A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sexta-feira, 8 de março de 2013

Menos minha gente, menos!

 Amadeu Rodrigues e eu na linha de chegada, era um treino.

É interessante como funciona nossa mente, esquecemos muitas coisas e outras lembramos com detalhes ínfimos. Desde que me propus a escrever este blog, incentivado pelo Carlos de Paula, uma coisa sempre tive em mente, nunca contar inverdades, e qualquer correção que porventura viesse, desde que fundamentada, sempre seria acrescentada ao texto. É isso que faço.
Tenho lido e ouvido muitas bobagens à cerca da velocidade final de nossos VW D3 em Interlagos, Tarumã e Jacarepaguá. Conversando ontem ou antes de ontem com o Jr -Lara Campos - falávamos sobre, e ele me contou que tomou certa vez a velocidade de seu carro com um radar no final do Retão em Interlagos, e coincide com o que eu calculava pelo meu contagiros, 209 km/h. Vejam bem, não é obviamente a velocidade apontada por nenhum velocímetro, quase todos imprecisos, já que nossos carros não tinham, e sim a dele pelo radar e a minha pelo calculo.
Isso na década de 80 do século passado, quando os mais rápidos carros nacionais, Puma GTB e Opala 4.100 mal passavam dos 175 km/h de velocidade real, acredito que um desses carros, na configuração de rua na mesma pista chegassem ao final do Retão à bem menos que isso.
Quando em 1982 fizemos uma corrida gostosa demais pelo Anel Externo de Interlagos lembro de comentar com o Chapa e o Carlão, depois de fazer o calculo que estava chegando à freada da curva Três aproximadamente à 5 ou 6 km/h a mais do que quando fazíamos o circuito completo.


Arturão, Amadeo e Jr, pelos nossos cálculos e o radar mais para frente iam chegar à uns 209 km/h, por alguns outros "cálculos mais otimistas" à uns 350 km/h!


Naquela corrida, que já descrevi aqui, cheguei em terceiro lugar, atrás do Ricardo Mogames e do Laércio dos Santos, ambos com carros muito bem preparados sendo que o carro do Laércio era o que Amadeo Campos havia sido campeão brasileiro da categoria. Cheguei em terceiro sem que ninguém à minha frente tivesse quebrado, apenas com uma rodada do Elcio Pelegrini bem à minha frente na curva Dois quando disputávamos essa posição. Cheguei na força de meu motor 1.600cc magistralmente preparado pelo Chapa que na época tirava cerca de 150 HP deles e do belo acerto de chassi do Carlão. Um dia ainda acho o resultado oficial dessa corrida, mas se minha memória não me trai a melhor volta foi minha, na casa dos 1m04s o que dá uma média de 180 km/h nos 3.207m do Anel Externo.


Tomada da curva Um, atrás o Sueco.

Que me recordo a volta era mais ou menos assim; passava na linha de chegada à mais ou menos 195 km/, na entrada da Um estava á algo como os 200/205 km/h e podem ter certeza que eu fazia cravado! Chegávamos à Dois, com a desaceleração provocada pelo contorno da Um à uns 180/185 km/h, que por ser mais aberta que a Um fazia cravado,  na freada da Três como disse antes à mais ou menos 214/216 km/h. Pendurava nos alicates engatava terceira marcha e contornava a curva à 160/165 km/h para duzentos metros adiante, onde fica a Junção engatar a quarta marcha e subir novamente para Reta dos Boxes.
Vejam que as diferenças de velocidade eram grandes do que quando fazíamos o circuito completo, pois neste caso ao sair do Miolo a Junção em meu caso era feita em segunda marcha que chegava se tanto aos 150/155 km/h e ao passar no mesmo lugar vindo pelo Externo já estava em quarta marcha à mais ou menos 185 km/h. Na subida que leva à linha de chegada os motores de apenas 1.600cc, apesar do cambio bem acertado sofriam um pouco.
É isso aí, falar em velocidade de 240 km/h 250 km/h é papo furado, ainda mais vindo de alguns pilotos que no circuito completo tomavam 20/30 segundos e no Externo quase 10!
Uma nota interessante, nos 500 Km de Interlagos de 1972 a melhor volta da corrida no Circuito Externo foi de Herbert Muller com a Ferrari 512S à 53.02 segundos à média de 217.752 km/h, na época dez anos antes os pneus slick ainda não eram tão desenvolvidos pois era o começo deles e o autódromo passou por melhorias depois. Então tomando por base meu depoimento e caso estivesse com meu VW D3 naquela corrida a cada quatro (4) voltas seria ultrapassado pela Ferrari e teria terminado a corrida com no máximo 110 voltas, 46a menos que vencedor e certamente com os ouvidos zumbindo até hoje de tantas ultrapassagens, ou muito assustado até para escrever para vocês!   


