A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Giovanni Salvati - A trágica corrida de Formula 2 no Tarumã - 1971


Em Setembro de 2010 escrevi sobre o trágico acidente de Giovanni, após Le Mans 2013 conversei com o Caranguejo sobre a morte de Allan Simonsen na 3ª volta da corrida francesa e do motociclista gaúcho Cristiano Ferreira na Moto GP 1.000. 
Hoje ao abrir as estatísticas do blog vejo muitas visitas ao post e resolvi postar novamente. 
Quarenta e dois anos se passaram do acidente de Salvati, o automobilismo mudou muito, assim com a segurança dos pilotos hoje algo inimaginável naquela época,  porém uma coisa é inegável nosso esporte é perigoso, muito mais violento do que podemos imaginar ao ver os carros nas pistas e este perigo é parte inerente do esporte, quem quer segurança absoluta deve procurar praticar ou assistir outro.
Cada morte nos abala, magoa, entristece, mas  seguimos adiante... 

Rui Amaral Jr     
             

Ronnie Peterson March 722.

Grahan Hill

 Ao final de 1971 parte da  elite do automobilismo mundial veio ao Brasil para o I Torneio Internacional de Formula 2, eu tinha começado a correr aquele ano e para mim andar pelos boxes em Interlagos e cruzar com aqueles pilotos que tanto admirava era algo indescritível.
Lembro perfeitamente de vir caminhando pelo Box e em minha direção vir Grahan Hill, sempre com um sorriso e aquelas pernas tortas do acidente em Jarama, fora outros nomes que sem a carreira do bicampeão do mundo vinham fazendo seus nomes na Formula Um e Dois. Já conhecia quase todos da Formula 3 onde muitos estavam a busca de um lugar no topo do automobilismo e  para temporada brasileira no final do ano vieram grandes nomes.
Alguns já na Formula Um como Ronnie Peterson, Carlos Reutman, Reine Wissel, Tin Schenken fora nossos ídolos Emerson, Pace, Luiz Pereira Bueno e Wilson.
Foi um espetáculo e tanto ver os Formula 2 virar em Interlagos em 2.43s a volta e não perdi um treino ou corrida, sempre chegava cedo e saia no finalzinho da tarde, quando os carros paravam de andar ficava em algum Box acompanhando o trabalho dos mecânicos, foi sem duvida inesquecível. 

Não fui a Tarumã e foi lá que no belo espetáculo aconteceu a tragédia com Giovanni Salvati. Na Europa ele foi campeão Italiano de Formula 3 e buscava seu lugar ao Sol depois de muitas dificuldades em seu difícil inicio de carreira, já que vinha de uma família humilde e para correr fez muitos sacrifícios. No Brasil tinha se apresentado muito bem no Torneio de Formula 3 e vinha andando muito bem na Formula 2, na primeira corrida do Torneio chegou em 5º na classificação final tendo sido 6º na primeira bateria e 5º na segunda. Na segunda corrida foi 13º na final tendo chegado em 11º na primeira bateria e 16º na segunda.

O Guard Rail colocado de forma errada, deixou com que o bico do carro entrasse por baixo...
e a lamina alta pegasse na cabeça de Giovanni.

Em Tarumã chegou na primeira bateria em 13º lugar e na segunda quando vinha brigando com Wilson Fittipaldi pelo 4º lugar e tentou uma ultrapassagem após a reta dos boxes na curva 1, lá a uns 200 km/h foi reto e a lamina do guard rail colocada de forma incorreta acabou com a carreira e a vida do promissor piloto Italiano.
Vivíamos o começo da cruzada de segurança nas pistas, a era pré pneus slick, era o começo das proteções que chamamos de guard rail e infelizmente em Tarumã eles estavam colocados do forma incorreta.
Foi certamente uma tragédia, lembro de ter ficado muito abalado, pois tinha estado com aqueles pilotos durante as corridas de São Paulo e agora aquele que tinha visto aqui na Formula 3 e 2 estava morto. 



11 comentários:

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  2. Assisti a prova em Tarumã naquele dia fatídico para todos que assistiam aquela disputa por posição na curva 1. Eu estava alí um pouco mais acima no final da reta. Quando coloraram as grades de proteção no autódromo, que era novo, há pouco inaugurado, os Guard Rail foram colocados para proteção de carros de marca e carreteiras que eram conhecidas na época e construiram os protetores muito alto do solo, não prevendo carros tão baixos como são os monopostos da F2. Foi uma fatalidade, pois era uma situação que os organizadores da competição não preveram, pois todos os autódromos Europeus já são próprios para estes tipos de carros.

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    1. Eram outros tempos Rudi, ou o começo de uma era!

      Obrigado pelo comentário.

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  3. Eu vi acorrida no autódromo, estava na reta, foi tudo muito rápido. Depois da prova, encontrei em um restaurante o Grahan Hill, Tin Schenken e outros pilotos.

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    1. Não estava lá...muito triste, confesso que fiquei emocionado ao escrever.

      Obrigado pelo comentário

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  4. Eu estava lá, com meus 8 anos de idade. Lembro- me vivamente daqueles momentos de aflição, meu pai correu mas não havia nada a fazer. Lembro do imenso helicóptero , acho que um Huey II baixando e depois decolando com o piloto. Fui ao lado do carro, com a idade que tinha lembro de pensar: que pena. Um acidente muito forte. Americano Holtz.

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    1. Holtz, é impressionante como nossa memória funciona, também lembro da primeira vez que andei numa pista aos 9 anos, depois da morte de Celso Lara quando tinha onze, a tragédia de Giovanni foi muito presente pois naquele ano eu comecei. Muito obrigado pelo comentário, um abraço.

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  5. Meu nome é Marco Aurélio Montano, eu estava nesta corrida, tinha 10 anos na época eu e meu pai estávamos de frente para a curva, quando Salvatti bateu, lembro do helicóptero do exército resgatando-nos corpo, ele deitado na maca com o macacão branco. Cinquenta anos depois lembro claramente este acidente.

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    1. Foi muito triste Marco, muito obrigado por seu depoimento.

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  6. Eu estava no Tarumã neste dia na curva um ele foi de encontro a lâmina de proteção estava muito alta para Fórmula entro embaixo morreu enforcado

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    1. Outra época! Muito obrigado por seu depoimento.

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Rui Amaral Jr