domingo, 22 de novembro de 2009
CANINANA
Orlando Menegaz e sua Caninana caminhando para vitória nos 500 KM de Porto Alegre em 1962 .
A Caninana mostra sua velocidade e rasga a reta do lendário Tarumã pilotada por Orlando Menegaz no ano de 1998 .
domingo, 8 de novembro de 2009
As carreteras de Passo Fundo e seus audazes pilotos
Inicio descrevendo-as
As carreteras, carros de corrida que iniciaram as competições automobilísticas em Passo Fundo derivaram das "baratas" (coupes) Ford e Chevrolet dos anos 1937 a 1940, de onde eram retirados pára-lamas, pára-choques, bancos e outros itens, com modificações em suspensões, freios e motores num primeiro estágio. Seu nome, herdado dos "hermanos" argentino-uruguaios significa estrada/rodovia.
Um pouco da história
Quarta-feira, 14 de abril de 1926, o jornal O Nacional então bi-semanário noticiava a vitória fácil de uma baratinha amarela (possivelmente uma Ford), num desafio em plena Avenida Brasil centro.
Em 15 de junho de 1928 o mesmo jornal, O Nacional, noticiava a mais longa disputa automobilística do Estado, até então.
Itinerário
Júlio de Castilhos a Passo Fundo com retorno a Júlio de Castilhos até a praça central.
Distância
586 km por um caminho ao longo da via férrea.
Vencedor
Carlos Fumagalli, com Ford contra Cyrus Bastos, com Chevrolet.
A relação entre as notícias, Passo Fundo entrando de pé embaixo nas competições. E no noticiário jornalístico sobre automobilismo, desta vez com repercussão estadual.
Como seria o futuro
O Desenrolar
O próximo evento, envolvendo nossa cidade, ocorreu no circuito do Cristal, em Porto Alegre, no dia 18 de julho de 1943, quando realizou-se a prova para carros movidos a gasogênio - gás pobre produzido pela queima de lenha ou carvão em equipamento pesadão, anti-estético, anti-aerodinâmico, colocado geralmente na traseira das baratas.
Com todos os anti-contra, o gasogênio possibilitou que parte dos automóveis, pick-ups e caminhões continuassem rodando sem a gasolina que era toda importada, consequência da 2ª Grande Guerra Mundial.
O grid de largada foi ótimo, pois 20 e tantos carros alinharam. Ary Burlamaque foi exceção correndo por Passo Fundo com Oldsmobile 1942 e gasogênio à lenha, fabricado pela Indústria Menegaz de nossa cidade. Outro passo-fundense que alinhou foi Guaraci Almeida Costa. Nossos representantes não conseguiram as melhores colocações. Mas os futuros pilotos da terra começaram a fazer o dever de casa. Adquiriram suas baratas, desenvolveram conhecimentos mecânicos, testaram, experimentaram e deram-se por preparados para os embates que aconteceriam ali na frente.
A consolidação
E o grande dia chegou. Era 29 de setembro de 1948, domingo de manhã quando foi dada a largada para a Copa Rio Grande do Sul, na distância de 824 km com saída em Porto Alegre, passando por Caxias, Vacaria, Lagoa Vermelha, Passo Fundo retornando à capital do Estado. O grande vencedor foi Alcídio Schröeder representando Passo Fundo com carretera Ford, que lutou quase 9 horas contra chuva, barro, pouca visibilidade e um ferrenho piloto adversário. Recebeu a bandeirada do então governador do Estado, Walter Jobim. O Leão da Serra, como era conhecido Alcídio, foi o piloto pioneiro da capital do Planalto Médio e passou para os demais, seus predicados, na condução dos bólidos.No ano seguinte, 1949, Aido Finardi, o Rei das Curvas, deu continuidade à participação de pilotos de Passo Fundo em provas automobilísticas.
As caixas de câmbio originais de três marchas foram substituídas algumas vezes pelas caixas de quatro marchas dos carros Jaguar.
O fim da era gloriosa
A superioridade da BMW foi flagrante. Simultaneamente, por causa de acidentes, em provas anteriores era proibida a realização de corridas em ruas.Assim brusca e melancolicamente encerrou-se fase importante do automobilismo gaúcho, não sem antes revelar competentes mecânicos preparadores e exímios e audazes pilotos. Com isto abriu-se o caminho para os autódromos de Guaporé e Tarumã. As carreteras ainda hoje despertam os mais variados sentimentos. Nas crianças: medo (pelo ronco) e espanto. Nos jovens: curiosidade dada à aerodinâmica, e nos contemporâneos muitas lembranças que mexem com as emoções, não raras vezes levando às lágrimas.
