A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

UM DIA INESQUECÍVEL DO VERÃO DE 1948


Fangio e Nuvolari

No dia 18 de julho de 1948, disputou-se o GP da França no veloz circuito de Reims-Gueux. Oportunamente chamada pelo editor do Blog Última Volta, Marcio Madeira da Cunha, de a “Corrida dos Dois Sóis”, foi a segunda experiência de Juan Manuel Fangio na Europa. Com um Simca Gordini T15, Fangio nada mais era que um coadjuvante. No sacrifício fizera o 11º tempo e só de binóculos poderia ver o trio de Alfettas, ocupantes da primeira fila: Jean Pierre Wimille, Alberto Ascari e Consalvo Sanesi. Considerado o melhor piloto da Europa, Wimille colocara uma grande diferença entre ele e o segundo colocado (2`35.2 contra 2`44.7), que era ninguém mais, ninguém menos que Ciccio Ascari. Mas haviam outros carros além das Alfas. Talbots, uma Ferrari e um Alta e alguns Maseratis, dentre estes o novo 4CLT. 

Fangio no Simca Gordini T15
Tazio na Maserati 4CLT tempos antes.
Gigi Villoresi

O bólido seria pilotado por Luigi Villoresi e Tazio Nuvolari. Não se sabia, mas Nivola, já fragilizado pela doença, estava fazendo sua última participação em um Grand Prix e quis o destino que aquele que viria a sucedê-lo nas pistas, o Balcaceriano, estivesse presente no canto do cisne do grande campeão. Sem treinar, a dupla Villoresi-Nuvolari sairia da 16ª posição. Se Nuvolari e Fangio estavam juntos em Reims, 1948, onde andaria aquele que é nominado “o terceiro gigante”? Muito provavelmente, o jovem James Clark Júnior, no alto de seus doze anos, estaria morando em uma fazenda em Berwickshire, na sua Escócia natal e certamente, mais preocupado com seus estudos. Com uma formação de grid em 3-2-3, bastou a prova começar para as Alfas 158 dispararem na frente, seguidas por uma brigada de Talbots-Lago. 

Grid, com a mão na cintura Gigi Villoresi

Largada Wimille toma a ponta
 Wimille e a Alfa

O Fangio,com seu modesto Gordini, passava trabalho: as Alfas chegavam aos 300 km/h nas retas de Reims enquanto o T15 mal passava dos 200 km/h. Já o novo Maserati mostrava potencial. Com Gigi Villoresi ao volante, deixara para trás a “cachorrada” francesa e tentava ao menos acompanhar o ritmo de Wimille-Ascari-Sanesi. Na sexta volta, Gigi passava o comando a Tazio, mas mesmo Nivola não conseguia chegar perto das Alfas. Wimille, baixava seguidamente o recorde de volta e só deixava a liderança quando fazia um pit-stop, sendo substituído por um de seus companheiros de equipe, mas recuperava o primeiro lugar quando Ciccio ou Sanesi tinham de parar. Na 45ª das 64 voltas, Nuvolari devolve o Maserati a Villoresi. Três voltas antes, Jean Pierre Wimille fizera uma parada não-programada para consertar o radiador. Na volta 58 porém, ele já estava de novo na frente, deixando que Ciccio e Sanesi discutissem o segundo lugar. Num vacilo de Ascari, Consalvo Sanesi o passou e da mesma forma que começaram, as Alfettas terminaram, isto é, na frente. Wimille o grande vencedor, depois Sanesi e Ascari. A dupla Villoresi-Nuvolari concluiu em sétimo, com cinco voltas a menos e o Chueco, que em dois anos teria nas mãos uma daquelas poderosas Alfas 158, não terminou. O Simca Gordini primeiro tivera problemas de ignição e depois surgiram problemas no motor, quando Fangio tentou forçá-lo um pouco mais, abandonando no 41º giro. Não teríamos mais Nuvolari, que embora nunca anunciasse sua aposentadoria, morreria cinco anos depois e também não veríamos mais o campeão francês Jean Pierre Wimille, que faleceria um ano mais tarde em uma prova no Circuito de Palermo. Mas o mundo das corridas logo iria curvar-se ante aquele argentino meio calvo, de pernas tortas e olhar tranqüilo. Só que antes ele precisaria ser aceito na Equipe do Trevo.

