A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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terça-feira, 26 de março de 2013

Herbert Mackay-Fraser

Em 1957, uma passagem meteórica de um pernambucano pela F1: Herbert Mackay-Fraser. Filho de um importante homem de negócios, morou nos Estados Unidos e adotou essa cidadania. Correu na Europa a partir de 1955, com carros Lotus. Sua única participação na Fórmula 1 ocorreu no GP da França/57 em Rouen.  Seu carro é um BRM P25, mas abandona na 24ª volta, por problemas na transmissão. Restou a curiosidade sobre o que ele poderia fazer na categoria, pois semanas mais tarde, Mac Fraser sofreu um acidente fatal num prova de F2 em Reims, com um Lotus. Seria ele, apontam as estatísticas, o primeiro piloto a falecer ao volante de um carro projetado por Colin Chapman.

Caranguejo


 Herbert Mackay-Fraser pilota uma BRM P25 em Rouen no GP da França 1957
Vitória em Brands Hacht, Mackay-Fraser e Jay Chamberlain, pilotando a Lotus Colin Chapman.
Herbert Mackay-Fraser e sua Ferrari 750 Monza em Outon Park.
 O acidente fatal de Herbert Mackay-Fraser
Herbert Mackay-Fraser 1922-1957

Para nosso amigo Juanh

Parte do post


de 2 de Fevereiro de2011

sexta-feira, 30 de março de 2012

Mario x Collin

GP Brasil 1976 Interlagos- Mario e Ronnie na entrada do S.
Com a Parnelli VPJ4B em Long Beach.

1976, Mario Andretti e Colin Chapman conversam no hotel,na segunda-feira após o GP de Long Beach. Chapman não vive uma boa fase com o Lotus 77 e Mario está desempregado, pois Parnelli Jones decidiu encerrar sua aventura na F1. O projetista tenta convencer Andretti a retornar para a Lotus, com a qual ele participou do GP do Brasil, no início da temporada.


Mario e a Lotus 77  - GP da Suécia, Anderstorp.

"Mas você tem um carro que só consegue ser mais rápido que um ônibus de dois andares", retrucava o piloto, que conhecia o modelo 77.
Acabaram se acertando, Mário retornou e em 1978 venceu o mundial pela Lotus.
Mas sempre teve muito cuidado com a fama de Colin, como projetista de carros velozes e inseguros.
Uma vez conversavam a respeito:
"Mario, pretendo fazer carros os mais leve que puder", dizia Chapman.
"E eu Colin, pretendo viver o máximo de tempo que puder", alegava o piloto.

Com a Lotus 78 no GP da Africa do Sul em Kyalami 1978.
Seguem Jody, Hunt, Lauda, Reutemann e Patrese. 

Andretti tinha dentro da Lotus, "espiões" para alertá-lo caso Chapman teimasse em retomar seu antigo projeto de fabricar componentes feitos de titânio (mais leve porém menos resistente, Colin queria usá-lo em suspensões e pedais). O chefe dos mecânicos Bob Dance era um dos informantes.
Mario também não gostava da interferência de Chapman em seu trabalho, por exemplo, determinando a quantidade de combustível para a corrida. Assim, sem que Colin soubesse, ele sempre colocava alguns litros a mais no tanque antes da prova. Um dia Chapman descobriu e mandou retirar o excedente. Andretti protestou: "Se eu ficar sem gasolina, vou persegui-lo pelo resto de sua vida!" E foi o que acabou acontecendo naquele GP da África do Sul de 1978, quando depois de liderar por algum tempo, Mario ficou sem combustível faltando três voltas.
Haja perseguição.

Caranguejo


domingo, 31 de julho de 2011

A SAGA DOS LOTUS MK

Colin Chapman o Mago comemora um vitória com sua equipe.
Lotus 76 MKI
Ronnie no Karoussel , Nurburgring 1974. 
Tim Schecken na MKI, 1974.