Curiosidades ligadas as carreteras e seus audazes pilotos
- Orlando Menegaz foi o primeiro piloto gaúcho a usar cinto de segurança abdominal (tomado 'emprestado' de um avião DC-3 da Varig em vôo de Chapecó à Passo Fundo). Seus colegas recomendaram que não o usa-se, pois em caso de acidente ele estaria 'amarrado'. E o perigo de incêndio era muito grande;
- a famosa carretera Chevrolet/Corvette de números 9, 4, 24 ou 1 desafiada para correr contra um cavalo, de Vacaria-RS, na distância de 100 metros. Após vários testes, Orlando não topou a parada, ele soube antecipadamente do tempo do eqüino... A aposta era polpuda;
- Winik ganhou outra aposta desta vez do Aido Finardi, cuja carretera disputava a Força Livre. Estabelecidos handicap (vantagem), hora e local os contendores apresentaram-se. A condição era que Winik não mexesse no motor de sua carretera que era Standard o que ele cumpriu, mas em compensação retirou a carroçaria completa, por recomendação do Orlando. Como o tiro era curto, Winik ganhou mesmo sentado num caixote e acelerando através de um arame. Aido pagou o churrasco alegando sempre que foi enganado;
Mudou-se para Caxias do Sul-RS e agora, sócio do Ari inauguraram a Auto Palácio Revenda GMC. As plantas da construção civil vieram da GMC dos Estados Unidos.
Em seguida, Antoninho adquiriu a carretera Ford do Alcídio Schröeder, com qual disputou algumas provas, sempre com problema de superaquecimento do motor que tentou resolver com a instalação de uma serpentina de canos d'água, por cima da capota, ligada ao radiador.
Agradeço aos meus queridos mãe e pai Jucélia Anna e Nelson M. Rocha a colaboração neste artigo.
Graziela Marques da Rocha
Passo Fundo-RS
sábado, 31 de outubro de 2009
III 500 KM de Porto Alegre 1962 -Prologo
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Orlando Menegaz
Nasceu em 16 de agosto de 1918, no interior de Caxias do Sul-RS.
Disputou e venceu várias provas.
Venceu duas vezes as Mil Milhas Brasileiras em Interlagos-SP, uma em 1957 quando fez dupla com Aristides Bertuol e a segunda em 1961, em dupla com Ítalo Bertão.
Curiosidades deste audaz e corajoso piloto
- Sua primeira prova foi em marcha ré, no perímetro urbano de Carazinho-RS, com média de 55 Km/h;
- foi o primeiro piloto a usar cinto de segurança abdominal (tomado 'emprestado' de um avião DC-3 da Varig em vôo de Chapecó-SC à Passo Fundo-RS, por seu sobrinho Nelson Marques da Rocha). Seus colegas recomendaram que não o usa-se, pois em caso de acidente ele estaria 'amarrado'. E o perigo de incêndio era muito grande;
- a famosa carretera Chevrolet/Corvette de números 9, 4, 24 e 1 desafiada para correr contra um cavalo, de Vacaria-RS, na distância de 100 metros. Após vários testes, Orlando não topou a parada, ele soube antecipadamente do tempo do eqüino... A aposta era polpuda;
- Orlando com a poderosa carretera Chevrolet/Corvette foi desafiado por Daniel Winik que correria a pé desde que Orlando largasse de 'capivara' (virado ao contrário). Ninguém explicou nunca o porquê do nome.
Local da largada ponte do Passo até o posto de gasolina na Avenida Brasil a subir, na distância de mais ou menos 300 metros. Tiro dado, os contendores foram à luta. Resultado, Winik ganhou com Orlando nos seus calcanhares.
As vitórias que mais ecoaram foram:
- novembro de 1957: Mil Milhas Brasileiras (Interlagos), vencida por Orlando Menegaz e Aristides Bertuol com a Chevrolet/Corvette de Bertuol representante, de Bento Gonçalves-RS;
- Circuito Centenário de Passo Fundo em 02 de fevereiro de 1958;
- Circuito Festa da Uva em 09 de março de 1958;
- Circuito Automobilístico de Melo (Uruguai) em 30 de março de 1958 - onde tinha prêmio por largada;
- VI Mil Milhas Brasileiras (Interlagos) em 25 e 26 de novembro de 1961, vencida por Ítalo Bertão e Orlando Menegaz com a Chevrolet/Corvette da dupla passo-fundense;
- III 500 Km de Porto Alegre em 1962;
- Orlando Menegaz foi o único piloto interiorano, a ganhar duas vezes as Mil Milhas Brasileiras de Interlagos, a prova mais importante do País.
A Evolução do Motor de sua Carretera
A carretera Chevrolet melhorou muito com o cabeçote WAINE, mas deu salto importante quando usou motor V8 Chevrolet/ Corvette. Passando a ser candidata a vitória em todas as provas que disputou.
A grande mexida no Chassis/Carroçaria
Aconteceu com a vinda do exímio piloto argentino Juan Galvez, que disputou o 8º Circuito da Pedra Redonda - Porto Alegre, em 14 de julho de 1957 e que ganhou com sobras com carretera Ford. Terminada a prova, os pilotos gaúchos e a imprensa assimilaram o que o 'hermano' ensinou: "Hay que sacar hierro".
Como ficou a Chevrolet Coupe 1938
Aliviada (foram retirados mais de 300 kg de ferro, principalmente do chassis e carroçaria, abaixo de furadeira elétrica portátil e brocas afiadas), com motor e caixa Corvette e diferencial blocante, de picape Chevrolet.
Ela foi preparada pelos mecânicos passo-fundenses: José Moreno (Sudeto), Oribes Marques Rosa e Jaci Bonatto (Cabo).
Graziela Marques da Rocha
Passo Fundo-RS