História para outro dia.

C.Henrique Mercio

Tazio
Fangio




Links para nossos posts

A Simca Gordini T15 de Fangio em exposição na Argentina.
A Maserati  4 CLT com Gigi Viloresi em Silverstone






sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Silverstone, 1951 - Rei morto, Rei posto.‏



 Largada  #12 Gonzalez, #2 Fangio, #11 Ciccio Ascari
Equipe Alfa Romeo,  Consalvo Sanesi, Farina, Felice Bonetto e Fangio.
Peter Walker #7 e Reg Parnell #6, BRM P15

As imagens são poderosas, veja a primeira fila, com a campeã e a desafiante em todas as posições: Gonzalez(12), Fangio(2), Farina(1) e Ascari(11).
Mesmo assim, Bonetto, o homem do cachimbo foi quem largou na frente com uma das Alfettas. Mas durou pouco. Gonzalez e Fangio o deixaram para trás e no décimo giro o Chueco passa à frente. Todavia, na 39ª volta Pepe é de novo o líder, o que já seria um feito notável, pois o argentino contava com um chassi e motor mais velhos em relação a seus parceiros de equipe, Alberto Ascari e Luigi Villoresi, e mesmo assim cravara a pole-position.  Fangio e Gonzalez começam então uma "luta portenha" pela ponta que termina quando Fangio tem de reabastecer na volta 48. A "beberrona" Alfetta 159 precisava de 300 litros numa operação que demorava algo como 48 ou 50 segundos, como se pode ver no filme, no reabastecimento de Consalvo Sanesi, na Alfetta #3. Já os pneus, eram na base do martelo e braço forte. Por seu lado, Froilan Gonzalez só para na volta 60: reabastece com 220 litros e perde exatos 23 segundos. Tem tempo até de perguntar ao Ciccio Ascari se ele não quer retornar à prova. Com a "bênção" de Ascari, Pepe Gonzalez volta na liderança e lá se mantém, apesar dos esforços do Fangio, o único a terminar no mesmo giro do líder apesar dos 50 segundos de desvantagem. O terceiro colocado, Gigi Villoresi chegou duas voltas atrás. Para os súditos da Rainha, a grande atração foram os BRM P15, de Reg Parnell e Peter Walker, que largaram nas últimas posições mas conseguiram terminar em 5º com Parnell e 7º com Walker.

Caranguejo 




O TOURO e a Ferrari 375 em três fotos.
Gonzalez e Cicio Ascari
Peter Walker e Consalo Sanesi
Fim de corrida para Farina
Gonzales no box reabastecendo, notem a ajuda de Ciccio Ascari, à direita.

Um pouco antes do beijo!
Podium, Fangio, Gonzalez e Gigi Viloresi




quarta-feira, 19 de setembro de 2012

JOSÉ FROILAN GONZALEZ - por Caranguejo


 



JOSÉ FROILAN GONZALEZ, nasceu em Arrecifes em 5 de outubro de 1922 e portanto, completará noventa anos dentro de alguns dias. Parece oportuno então, que lembremos um pouco da trajetória desse piloto, o mais antigo vencedor de Grandes Prêmios, ainda vivo e o primeiro a vencer na Fórmula 1 com uma Ferrari. A carreira de Pepe Gonzalez começou nos anos quarenta quando ele passou a aventurar-se em provas disputadas em seu país ou pela América do Sul. Já nessa época, seu grande rival era um balcaceriano de pernas tortas chamado Juan Manuel Fangio. A trajetória de Pepe e de Fangio sempre foi paralela e eles rumaram praticamente juntos para tentarem a sorte na Europa. Piloto de uma época em que era necessário dominar o carro como um cavalo chucro, Gonzalez chamou a atenção pelo vigor físico e imediatamente ganhou um novo apelido: o Touro dos Pampas (The Pampas Bull). Em virtude de sua compleição, seus compatriotas também o chamavam El Cabezon. 

