao contrário o guard rail  subiu como uma tira de lona e o carro entrou embaixo com três das quatro rodas.
A razão da barreira ter subido é devido a uma circunstancia infeliz: no ponto do impacto passa sob a pista uma estrutura de cimento armado, e neste ponto a base do guard rail é colocado a poucos centímetros de profundidade, ao contrário dos outros lugares.
Isto determinou que os guard rail próximos ficassem à uma altura de 15 centímetros da pista. 
Como já dissemos para Giovanni as conseqüência foram gravíssimas e apesar do socorro ter sido rapidísPorto Alegre - Havíamos dito logo depois da corrida que as causas da tragédia eram três: a sujeira (poeira) na pista, o guard rail muito perto da pista e fora das normas de segurança e uma manobra arriscada da parte de Salvati que uma vez decidida a ultrapassagem  não encontrou como voltar atrás. 
Reconstruímos o acidente ponto a ponto conversamos com todos envolvidos direta ou indiretamente na tragédia.

Na linha de chegada da 24ª volta Salvati passa à 9.900 rpm em quinta marcha, o que corresponde em sua relação de cambio a pouco menos de 220 km/h, na curva que se seguia e como dissemos antes ele estava entre os que entrava mais rápido.
Wilson Fittipaldi trouxe o carro para o centro da pista, e Salvati teve que levar seu carro mais à esquerda. Fittipaldi retardou a freada ao máximo e no ponto em que freou o nariz da March de Giovanni estava na metade de seu carro. 
Se Salvati freasse quando estava ao lado do brasileiro: a mesma manobra tentou Schenken contra Peterson na primeira bateria.
Porem Salvati retardou a freada ao máximo, passou Fittipaldi e quando freou a roda da frente bloqueou, até por causa da poeira da pista. Ele girou o volante mas não parou de frear, o carro prosseguiu em linha reta e bateu no guard rail com uma angulação mínima. 
O porque de não parar de frear, coisa que poderia ter feito o carro bater em outro ângulo ou tentar uma rodada, há uma hipótese bem verossimel  de Salvati ter evitado envolver Wilson num acidente que poderia ser muito grave.
Quando Salvati percebeu que saía não deve ter pensado nas conseqüências trágicas que viriam, pois se o guard rail estivesse posicionado corretamente o acidente certamente não seria fatal. 
Ao contrário o guard rail  subiu como uma tira de lona e o carro entrou embaixo com três das quatro rodas.
A razão da barreira ter subido é devido a uma circunstancia infeliz: no ponto do impacto passa sob a pista uma estrutura de cimento armado, e neste ponto a base do guard rail é colocado a poucos centímetros de profundidade, ao contrário dos outros lugares.
Isto determinou que os guard rail próximos ficassem à uma altura de 15 centímetros da pista. 
Como já dissemos para Giovanni as conseqüência foram gravíssimas e apesar do socorro ter sido rapidíssimo foi inútil.

Também a hipótese de uma falha é descartável: Reusch falou de um possível travamento do acelerador, sustentada pelo fato do carro do italiano ter freado apenas com as rodas dianteiras e ter passado pelo de Fittipaldi à uma velocidade muito superior; mas nenhuma das testemunhas percebeu o motor continuar acelerado após o acidente, e a observação da guilhotina da injeção observou um parcial deslocamento do cabo do acelerador devido a torção do chassi no momento da colisão. Em definitivo foi uma serie de circunstancias que individualmente não trariam um risco tão grave. 
Porem mesmo esta observação, da qual podemos tirar a conclusão que foi uma fatalidade,  mostra que a segurança nas pistas deve ser procurada de todas as formas e particularmente que a dinâmica de um acidente nos faça entender que a soma de tantos elemento são fundamentais para levar à uma tragédia.

Gabriela Norris

 Wilson e Salvati...
 A rodada da primeira bateria...



Instantes antes de bater na segunda bateria...

