A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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domingo, 26 de junho de 2011

Rodriguez y Rodriguez


Pedro e Ricardo nos 1.000 KMs de Nurburgring 1961.

A história do automobilismo nos relata as trajetórias de muitos pilotos irmãos. Ocasionalmente, eles tem desempenhos bastante diferentes, por este ou aquele motivo, coisa que não estamos aqui para explicar. Esta dupla de irmãos mexicanos, tinham uma tocada muito parecida e dá para dizer que se não fosse o destino, quem sabe não teriam atingido juntos o estrelato nas pistas. Comecemos pelo menor deles, que alguns que os conheceram, afirmam que era o mais rápido dos dois.

Ricardo na Lotus.
RICARDO RODRIGUEZ DE LA VEGA.

Nascido em família abastada no México em 1942, foi encorajado por seu pai, Don Pedro Rodriguez Quijada (ele próprio, alguém ligado às corridas), a envolver-se em competições. A princípio, corridas de bicicletas, passando depois às motocicletas e finalmente os carros, sempre junto do irmão dois anos mais velho, Pedro. Aos quinze anos, o precoce Ricardo surpreendeu ao vencer sua primeira corrida, em Riverside, com um Porsche RS. Mais tarde voltaria a fazê-lo vencendo uma corrida em Nassau, nas Bahamas. Em 1958 pretende correr com Pedro nas míticas 24 Horas de Le Mans, mas é barrado pela pouca idade. A estréia fica adiada para o ano seguinte, quando volta à pista francesa de novo ao lado do irmão e pilotando um OSCA 750. Não terminam a prova, mas em 1960 aos dezoito anos e em parceria com o belga André Pilette, conclui na segunda posição, pilotando uma Ferrari 250 da North American Racing Team (NART).

Ricardo e Pedro na Targa Florio 1960 na Ferrari Dino 196 S.
Primeira fila do GP da Itália-Monza 1961 #4 Von Trips e #8 Ricardo Rodriguez. Ambos de Ferrari 156 - Shark Nose.
Ricardo.
 Chama a atenção da Ferrari, de quem a NART é um braço norte-americano e no ano seguinte, estréia na Fórmula 1, com uma Ferrari Sharknose. A presença de pilotos mais experientes não o constrange e em sua primeira participação, em Monza, faz o segundo melhor tempo nos treinos, perdendo apenas para Wolfgang von Trips. Na largada entretanto, deixa o alemão para trás e vai para a liderança, onde mantém uma forte disputa com Phil Hill e Ritchie Ginther, que já o conheciam de provas norte-americanas. Problemas mecânicos o tiram da prova. Mas ele está pronto para voltar em 1962, quando recebe novas chances da equipe italiana. E o moleque veloz vai garantindo o seu espaço: segundo lugar em Pau, numa corrida extra-oficial, quarto em Spa e sexto em Nurburgring. A Ferrari porém, encontra-se numa má fase técnica, sendo constantemente superada pelos "garagistas" britânicos Lotus e BRM. Razão pela qual, não vê motivo para comparecer ao GP extra-oficial do México, na pista de Magdalena Mixhuca. Ricardo, obviamente, não quer decepcionar a torcida mexicana e consegue liberação para correr com uma Lotus privada do Rob Walker Team. No primeiro dia de treinos e veloz como sempre, ele ainda está se adaptando ao carro quando perde o controle na Curva Peraltada. Batida forte, "Ricardito" não resiste ao ferimentos. Tinha vinte anos. Seu drama foi testemunhado pelo irmão mais velho, de quem, falaremos a seguir. 

PEDRO RODRIGUEZ DE LA VEGA

Silverstone Maio de 1965, Pedro em corrida extra campeonato chega em quarto com uma Lotus-Climax.  
Destaque na revista Autosport.

