A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Interlagos












1969 - Aos 16 anos quando chegava a então ótima revista Quatro Rodas eu não lia nada, nadinha, antes de ler o caderno “Alta Rotação” que era o que me interessava, as corridas e novidades do esporte. Nesta edição na página anterior do citado caderno vejo uma excelente reportagem do Pedro Victor de Lamare testando o AC-Puma protótipo com motor VW desenhado por Anísio Campos e feito pela Puma, um dia vou pedir ao Chico - Lameirão - para que conte para vocês suas andanças com este carro, à mim ele já contou mas eu não saberia reproduzir com sua riqueza de detalhes. No texto Pedro conta que logo o carro virá com um motor VW preparado por Roger Resny e sobre este grande preparador fico devendo um post à vocês!
E...na primeira matéria do caderno meu coração palpita ao ver o andamento da reforma de Interlagos...já sabia que era lá que eu iria estrear nas pistas como de fato aconteceu exatos dois anos depois desta edição de Março de 1969...peguei meu carro, um Karmann Ghia branco e lá fui ver como andavam os trabalhos.
Lembro que a reforma da pista havia começado na administração do grande prefeito e também um grande homem, o Brigadeiro Faria Lima, e prometia fazer de Interlagos uma moderna pista aproveitando seu maravilhoso traçado apenas modernizando e      melhorando muito o que já era bom. Os boxes saíram de “Café” e foram para a entrada da curva “Um”, um túnel foi feito para que seu acesso fosse por baixo da “Reta dos Boxes”...mais vocês verão no texto da reportagem. 
Pois bem, Interlagos serviu muito bem à todos, Bernie começava à mandar na F.Um mas ainda não era o senhor absoluto dos destinos, e muito menos a administração de nossa cidade era comandada por nenhum desvairado que assinasse um contrato com a categoria que deixasse ao bel prazer de seus dirigentes os destinos de nossa pista, como acontece hoje.
Chega o ano de 1978 e Interlagos perde a realização do GP Brasil de F.Um para o Rio de Janeiro e o belo e saudoso Jacarepaguá, durante treze anos nosso GP foi disputado lá e um dia por falta de verba da prefeitura do Rio o GP volta à Interlagos, não sem antes nossa prefeitura assinar com Bernie um contrato leonino onde o então já senhor da F.Um dita as regras, faz e desfaz, simplesmente manda!
E para termos o GP de volta Bernie resolve que os 8 KM de extensão do autódromo, então já rebatizado com o nome de José Carlos Pace, deve perder metade de seu tamanho e ordena à nossa prefeitura que efetue o serviço.
Entra então em cena Ayrton Senna o grande campeão, um dos grandes campeões de todos os tempos na história do automobilismo mas certamente mal orientado por algum puxa saco de plantão, e eles estão sempre presentes, que certamente insuflando seu ego o convence daquela ideia de fazer um “S” logo depois da Reta dos Boxes tirando do belo traçado aquela seqüência emocionante que eram as curvas “Um”, “Dois” a descida do Retão com 850 metros a desafiante curva “Três”, cortando a maravilhosa curva do “Sol” pela metade e invertendo o seu sentido, deixando do antigo traçado apenas o “S’ original, “Pinheirinho”, “Bico de Pato”, “Mergulho” e descaracterizando totalmente a curva da “Junção” fazendo dela uma alavanca perigosa para a “Subida dos Boxes” onde vários acidentes já aconteceram pela forma perigosa com que ela foi modificada.

 O "S" onde nosso grande campeão deixou sua impressão digital ou inicial na mutilação!

A pista era maravilhosa e nesta modificação foi transformada neste circuitinho onde hoje a atual administração de nossa prefeitura comete as maiores barbaridades deixando na mão milhares que dela sobrevivem. 
Não é saudosismo, simplesmente tristeza por todas atrocidades que fizeram e fazem em nosso templo!

Rui Amaral Jr

Revista Ilustrada - Agosto 2015

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Conta Borgmann...

CARRETERA x OPALA = onde irão se encontrar?
 José Cury Neto em Curitiba.
Opala D3 de Nelson Ely Filho.


Olá Rui, olá amigos,

O ano de 1968 marca, no sul, o fim do apogeu das carreteras no Sul.  Realizada a última corrida em pista de rua improvisada, os 500 km de Porto Alegre, no Circuito da Pedra Redonda, teve a vitória incontestável do BMW de Francisco Landi e Jan Balder. Em seguida será inaugurado o Autódromo de Tarumã, e a única carretera que ainda se mostrará competitiva será a do paulista Camilo Christófaro.

"Seu" Chico e Jan com o troféu da vitória dos 500 KM...à esquerda Vitório Andretta segundo colocado e direita Henrique Iwers terceiro.

A carretera do Catharino Andreatta, no Sul, tinha muitos admiradores.
A história da carretera vem de SP, nas mãos de José Gimenez Lopes, que importou motor e câmbio de Chevrolet Corvette para seu Chevrolet visando  a participação nas Mil Milhas Brasileiras em 1957. Mais tarde, quando passou às mãos de Camillo Christófaro, teve a carroceria rebaixada, freios a disco nas 4 rodas, e outros aperfeiçoamentos. Foi vendida depois ao paranaense José Cury Neto, que depois a vende ao gaúcho Catharino Andreatta.
Encerrada a fase das carreteras, o piloto Ruy Souza Filho adquire o carro e participa de vários km de arrancada.