"Os brasileiros se defendem" 
"Porto Alegre - O presidente do Automovél Club do Rio Grande do Sul, organizador com outros da competição, rejeitou com energia as criticas de alguns jornais italianos dizendo apenas " as acusações são absurdas já que mesma FIA fez uma inspeção e não encontrou nenhum defeito"
(Na visão deles nós sempre somos os culpados, até pela falta de competência e irresponsabilidade deles! Rui Amaral Jr)
O guard rail aprovado pela FIA!!!!


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Ah pilotos!!!
Somos apenas os palhaços deste circo, simples palhaços pois até um Alicatão como eu é lembrado após tanto tempo pelas crianças que nos aplaudiam, talvez pensando que somos super quando apenas fazemos o que amamos,  apenas mostramos nossa arte e somos simples mortais!
Talvez alguns participantes deste circo pensem que ir buscar décimos de segundos numa freada seja loucura, ou colocar o carro ao lado de um companheiro em outra freada, ou fazer cravada aquela curva de alta tentando ganhar outros décimos de segundo ou ainda dividir uma largada com muitos outros quando talvez fosse mais prudente ficar para trás e ver o que acontece.
Sim, palhaços, palhaços malucos que apenas amam o que fazem, conhecemos os riscos e colocamos nossas bundas em carros de corridas nunca pensando no pior apenas em seguir, para um dia talvez contarmos aos nossos filhos.
À muitos que ficaram neste caminho...Giovanni, Jimmy, Jochen, Ignazio, Ayrton, Celso, Gustavo, Allan...aos amigos que dividiram o picadeiro comigo e à todos aqueles que ainda maravilham crianças com sua arte.

Rui Amaral Jr   







terça-feira, 25 de junho de 2013

Caranguejo...

Dos inúmeros e-mails trocados com o Caranguejo, e bota inúmeros nisto, muita conversa sobre tudo que diz respeito ao automobilismo, algumas vezes assuntos sérios, outras comentários certamente impublicáveis, mas sempre querendo mostrar à todos alguns belos momentos do esporte. Na sequencia algumas fotos de caronas na F.Um...

 GP da Bélgica 1961 Maurice "Le Petulet" Trintignant carrega Innes de Ireland 
 GP da França 1965, Clermont-Ferrand, Big John dá uma carona a Clark 
1964 Bélgica, Spa, Peter Arundell leva seu companheiro de equipe Jimmy Clark
 Graham Hil era posudo até quando tomava uma carona com Innes de Ireland
 A equipe Lotus em 1960, Colin, Innes de Ireland, Clark e Alan Stacey em Mosport 

    

quinta-feira, 20 de junho de 2013

500 KM de Interlagos 1961

Nas décadas de 50 e 60 do seculo passado as empresas capitaneadas por meu pai Rui Amaral publicavam uma revista, não sei se bimestral, onde os acontecimentos de cada uma das empresas eram mostrados aos nossos funcionários, fornecedores e clientes.
Guardo alguns exemplares e sempre que sobra algum tempo mostro no blog das Cestas De Natal Amaral onde tento contar a trajetória desses seres incríveis que foram meu pai e minha mãe Arinda Amaral Lemos.
Hoje ganhei de minhã irmã Maria Aparecida "Cida" Amaral Lemos e de meu sobrinho Frederico Amaral Battendieri a edição que mostra a participação de meu irmão Paulo nos 500 KM de Interlagos de 1961.   
Eufemismos à parte,  afinal ele era o  filho do patrão, não deixa de ser mais um importante resgate da história de nosso automobilismo, coisa que nós, meus parceiros e eu tentamos trazer à vocês!

À Cida e Fred


Rui Amaral Jr








segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dos amigos...

tanta coisa a dizer, ou escrever, e fico aqui matutando!
A lida do automobilismo é dura, quem vê de longe não imagina, os pilotos que por aqui passam bem sabem, talvez bem melhor do que eu.
Acertar um carro é uma tarefa difícil, requer conhecimento e uma grande dose de feeling, entrosamento entre quem pilota e quem trabalha ao seu lado, uma visão da pista e do comportamento do carro, e este por incrível que possa parecer mais sentido na bunda que nas mãos!
Fora tudo isso, as difíceis batalhas extra pista, a pior de todas! Quantos grandes pilotos vi ficarem neste difícil caminho, alguns deles com um talento natural extraordinário e que apenas não conseguiram...alguns não conheci e outros tenho o privilégio da amizade...