Em meados de 1973, Colin Chapman, líder da Equipe Lotus de Fórmula 1, tinha um problema em que pensar.  O modelo 72, que a equipe vinha utilizando desde 1970, e que já conquistara  mais de uma dezena de vitórias além de dois campeonatos mundiais, já demonstrava alguma fadiga, depois de tão bons serviços prestados. Era  preciso pensar e projetar  outro carro que fosse um puro-sangue e legítimo vencedor, mas como substituir o lendário Lotus 72? Chapman, então reunido aos designers Tony Rudd e Ralph Bellamy, iniciou o desenvolvimento do modelo 76, também chamado MK I. Revolucionário, Colin o concebeu com dois pedais de freio, um sistema de embreagem eletrônico e dois aerofólios traseiros. 
Ickx, Ronnie e Colin apresentando o Lotus 76 MKI.
Ickx na Lotus 76 MKI.
Ronnie em Jarama. 

Peterson em Silverstone 1974.

Como pilotos, a equipe tinha  Ronnie Peterson e Jacky Ickx; o cigarro  John Player Special continuava patrocinando o time e o 76 estava previsto para estrear no GP da África do Sul em Kyalami/1974. Mas o carro estreou  sob o signo da discórdia. Em Kyalami, num lance bisonho, Peterson bateu em Ickx e tirou da prova seu próprio companheiro. Com um crônico problema de distribuição de peso, o Lotus 76 ia bem nos treinos com Peterson, mas muito mal nas corridas, tanto que Ickx e o sueco imploram para voltar ao velho 72. 
1974 Monza Ronnie com a 72E à frente de Emerson, MacLaren M23. 

As vitórias de Peterson em Mônaco, Dijon e Monza com o carro antigo atenuam a frustração com o 76, mas não ocultam que ele é um carro mal nascido e nem uma versão  revisada que aparece em Nurburgring, melhora as coisas. Por fim, na última prova do ano em Watkins Glen e com o australiano Tim Schencken ao volante, o ultraje final: o carro é desclassificado. Perdida e tendo que começar do zero com um projeto novo, a equipe  reativa o velho Lotus 72, agora na versão E e aposta suas fichas no antigo chassi campeão para 1975. Mas estava querendo  muito. Peterson só consegue uma quinta colocação em Osterreichring porque a corrida é interrompida antes do final. O mesmo acontece com Ickx em Montjuich Park, segundo colocado quando a prova é cancelada. O belga deixa a equipe após o GP da França, e revezam-se em sua substituição  Jim Crawford, John Watson e Brian Henton, com os resultados esperados. Peterson consegue um 4º  lugar em Mônaco e despede-se da temporada com uma  5º posição em Watkins Glen. Pouco para o queridinho da imprensa britânica mas Colin o convence a ficar mais uma temporada e pilotar o novo carro que está desenvolvendo, com a ajuda de Martin Ogilvie e Geoff Aldridge, o Lotus 77 ou MK II. 
Interlagos 1976, Ronnie à frente de Laffite.
Mario Andretti, Anderstorp 1976.
Andretti toma a ponta em Anderstorp, 1976 depois de largar em segundo, vitória de Scheckter Tyrrel P34.
 Mas em Interlagos/76, estréia do novo projeto,outra confusão caseira: Peterson mais uma vez acerta o carro de seu novo parceiro, o croata-ítalo-americano Mario  Andretti. E foi a gota d`água. De uma só vez, Chapman viu-se sem seus dois pilotos, que na etapa de Kyalami, já estavam competindo em outros times: Ronnie arranjara um March 761 (com o qual fará alguns milagres durante a temporada) e Andretti retornara à equipe que defendera no ano anterior, a Parnelli. Colin testa um novo nome, vindo da F3, o também sueco Gunnar Nilsson e o pouco conhecido Bob Evans. Contudo, Chapman sabe que precisa de um piloto experiente para o novo Lotus e é por isso que após a etapa de Long Beach, ele tem uma conversa com Mario Andretti (subitamente desempregado, após o encerramento de atividades da Parnelli) e o convence a voltar. Uma das grandes capacidades de Chapman era reinventar-se. Realmente o modelo 77 tinha um longo caminho pela frente, mas foi aos poucos evoluindo. Nilsson conseguiu dois terceiros lugares na Espanha e Osterreichring e Andretti fez dois terceiros (Zandvoort e Mosport Park) e foi o pole e venceu o GP do Japão, a última corrida do ano.