 José Gimenez Lopez e o motor Corvette V8.
Gimenez Lopez nas Mil Milhas Brasileiras de 1958.
Nelson Ely Filho X Ruy Souza Filho em Lajeado 1978
Ruy Souza Filho arrancada em 2 de Agosto de 1969.
Ruy Souza Filho.
Pedro Victor e o Opala D3.

Eis que o piloto gaúcho Nelson Ely Filho adquire o Opala 4 portas que pertencia ao piloto de SP, Pedro Victor de Lamare, este passando aos GM de 2 portas.
Vale lembrar que os dois veículos mencionados são de épocas diferentes e nunca haviam competido juntos, mas...
Em 1978 o Opala e a carretera se encontram para medir forças em um KM de Arrancada, na cidade de Lajeado (RS). Dizem...dizem...que foi uma das poucas derrotas que a carretera sofreu. Será que foi nesta prova?
Hoje, restaurada, a carretera se encontra no Museu do Automobilismo Brasilweiro (Paulo Trevisan) em Passo Fundo(RS). Tive oportunidade de ver a carretera restaurada, maravilhosa...
A respeito de um comentário no seu blog, questionando o paradeiro da carretera "Brigite" que pertencia ao Catharino Andreatta: penso que a carretera #2 que mede forças com a #75 na foto abaixo, seria a famosa Brigite. Será? 

Um abraço


Luiz Borgmann

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Piada de mau gosto...




...de mau gosto, suja e totalmente inadequada!
Domingo pela manhã antes de sair para o almoço de aniversario de minha amiga Vera Bock mulher do Ricardo Bock e para bela passeata que começaria horas depois na Av. Paulista, onde nós paulistanos protestamos contra todo esse estado de absurdos que infelizmente hoje toma conta de grande parte, grandíssima diria eu, de nossa administração publica, abro o jornal O Estado de São Paulo e vejo na primeira página do Caderno de Esportes a figura sorridente de Rubens Barrichello na chamada para reportagem da Corrida do Milhão da Stock Car que seria disputada pouco depois no autódromo de Goiânia, leio a matéria, que por sinal não era assinada, provavelmente algum release, e na página seguinte me deparo com a matéria que mostro à vocês tecendo loas ao total absurdo que hoje a prefeitura de São Paulo faz no autódromo “José Carlos Pace” nosso antigo Interlagos. Além de toda baboseira que está escrita, mais parece outro release, o jornalista, repórter ou seja lá o que for não se refere uma única vez ao nome correto que hoje denomina o autódromo, um total desrespeito aos milhares de fãs, aos amigos que com ele dividiram grandes disputas neste mesmo local, não digo pista pois a original era um espetáculo muito diferente desta pistinha atual, e a cada um de nós que um dia colocou sua bunda em um carro de corridas e lá exerceu sua paixão.
Sim é uma piada de mau gosto o que a atual administração de nossa prefeitura faz com o autódromo e as milhares de pessoas que dependem dele para o seu sustento, são mecânicos, ajudantes, preparadores, pilotos e outras dezenas de atividades que ganham seu sustento com as corridas e hoje estão de mãos praticamente atadas pois a mais de dois anos essa reforma se arrasta. Hoje nas poucas corridas as equipes são jogadas em boxes improvisados no prédio hoje existente no antigo pátio na curva do Sargento ou à céu aberto onde era a antiga curva do Laranja num  total desrespeito à todos que fazem nosso automobilismo.
Sobre as obras atuais que o secretário municipal de Infraestrutura Urbana tece tantos elogios gostaria de lembrar à ele que este novo prédio de sete andares feito bem em frente das arquibancadas vai permitir apenas que os torcedores acompanhem as corridas provavelmente por telões instalados muito ao contrário de milhares de fãs que antigamente assistiram lá grandes corridas com “seu” Chico, Celso, Ciro, Camilo, Emerson, Pace, Luiz, Wilsinho, Bird, Chico, Guaraná, Julio Caio, Arturo, Benjamim... onde mostravam sua arte e do local onde hoje estão estas novas arquibancadas podia-se ver praticamente toda extensão da lendária pista.
Sobre nossa grande imprensa sinto muita saudades, eu que leio do Estadão desde os meus doze anos, da época em que nossas corridas eram cobertas por jornalistas e eu moleque e depois piloto podia abrir o jornal e ler sobre as corridas do final de semana, não apenas a Stock, Truck, Indy ou F.Um mas cada corrida disputada era mostrada e comentada com os nomes e fotos dos pilotos que assim podiam tentar o apoio de patrocinadores tão importantes para a prática do esporte.
Algo precisa ser feito  com urgência contra todos este estado de coisas que hoje dominam nosso automobilismo, apenas me pergunto...o que?  





  Folha de São Paulo 8 de Março de 1971, na época jornalistas cobriam e mostravam todas corridas.

À memória de Carlos Pace e à cada um de nós que um dia já pilotou em nossa incrível pista.

Rui Amaral Jr   

O Estado de São Paulo edição de Domingo 16 de AGOSTO de 2015.                       

PS: Digitalizei o jornal em tamanho grande e quem não conseguir ler aqui é só clicar na foto para ampliar.