Ao Chico e Ricardo.

Talvez tenha lido esta frase em algum lugar, ou recebido de algum amigo, creio que não vou lembrar, mas vai lá...

Piloto: Aquele que é capaz de enxergar no horizonte o ponto de fuga. Aquele ponto onde até a Liberdade...fica para trás.  


Rui Amaral Jr  

quarta-feira, 24 de abril de 2013

É assim...


Quem vê de longe um piloto conversando com seu preparador e mecânicos talvez não perceba a relação que exista entre nós. Eu fui e sou amigo da grande maioria dos que trabalharam comigo, fora algumas exceções que nem vale à pena comentar. Acredito que hoje na F Um essa amizade não exista, dá para ver de longe!

Pois bemmmmm, já falei aqui do Chapa -Flávio Cuono-, de como ele é implicante, chato e outras cositas más, mas sobretudo muito capaz e um amigo querido, então vou contar algumas dele;
1987/88 na época o começo do uso do álcool em competições, as otoridades implicando com pilotos e carros de corrida, tínhamos que ir treinar bem cedo, chegávamos às pistas nas primeiras horas do dia, e como o Tarumã e o terrível Minuano em Interlagos quando venta e esfria a coisa fica feia! 
Naquele dia quase de madrugada quando cheguei ao Box já estava tudo preparado e o Chapa esquentava o motor do #14, vejam no VW D3 usávamos o carter seco e mais de oito litros de óleo, então no frio era muito importante esquentar os motores para não detonar o filtro de óleo. Eu estava com um anorak azul, vermelho e branco que gostava muito, e ele já foi falando “se troca, que vou verificar a folga de válvulas com o motor quente!”. Fui tirando a roupa para vestir o macacão e vi que ele estava de camiseta, os outros mecânicos bem agasalhados e o Velho só de camiseta, peguei o anorak e disse-lhe para que usasse, deu um sorriso e disse “bonito Ruizinho!”, logo a seguir entra embaixo do carro, COM MEU CASACO, para num descuido encostar a manga no cano de escapamento quente, ouvi até o chiado! Sem graça falou “pois é!”, na hora dei o anorak para ele ao que ele me disse “queimado!?”. 
E ainda digo que gosto e é meu amigo!!!RS


Em um treino com este mesmo carro, não lembro se no mesmo dia, estávamos com um problema no burrinho e os discos traseiros não freavam direito, na Três ou Sargento quando apertava os alicates dava até um certo pavor, acertávamos outros detalhes e numa parada ele começou a mexer nos freios, com o problema aparentemente acertado saí e dei umas duas ou três voltas com tudo aparentemente certo, voltando ao Box para que ele examinasse, disse que estava freando bem. E voltei novamente à pista para andar rápido, na primeira volta cheguei à Um bem rápido, contornei e na tangência da Dois o carro saiu debaixo de mim, foi uma rodada daquelas, certamente a mais de 170 km/h e ainda por cima o Jr que vinha atrás tirou uma fina de meu carro. Foi proposital e depois ele ria, não sei se ele vai lembrar, mas um dia desconto!
Cheguei ao Box e o Chapa foi imediatamente tirando a roda traseira direita para descobrir um vazamento no disco, olhou para mim branco e assustado e disse apenas “desculpe”.

Seus motores verdadeiros canhões!