Rui Amaral Jr 






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PS: Desculpem a repetição das fotos, são as poucas que guardei.
       No ano de 72 eu preparava meu VW D3, e um amigo havia colocado dupla carburação e rodas aro 13” em seu Fusca. Vinha sempre em minha oficina contar que seu carro na estrada chegava à 200 km/h e certas vezes passava disso! Ora, eu nem respondia, pois com as rodas menores na frente o velocímetro rodava muito mais rápido. Certa vez em uma viagem, acho que na Castello Branco, passei por ele em minha moto BMW R60, que de top speed deveria chegar a no máximo à 165/170, simplesmente de passagem! Logo ele veio me dizer que eu deveria estar a muito mais de 200 km/h (rsrsrs) quando o máximo que eu poderia estar era no limite da velocidade dela, coisa que era meu costume andar!
Como podemos ver exageros existem aos montes!    



9 comentários:

  1. Sempre muito interessantes seus textos Rui !!! Leitura deliciosa e obrigatória...kkkkkk

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  2. Ricardo Mallio Mansur8 de março de 2013 às 22:30

    Muito boa a matéria, Rui Amaral Lemos Junior! Sempre procurei falar a verdade sobre velocidades reais, mesmo que os que ouvissem torcessem o nariz, perguntando: Só? Pôxa, meu carro anda mais que o seu...! Duas coisas são fatais para os que querem se iludir a si próprios: Cronômetro em vez de relógio e conta-giros em vez de velocímetro. Meu Karmann-Ghia campeão do Festival do Ronco de 1972 atingia 186 km/h. reais no tacômetro e no conta-giros. A melhor volta foi 3:52. Meu D3 #98 chegava ao máximo de 174 km/h. no final dos 900 metros da reta de Interlagos. Todos meus concorrentes tinham mais velocidade final, mas no "miolo" era excelente e nunca tive problemas de estabilidade ou freio. Era super equilibrado e minha melhor volta foi 3:27'8! O carro #58 do Claudio Cavallini realmente passava dos 200 KM/h, isso em meados de 1974. Mas igual a Brasilia do Ingo... Acredito que de final, chegava aos 215 km/h... Não sei se essa performance foram pela eliminação do gerador e a ventoinha mas, na mesma época tentei fazer o mesmo com aquela tomada de ar no teto (único D3), mas já saía do box com temperatura nos 100º e ela não baixava, na certa "fritaria" a usina num vácuo prolongado. Abandonei o projeto, embora a velocidade final pudesse ser bem melhorada! Abs!

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    1. Obrigado pelo comentário Ricardo, é muito importante. Veja escrevi de 10 anos depois, a pista, motores e principalmente os pneus evoluíram,apesar de usarmos os nacionais acredito serem mais rápidos que os Blue Stric(???). NA TEP em 82 o melhor tempo de classificação foi do Elcio Pelegrini com absurdos 3.22 alto, em nosso grupo da D3 tinha essa ficha, mas acho que alguém com um tempo muito alto sumiu com ela. Sei que virei no circuito completo algumas belas voltas na casa dos 3.24. Veja o Jr andou sem ventoinha, ele tinha termômetro nos cilindros e um dia peço para ele contar, não deu certo e voltou às ventoinhas que também serviam para refrigerar os cabeçotes. Como disse antes seu comentário foi muito importante, obrigado e um forte abraço.

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  3. Fabiani C Gargioni #2710 de março de 2013 às 19:53

    Grande Rui, novamente to tomando aula aqui no HISTORIAS, muito legal esta postagem adoro estas "discussões"!!!

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  4. -Contar a histórias sempre compromissado com a verdade, é louvável, honrado e responsável, mas muitos não se prestam !
    - Gostei muito do texto rico em interessantes informações.
    - Aquela das velocidades com aro menor, é impressionante como faltam mínimas noções e entendimento .

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  5. Caro Nino, algumas pessoas fazem de tudo para se promover, ser o que nunca foram, não nosso caso, seu, meu, do grande Ricardo e outros amigos!
    O amigo das rodas menores era apenas sem noção!rsrs

    Um abração.

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