Consolado por Fangio em Nurburgring

Silverstone 1951
Largada
Passando Fangio


A vitória
O beijo

Reins 1953 com a Maserati A6GCM, 3º lugar
Silverstone 1954 a segunda vitória
Le Mans 1954, a vitória com a Ferrari 375 Plus em parceria com Maurice Trintgnant
Maurice e Froilan
Ouvindo atento, atrás Fangio, a seu lado Maglioli e Ill Dottore
Reins, pilotos mexiam nos carros
 Nas três fotos com a BRM H16 
 Silverstone
Reims



Em 1950, Gonzalez perde por pouco a chance de participar do histórico GP de Silverstone, quando nasceu a F1, mas estava lá na segunda prova, em Mônaco, com seu Maserati 4CLT. Froilan era um dos mais jovens do grid, contando 27 primaveras enquanto o rival e mentor Fangio, somava 39 anos. A estréia não foi das mais auspiciosas: depois de fazer o terceiro melhor tempo, acabou sendo colhido pela famosa onda que invadiu a pista na Curva da Tabacaria e prejudicou a corrida da maioria. O Maserati pegou fogo e Gonzalez queimou-se com alguma seriedade. Com uma curta aparição no GP da França, pode-se dizer que a participação do Cabezon no primeiro Mundial terminou por aí. Mas o ano seguinte começaria bem melhor. Em duas provas no Circuito Costanera Norte em Buenos Aires, Gonzalez consegue vencer, superando pilotos como Hermann Lang e Karl Kling além do próprio Chueco, que estavam com as poderosas Mercedes-Benz W154. Com sua Ferrari 166, Pepe vence a Copa Peron e claro, chama a atenção de Maranello recebendo uma chance na Equipe Ferrari, substituindo Piero Taruffi no GP de Reims. E Pepe não desapontou. No GP francês estava em segundo lugar quando recebeu ordens da equipe para ceder seu carro a Alberto Ascari. Ciccio fez sua parte e eles chegaram logo depois da dupla Fangio/Fagioli, os vencedores. A prova seguinte, em Silverstone, Gonzalez derrotou todos os favoritos e deu a Ferrari 375 a glória de vencer as imbatíveis Alfettas. Humilde, quando parou para reabastecer, perguntou a Ascari, que já havia abandonado com problemas se não queria seu carro. Ciccio, colocou a mão em seu ombro e lhe disse para retornar. Até o final da temporada, faz mais três pódios e completa o ano na terceira posição no campeonato.
Entre 1952-53, volta à Maserati, agora com o modelo A6GCM, mas só tornará a vencer ao retornar à Ferrari em 1954, fazendo sua melhor participação, pois na F1 é vice-campeão, ganhando novamente em Silverstone e vencendo as 24 Horas de Le Mans em parceria com Maurice Trintignant e a Ferrari 375 Plus. Mas também colhe uma grande tristeza: a morte de seu amigo Onofre Marimon em Nurburgring. Daí para a frente suas participações irão se restringir ao GP da Argentina, fazendo uma rara aparição no GP da Grã-Bretanha de 1956 pilotando um Vanwall. Em 1960 participa de seu último GP portenho, com uma Ferrari D246. Desde então, envolveu-se com a preparação de carros de competição e com o fato de ser uma celebridade da Ferrari, como seu primeiro vencedor. Vive na  Argentina, onde é tão celebrado e respeitado quando o Chueco.

Caranguejo

Vida longa Campeão!

Silvestone 1951