Irmão mais velho de Ricardo, nascido em 1940. Pedro, a exemplo do irmão, começou correndo com bicicletas, passando pelas motos e depois os carros. Ao contrário de Ricardito, Pedro optou inicialmente pelos sport-cars, e suas primeiras provas foram ao volante de uma Ferrari 500TR. Em 61 faz uma tentativa frustrada de classificar-se com a Ferrari 156 no GP dos EUA e só retornaria à Fórmula 1 em 63 com um Lotus 25, quando mais uma vez não foi feliz. Mas não fica parado: de 1957 a 1970, tem intensa participação com a Ferrari e a Equipe NART, utilizando os mais diferentes modelos, como o 500TR, o TR58, o 250TR, TR59, Dino 196, 330TRI, 250GTO, 250LM e 365 P2, dentre outros, só interrompendo a parceria em 1968, quando vence as 24 Horas de Le Mans com Lucien Bianchi, num Ford GT40.  A North American Racing Team o apóia também na F1 e em 1964, consegue a sexta colocação no GP do México. No ano seguinte, mais uma vez com Ferrari é o quinto nos Estados Unidos e o sétimo no México. Em 1966, experimenta os Lotus com motorização Climax e BRM e mais uma vez não consegue a classicação. Finalmente em 1967, a vitória. 

Pedro e a BRM em Rouen 1968, o cambio com problemas e um pneu furado o tiraram da luta pela ponta.

Montjuich 1971 GP da Espanha Pedro lidera Mario Andretti e Denny Hulme.
Pedro, Chris Amon e François Cevert.
Sua derradeira corrida na F I, GP da França 1971 em Le Castellet com BRM P160.

É o primeiro no GP da África do Sul com o Cooper Maserati, o que o gabarita a permanecer na equipe a temporada inteira. Não volta a vencer, mas no final do ano é o sexto colocado no campeonato. A partir de 1968, defenderá a BRM, time onde permanecerá até o final de sua carreira. Tem uma rápida passagem pela Ferrari em 69, obtendo um sexto lugar em Monza, um quinto nos Estados Unidos e um sétimo no México, mas retorna à BRM, por quem vence o GP da Bélgica de 1970. Também nesse ano, a Equipe de John Wyer o chama para correr nos Porsches 917 do Team Gulf-Porsche e Pedro, juntamente com Joseph Siffert, Jackie Oliver e Leo Kinnunen, ajuda a Porsche a tornar-se a grande campeã em 70-71. Versátil, participa ainda de provas na categoria CAN AM e mesmo a NASCAR. Aliás, foi essa disposição para correr com qualquer carro que o levou a participar de uma prova obscura da Interseries, as 200 Milhas de Norisring, na qual seu carro – o BRM P154 - não ficou pronto a tempo. Mas Pedro não viu nisso um problema, pois achava que melhor uma corrida do segundo escalão, que corrida nenhuma, e aceitou correr com uma Ferrari 512M, da equipe de seu amigo Herbert Miller. Largando na frente, na 11ª volta, perdeu o controle da Ferrari e bateu violentamente, com o carro  incendiando-se logo depois. Pedro foi resgatado  e levado a um hospital, onde veio a falecer.

Com outro grande piloto no box, Pedro e Jô Siffet.
Brands Hacth 1.000 KM B.O.A.C. Porsche 917 K #10 Pedro/Leo Kinnunen.
 Vitória na 24 Horas de Daytona 1970, Pedro abraça seu parceiro Leo Kinnunen.
  Pedro na CanAm 1970 com a BRM P154.
Na Ferrari 512M em sua última corrida.


Em 2011, quando são completados 49 anos da morte de Ricardo Rodriguez no mês de novembro e 40 anos da morte de Pedro Rodriguez, em julho, prestamos esta pequena homenagem aos pilotos, que hoje emprestam seus nomes a um dos principais autódromos de sua terra, o HERMANOS RODRIGUEZ.  A eles, o  nosso respeito.

Caranguejo