Mario Andretti, Lotus 77 MKII larga na pole para vitória no GP do Japão 1976- Monte Fuji.

 Os bons resultados motivaram o “Mago” a ousar mais e com a assessoria de Peter Wright, Martin Ogilvie e os mesmos Tony Rudd e Ralph Bellamy, Chapman cria um de seus mais belos carros, o Lotus 78 ou MK III. Em 1977,  esse carro introduziu na categoria o conceito do efeito-solo que gerava uma grande estabilidade em curvas e consequentemente, maior velocidade. Foi o modelo 78 quem  trouxe as vitórias de volta ao John Player Team Lotus. Mario venceu em Long Beach, Jarama, Dijon e Monza e Nilsson em Zolder. 
1977, Mario vence em Monza com a Lotus 78 MKIII.
Gunnar Nilson na MKIII em Zolder atrás Alex Dias Ribeiro March 761B. 
Gunnar Nilson e a MKIII em 1977 em Monte Fuji no GP do Japão. 
Gunnar em Mônaco.

A Lotus só não foi campeã naquela temporada pois estava usando unidades experimentais do motor Cosworth, que muitas vezes a deixavam na mão.  Modelo tão marcante que  entrou para a lista dos carros pintados pelo Mestre das Tintas, o brasileiro Sid Mosca, que reparou o carro de Mario Andretti no GP Brasil de 77,  depois de um incêndio nos treinos. 
Andretti e Ronnie, Zandvoort 1978.
Andretti, Lotus 77 MKII, Le Castelet.
Carlos Reutmam em Buenos Aires com a Lotus 78 MKIII
 Reutemann, Watkins Glen.

Por fim, a equipe estava preparada para produzir um puro-sangue campeão: o Lotus 79 ou MK IV. A grosso modo, poderíamos dizer que o modelo 79 era o 78 no superlativo. O artifício de “aprisionar” o ar embaixo do carro com as barbatanas laterais, havia sido otimizado e gerava 30% downforce a mais. Com a ajuda de Wright, Ogilvie e Rudd, Chapman eliminara todos os arrastos possíveis e com a célebre pintura negra e dourada, aquele era o carro que traria de volta para a Lotus o título que ela  ganhara pela última vez e 1972, com Emerson Fittipaldi. O primeiro piloto continuava a ser Mario Andretti mas Nilsson afastara-se das pistas para tratamento de saúde  e fora substituído por um velho conhecido: Ronnie Peterson. Após uma quixotesca temporada em 76 com o March, Peterson passara maus bocados em 77 com o pesadão Tyrrell P34 de seis rodas. Taxado por muitos como um piloto em fim de carreira, recebeu nova chance de Colin.


 Andretti e Ronnie.
Andretti e Ronnie com a Lotus 79 MKIV.
NT:Notem a pouca angulação das asas dianteiras e do aerofólio, era o efeito solo que prendia todo carro ao chão. Rui
Andretti em Zolder 1978.
Hector Rebaque

Porém o novo carro só apareceu no GP da Bélgica, Zolder. Até lá, Andretti vencera em Buenos Aires e Peterson em Kyalami. Depois, um passeio: vitórias de Mario em Zolder, Jarama, Paul Ricard, Hockenhein e Zandvoort; vencendo Peterson em Osterreichring. Mas o ano terminou com luto. Ronnie Peterson sofeu um acidente fatal na largada do GP de Monza e a equipe também perdeu seu antigo piloto, Gunnar Nilsson, morto por causas naturais. A equipe sofreria novo abalo e teria mais uma vez, que recriar-se.


