A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
Mostrando postagens com marcador Cascavél. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Cascavél. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Aventuras de Pedro Garrafa




Quando falo sobre automobilismo, parece que eu me transporto para outro mundo ou fico em estado de êxtase, pois falar sobre um assunto tão amplo e tão convidativo me atrai e me relaxa.
É sempre empolgante relembrar-mos momentos e situações que fizeram parte de nossas vidas e que as vezes alem das alegrias também nos traziam preocupações e até medos.
Em toda a minha carreira automobilística, (a qual eu ainda não me considero aposentado) tive a oportunidade de passar por momentos hilários agradáveis e também desagraveis, porem inesquecíveis, principalmente quando tratava-se dos acontecimentos nas viagens que tive a grata felicidade e prazer de fazê-las pelas pistas e pelo Brasil afora.
Dentre muitas situações que vivi nessa maratona de viagens, uma situação em especial me chama a atenção e me intriga até os dias de hoje, portanto vou de uma forma resumida contá-la aos amigos e leitores deste blog.



Em uma certa viagem que havia feito, para participar de uma prova de endurance do campeonato paranaense, na Cidade de Cascavel, aparentemente tudo correndo bem, dentro da rotina normal que era para mim essas viagens, coisa que eu curtia muito, pois alem da viagem tinha também a prova, enfim era o que eu sempre gostei de fazer, e acho que era o melhor que eu fazia naquele momento de minha vida.
A viagem em si era tudo de bom, pois sentia a liberdade de fugir do catastrófico e violento transito de São Paulo, e também da vida agitada que a cidade nos oferecia, e quando pegava a estrada com toda a tralha de pista e o carro em cima da carreta, era como se eu ganhasse um presente, pois naqueles momentos eu me sentia liberto de toda a agitação da caótica Capital paulista,e na estrada ao som de alguns Cds, que por incrível que pareça quando ouço determinadas musicas da época, como "Fio de Cabelo" , "Confidencias ", "Não desligue o radio", me transporto a esses momentos mágicos.
Durante a viagem alem das musicas que ouvíamos, traçava-mos também os planos estratégicos de cada prova, para que na corrida tudo pudesse correr bem e sem surpresas, o que porem era inevitável, e mesmo a viagem sendo longa e cansativa, não deixava de ser agradável.
Porem vamos ao fato que é realmente alvo desta matéria, que aconteceu na viagem de retorno a São Paulo, após a corrida em Cascavel.






Quando vínhamos de retorno da corrida, depois de umas boas horas de estrada e já também cansados, aconteceu uma coisa inexplicável conosco.Ao entrar na cidade de Londrina, fazendo uma conversão, reparo pelo retrovisor da pick up que só havia na carreta uma parte do protótipo que eu havia feito a corrida, enfim a carenagem principal havia sumido.Tamanha a minha surpresa que parei bem no meio da pista e desci do carro perplexo e assustado. Como poderia ter acontecido aquele desaparecimento da carenagem e só o chassis com a mecânica estava sendo por mim transportado, e como poderia ter sumido a carenagem se tudo era rigidamente amarrado e preso no chassis e na carreta, enfim um verdadeiro mistério.




No momento que foi constatado o sumiço da carenagem, eu perplexo me mantinha estagnado ao lado da carreta , completamente sem ação, e foi ai que nesse momento passou e parou bem perto de mim, um Fiat 147 com duas pessoas dentro e me chamaram dizendo: "Moço o que o senhor perdeu ai , tá lá atraz numa borracharia do lado da estrada".Eu ainda retruquei de uma forma até um pouco grosseira com a pessoa que estava me avisando, dizendo assim " porque então você não me avisou ?", e no mesmo momento veio a resposta: " eu tentei, buzinei, fiz sinal, mas do mesmo modo que a" roupa "do carro voou, o senhor também saiu voando com a caminhonete, e sabe né meu carrinho é um Fiat 147, não deu pra te passar". Mesmo assim então agradeci, fiz o retorno e apressadamente sai a procura da tal borracharia aonde pudesse estar localizada a carenagem do meu protótipo.Só que tinha um detalhe muito importante o "LÁ ATRAZ" , que o rapaz havia me falado ficou a mais de 100 kms de retorno, mas felizmente depois dessa distancia toda percorrida, eis que em um certo momento olhando para o alto de um morro avisto reluzente a carenagem do protótipo, encostada na porta de uma borracharia de beira de estrada, por um certo momento foi um alivio e uma alegria muito grande , porem quando cheguei para resgatá-la,constatei que a mesma estava intacta, sem nenhuma quebra ou qualquer dano.Ao me aproximar da mesma e quando fui apanhá-la para colocá-la novamente no chassis, ouço uma voz vindo de dentro do escuro da borracharia dizendo: "é do senhor esse avião que está ai fora?"....eu prontamente respondi perguntado :é sim porque? Foi então que a voz se apresentou( o qual mais parecia um jogador de futebol americano do que um borracheiro) e disse" é porque eu agora sou o novo dono do avião e se o senhor quiser comprar ele de novo, eu tô vendendo."Estranhei é claro as duas afirmações porque avião e porque teria de comprar a carenagem que já era minha, ai ele prontamente me respondeu : primeiro porque esse avião levantou um vôo e caiu bem no meio da estrada e quase que uma carreta capota e atropela eu que fui pegar e o avião que estava no meio da estrada, então por isso mesmo que estou vendendo de volta para o senhor, pois quase morri pra salvar esse troço....Alegação mais do que justa, porem começava-se ali uma batalha para chegar-mos a um preço justo, que até parecia um leilão pois o primeiro lance pedido foi na época de R$500,00 , e assim seria inviável, portanto conversa vai conversa vem, o tempo passando e nada de acordo, até que em determinado momento dei o lance final, e o borracheiro sentindo que era pegar ou largar acabamos fechando por R$ 20,00 , o que não deixava de ser também uma boa importância na época, pois afinal de contas ele tinha arriscado a vida para salvar a minha carenagem.
Negociação feita e sendo bom para ambas as partes, retornamos a viagem, agora com a carenagem bem amarrada, mas uma questão ficou sem resposta até os dias de hoje, e que por sinal me intriga muito......COMO AQUELA CARENAGEM SAIU DO CHASSIS, PASSOU PELA GAIOLA DA CARRETA, VOOU, CAIU NA PISTA E NÃO TEVE SEQUER UM ARRANHÃO?????..... Sendo que na pista em condições de corrida a carenagem nunca saiu ou se desprendeu do chassis, pois existiam vários pontos de fixação da mesma......Mistério que só DEUS pode explicar.......
PEDRO GARRAFA