Já contei aqui da vez que em 1982 fomos treinar com vários motores que estavam simplesmente sem disco de embreagem, e ele achando que eu estava fazendo firula para sair do Box. Larguei ele carro, carreta e os outros mecânicos na Marginal e fui embora de táxi, não sem antes dar-lhe uma bronca, afinal o dia era meu! Sem xingar ou falar nenhum palavrão, e até hoje quando lhe apresento alguém ele fala “o Ruizinho é muito educado!” e tenho que ouvir isto!rsrsrs
Só mais uma coisinha, quem me apresentou o Chapa foi o amigão Manduca -Armando Andreoni-, lembro bem o dia, e ainda conto...   

À todos preparadores e mecânicos que infernizaram nossas vidas, mas que juntos vivemos grandes momentos de pura emoção, derrotas, vitórias e sobretudo amizade verdadeira...ao Carlão  Jaqueire, Quim Miranda, Edimar Della Barba...

O Macacão

Nivaldo e a Yamaha TZ350cc.
Sua Yamaha era numero 13 , com meu adesivo na lateral da bolha.

O ano 1977/78, me liga um amigo e pede uma ajuda para um corredor de motocicletas seu amigo, peço que ele me ligue. Logo depois me liga o Nivaldo, pergunto-lhe o que precisa ele diz "tudo, corro o campeonato Paulista no domingo e não tenho patrocínio, preciso da inscrição, combustível e tudo mais". Marco com de passar em sua oficina no começo da noite para conversarmos. Ao chegar em sua oficina em Moema ele fica feliz ao me ver de moto e fico sabendo que era verdade, ele precisava de tudo! Aqui abro um parêntesis para escrever sobre os corredores de moto, muito diferentes dos de automóvel, mais despojados, diria até mais simples que os de automóvel, a grande maioria correndo por amor ao esporte. Ajudei nessa 1ª corrida que foi difícil, pois até os amortecedores de sua moto já não tinham mais condições, a moto chimando muito. Tiramos os amortecedores de minha moto, uma BMW R 90 RS mas não couberam na sua. Foi assim mesmo.
Para 2ª corrida fui falar com Edgard Soares, expliquei a ele a situação conversamos algum tempo ai ele me diz " Rui passa amanhã por aqui " ( escrevendo agora seu sotaque e sorriso me vem à mente ). Dias depois vou à "esquina do veneno" como o Edgard havia pedido, de carro. Dos fundos de sua loja vem um auxiliar seu com algumas caixas, eram camisas, pistões e um monte de peças. Colocado tudo em meu carro pergunto a ele " quanto te devo ? " e ele " é tudo usado, é minha parte para ajudar o menino, você faz o resto "
Levei tudo a oficina do Nivaldo, que ficou surpreso e feliz, a próxima corrida seria melhor. Não lembro sua colocação mais foi bem melhor , inclusive com pneus novos, coisas que ele nunca tinha usado.

Jacaré abraça Jonny Ceccoto , ao lado Tucano , Edgard sorri.
À esquerda um casal amigo, de boné o mecânico ao lado Nivaldo e namorada e eu tentando caber na Yamaha TZ350... 

O Nivaldo e eu ficamos amigos, passeávamos de moto com as namoradas e estávamos sempre conversando. Um dia ele me pede " Quando der me compra um macacão, este que uso comprei do Jacaré e antes que pudesse pagar aconteceu o acidente em que ele perdeu a vida. Quero deixar este macacão na Igreja das Almas e pedir uma missa a meu amigo ". ( Esta igreja fica se não me engano na Av Liberdade ). Como a grande parte dos motociclistas que conheci ele era devoto de Nossa Senhora Aparecida, como eu, e disse-lhe que compraríamos o macacão para próxima corrida.
Uns dias depois passo em sua oficina à noitinha para ver como andavam as coisas e a encontro fechada. Como tinha luz lá dentro bati, e aparece alguém que não me lembro, " Cadê o Nivaldo" e a pessoa me diz " foi assassinado, três dias atrás ladrões entraram na oficina, e o mataram, não tínhamos seu telefone por isso não deu para avisar"
Sai desolado , fui andar de moto , não dava para acreditar ...
N.T. Só hoje tive coragem de contar isso que me aconteceu, trinta anos depois guardo na memória como se fosse ontem. Dedico à memória de três grandes motociclistas, meus amigos Edgard e Nivaldo e ao Jacaré - Carlos Alberto Pavan - a quem não tive tempo de conhecer bem.