CURIOSIDADES:

-Além dos pilotos já citados, também pilotaram a Lotus 79 o francês Jean Pierre Jarier, que substituiu Peterson nos dois GPs finais de 78; o argentino Carlos Reutemann, que pilotou o carro na temporada de 1979 e o mexicano Hector Rebaque, piloto privado e que utilizou o chassi 78 na temporada de 1978 e o 79 no ano seguinte;

-O sueco Ronnie Peterson foi o único piloto a guiar os quatro modelos. Com eles teve alegrias, tristezas, vitórias e decepções. Deixou a vida e tornou-se lenda.



Acidente de Peterson em Moza. Ele deitado na pista com Merzario a seu lado, a direita Regazzoni tentando ajudar Vittorio Brambilla,  #17  Shadow DN9 de Rega e andando para os carros Bruno Giacomelli. No fundo a MacLaren #7 de Hunt.   




CARANGUEJO

terça-feira, 20 de abril de 2010

ENCONTRO DE GIGANTES

Keith Duckworth, Chapman, Clark e Hill olham o Ford Cosworth DFV.

Zandvoort/67

Corrida divisor de águas, foi nela que o mundo das corridas viu estrear o mais vitorioso propulsor da Fórmula 1 de todos os tempos, o motor Ford Cosworth V8, que sob muitos aspectos, foi o componente que garantiu a sobrevivência da categoria e permitiu o surgimento de muitas novas equipes. Zandvoort era uma pista próxima do litoral holandês, com uma estranha característica: proporcionava um novo desafio aos pilotos devido a areia que invadia o asfalto, formando uma perigosa mistura com o óleo dos carros. Nunca se conseguia determinar a quantidade desse “produto” na pista, apenas seu perigo real. Teria sido o fator determinante no acidente fatal de Piers Courage em 1970. Na corrida de 1967 estrearam alguns carros novos como o Brabham BT 20, BRM P83 e Eagle-Weslake T1G, além do Lotus 49-Cosworth. Enquanto Hill já o conhecia e testara, Clark só viu o novo carro na pista holandesa.
Chapman e Clark

 Nos treinos, Graham foi o melhor na sexta-feira (1:25,6). Gurney, o segundo, apenas dois décimos atrás. E Clark, só problemas. G.Hill e “The Great Daniel” continuavam debatendo a pole e Dan, após estabelecer 1:25,1 parou achando que não seria alcançado. Hill continuou e em sua última tentativa marcou 1:25,0 (mas os cronômetros oficiais acusaram 1:24,6). Para Clark, só a terceira fila, ao lado de Hulme e Surtees. No dia do GP, já na largada, Jimmy ganhou duas posições, pois a direção de prova holandesa (sempre inepta) esqueceu que um dos fiscais ainda estava no meio do grid e largou assim mesmo. Hulme e Surtees tiveram que desviar do bandeirinha e perderam tempo.
As primeiras voltas foram num ritmo tranquilo e na volta 7, Gurney parou nos boxes . Ele voltaria só para abandonar na volta seguinte, com problemas na injeção de combustível. Uma volta depois, Hill abandonava na liderança: um dente de uma engrenagem de seu motor quebrou. A Brabham de Old Jack assumiu a ponta, mas após 15 voltas, Clark já estava pegando gosto pela nova barata. Ele havia ultrapassado Rindt e na volta seguinte deixa Black Jack para trás. Rodriguez quebra, Rindt e Stewart também.

Hulme é quem consegue sobreviver. Ele se impõe no terceiro lugar e resiste aos ataques de seu compatriota, Chris Amon. O “Rei do Azar” será o quarto colocado, à frente de Mike Parkes e Ludovico Scarfiotti, todos de Ferrari. Clark vence fácil, 23 segundos à frente de Brabham. Para Clark, Lotus e Cosworth era o começo de uma relação curta, porém marcante e vitoriosa. O grande campeão morreria numa prova de F2 na Alemanha em 68. Já o Cosworth só encerraria sua jornada em 1983.



C.Henrique Mércio
 
 
Clark já no grid.

Durante a corrida notem suas mãos a volante e a tocada suave.
Clark e a Lotus em Monaco.

Seu lugar de direito, o alto do podium.