Agradeço ao Ricardo da Motoclassicas 70 , a seguir o link para bela matéria sobre o Jacaré .
http://www.motosclassicas70.com.br/carlos_alberto_jacare_pavan.htm


NT: Hoje tive vontade de ver este post que escrevi no começo do blog, consertar alguns erros e adicionar novas fotos e postar novamente. Sempre com a mesma emoção que tive ao escrevê-lo e ainda com a lembrança de outro grane motociclista e amigo Expedito Marazzi.




às 17:01   Marcadores: Carlos Pavan, Edgard Soares, Jacaré, Nivaldo Correa, Yamaha 350cc TZ
Postado por Rui Amaral Lemos Junior

sábado, 30 de março de 2013

Aos amigos...

SÁBADO...
tranqüilo depois de uma semana agitada, foram muitas conversas e trocas de e-mails com meus amigos Ricardo o Achcar, Ricardo o Bock e com ele e o Ceragatti conversamos quase duas horas ao telefone, Joca, Duran, Jr, Regi, Manduca que esteve hospitalizado e com a Graça de Deus já saiu, ontem um longo papo com o Francis...
Pois bem hoje quando entrei no Facebook em nosso grupo da D3 o Evandro pedia uma foto, qualquer foto, e eu sem falsa modéstia postei essa que estou com o Elcio - Pelegrini - entre o S e Pinheirinho. Não costumo fazer isto, preferindo colocar lá fotos de amigos e ídolos, mas hoje foi assim.


 Entre o S e Pinheirino, eu e Elcio.
Notem as diferentes configurações, o Elcio usava pneus Pirelli acredito que 8" na frente com altura 20 e 11" atrás com altura 22", eu usava nas quatro rodas pneus Maggion com 10 ou 11" e altura 20".  
Um pouco antes no Laranja

E lembrei de uma bela disputa que tive com esse grande piloto, não sei se as fotos são dela pois naquele ano foram muitas as disputas com ele, mas vamos lá...
Larguei de leve com aquela Caixa 3 que me atrasava em todas as largadas, fui ultrapassando alguns adversários e derrepente minha embreagem começa à patinar muito. Nas subidas como a do Lago e Junção era um sufoco, trocava as marchas no tempo, mas mesmo assim ela teimava em patinar, qualquer toque a mais no acelerador e lá ia o giro para o alto sem que as rodas fossem tracionadas. 


Largada, Elcio e Mogames pulam e eu lá atrás já patinando!
As feras lá na frente, Elcio e Bruno e eu ainda não tinha cruzado a linha de chegada. 

Na terceira ou quarta volta quando vou tomar a curva Um vejo o Elcio encostado em mim, não tenho idéia de onde ele vinha pois acredito que tenha largado em minha frente, deve ter rodado, coisa que não vi ou tido um problema qualquer no carro.
E vinha rápido...na saída da Dois comecei a fazer sinal para ele me ultrapassar, pois de forma alguma queria atrapalhar sua corrida, mas ele embutiu no meu escape e assim descemos rumo à Três. Lá chegando freei como de costume, depois da placa dos 50m mas ele colocou seu carro ao meu lado e concluiu a ultrapassagem, fiquei fulo e dentro de meu capacete pensava enquanto ele ia embora “safado, vai ter troco um dia!” rsrsrs o safado fica por minha conta pois sei que ele não é nada disso.
Duas ou três voltas depois eis que o tal disco resolve começar a dar sinal de vida e começo a andar muito rápido, estava em 4º com o Mogames na liderança, Laércio em 2º e Elcio em 3º. No meu Box o Chapa e Carlão não entendiam meus sinais e duvido que tenham entendido quando voltei à andar rápido, massss fui aos poucos chegando no Elcio, para quatro ou cinco voltas depois encostar nele no mesmo lugar em que ele havia encostado quando me ultrapassou, a tomada da Um. 
Depois foi a mesma coisa, na saída da Dois ele já acenava para que eu o ultrapassasse, eu fingia que não via e encostei em seu escape, se ele tirasse o pé íamos nós dar um passeio forçado até qualquer hospital, e chegando à Três ele freou como costumava, pra lá dos 50m e eu coloquei meu carro ao seu lado e descontei o “grande desaforo” que ele havia me feito!rsrsr
E continuamos a andar juntos o resto da corrida...eu sempre com aquela fera em meus retrovisores!


Alvaro Guimarães, eu, Mogames, Laercio, Elcio e Ferraz.

Chegando ao podium o Barba, uma grande figura que se não me falha a memória era chefe de equipe do Mogames veio me dar os parabéns pois tinha feito a melhor volta da corrida (um dia quando tiver o mapa daquelas corridas conto o meu tempo) e comentando a ultrapassagem sobre o Elcio disse algo como “cara é osso duro um grande piloto”. 
Nisso chega ele e conversando comigo perguntou se não havia visto seus sinais, acredito que em meu sorriso ele entendeu mais do que duas horas de explicações...ou como diria um saudoso amigo e grande campeão "boi preto conhece boi preto!"

Hoje sem modéstia...

Aos amigos.

Rui Amaral Jr


Acredito que esses foram os tempos de classificação

26 Elcio Pelegrini 3.23.73 m
3 Ricardo Mogames 3.25.43
7 José Antonio Bruno 3.26.41
17 Laercio dos Santos 3.26.86
8 Rui Amaral 3.28.26
40 Amadeu Rodrigues 3.32.66
88 Marco de Sordi 3.33.77
37 Aristides Dalecio 3.37.56
38 Alvaro Guimarães 3.38.49
41 Claudio Gomes 3.40.67
68 Luiz Eduardo Duran 3.46.10
4 Luiz H. Pankowski - Conde - 3.47.31
28 Clerio M. de Souza - Bé - 3.47.37
118 Alessio Durazzo Neto 3.48.68
77 José M. Ramos - Espanhol - 3.50.88
98 Wander Kondrat 3.54.89
19 José Ferraz 3.57.24
99 João Lindau 4.43.93


quinta-feira, 21 de março de 2013

Clelio


Clelio Moacyr Souza

Curva da Ferradura, Vital Machado, Jr Lara, Edgar de Mello e no #310 Bé vem ao seu estilo, pendurado e rápido!



Na Carneirada do Ferraz

Um cavalheiro, dentro e fora das pistas, assim é meu amigo Bé, tocada forte sempre andando no limite, na ponta ou brigando por posições. Guardo até hoje na lembrança as visitas que fazia à ele na industria de  escapamentos Grand Prix, quando sempre atencioso sorria, como sorri até hoje, quando encontrava os amigos.
Lembro de certo dia em 1982, que eu após fazer minhas três voltas rápidas de classificação, retornava para os boxes mais lento, talvez pensando na corrida ou se tinha conseguido um bom tempo, quando no meio da curva do Sol vejo seu carro numa volta muito rápida chegando. Sem ter o que fazer continuei em minha trajetória pois se mudasse poderia ser pior, Bé passou por mim feito um foguete, pendurado no limite, sua tocada habitual.


 Seu carro em 1982
Marco de Sordi, Alvaro Guimarães, Tide Dalécio, Duran, Amadeu Rodrigues, Bé e eu na curva da Ferradura.
Duran, Amadeu, Bé, eu e Ferraz. Andar atrás dele sempre foi apender mais um pouco! 

Naquele minuto, minuto e meio que demorei para chegar aos boxes fui pensando na minha quase burrada e lá chegando desci do carro e fui esperá-lo em seu Box para me desculpar. Quando ele desceu do carro fui logo dizendo “desculpa Bé” e ele com seu sorriso olhou para mim e disse “não foi nada Rui, sei que você não fez por mal!”.
Esse é o Bé, amigo de tantos anos...


Rui Amaral Jr