A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

sábado, 8 de janeiro de 2011

Uma Mulher na Largada - Parte final



A prova "Washington Luis" foi dividida em quatro etapas nos seus mais de 2.000 quilometros de estradas. Dada a largada oficial, no quilometro 12 da Via Anhanguera, as atenções voltaram-se a dois pilotos favoritos: o paulista Chico Landi e o gaúcho Catharino Andreatta.

Pela ordem de largada, Landi, que venceu a primeira etapa, saiu na frente, mas, Catharino não o perdeu de vista até próximo à localidade de São Manoel, quando o motor da carretera Ford número 10 do gaúcho teve problema na distribuição elétrica, obrigando-o a parar.

No entanto, o pior ainda estava pela frente. Devido à falha na sinalização do trajeto da corrida, tanto Catharino quanto os demais pilotos concorrentes tomaram uma estrada errada.

Quando o erro foi percebido, todos trataram de voltar imediatamente a fim de pegar o caminho certo. Só que, nessa manobra, uns carros estavam indo e outros voltando a 150km/h, na mesma estrada de chão!

O inevitável ocorreu: Catharino trombou sua carreteira com a de Julio Vieira. Por sorte, os danos gerais não impediram que todos continuassem na disputa. O gaúcho acelerou mais ainda e já na cidade de Sorocaba estava em primeiro lugar.

Dali para frente só deu Catharino até receber bandeirada final no mesmo ponto de partida da prova na Via Anhanguera, sagrando-se vencedor da disputa. Tanto ele, quanto os demais pilotos, não pouparam críticas ao Automóvel Clube do Brasil, pelas gritantes falhas na organização da corrida.

Tanto é que o major Vila Forte, da Força Aérea Brasileira, que acompanhou de avião todo o desenrolar da contenda, disse que não acreditava que uma prova dessas pudesse ser realizada com tantos obstáculos aos pilotos.

Do alto, ele viu trombadas, capotamento de carros, "mata-burros", pontes sem guardas e trechos urbanos sem policiamento. Ou seja, era um "Deus nos acuda"! Felizmente, entre vivos e mortos, todos se salvaram e Catharino Andreatta mais uma vez mostrou a competência dos gaúchos no automobilismo de competição brasileiro.

Ah, e a Kitty Fabri? Ela atrasou-se bastante com seu Ford 1942 e não acompanhou o ritmo da corrida, pois, já na cidade de Campinas teve pane na parte elétrica do seu carro.

Mas, a sua presença, a única mulher, numa corrida de carros dessa envergadura nos idos de 1949, foi um fato extraordinário, exemplo para outras que a seguiram. Numa foto de hoje, a largada oficial da prova na Via Anhanguera. Na outra, Catharino, seu mecânico (D) e sua carreteira "Galgos Brancos".


Por Ari Moro

Publicado primeiramente no Jornal do automóvel/Tribuna e Paraná Online
06/01/2011 às 00:00:00 - Atualizado em 05/01/2011 às 22:54:31

Nossos agradecimentos ao amigo e grande jornalista Ari Moro a cedência deste.

6 comentários:

  1. Grande Ari!!
    Parabéns Graziela, mais uma vez vc nos mostra a HISTÓRIA.

    Um abração aos dois.

    Rui

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  2. Fabiani C Gargioni #269 de janeiro de 2011 às 19:09

    Grande Rui,qdo vem a próxima???E o Brasil sempre na base do vamo vê,desde aquela época até hoje hehehe!!!

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  3. Fabiani C Gargioni #269 de janeiro de 2011 às 19:12

    Parabéns mais uma vez Graziela.Fiquei de te mandar as fotos da F-100 lembra?Mas o dono dela sobe o preço toda vez que a gente conversa...Muito obrigado pela disponibilidade!!!

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  4. Olá, Fabiani
    tudo bom! Espero que o amigo também.
    Fico no aguardo das fotos...
    Obrigada por nos acompanhar aqui no Histórias.
    Um abraço,
    Graziela

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  5. Graziela, tentei mandar um comentário mas não sei se foi de primeira. Tenho uma pequena passagem da história da Kitty Fabri vinculada a minha família. Meu avô foi o mecânico anterior ao Catharino da foto e se chamava Orlando Panetti. Ele deixou seu posto após ter casado com a minha avó e ter voltado para o interior de São Paulo, sempre disse que recebeu o convite para voltar, mas não houve permissão da patroa, rs.Possuo o jornal A Gazeta Esportiva de 20/09/1948 em mãos ao qual meu avô sempre guardou com muito carinho, onde ele aparece ao lado de Kitty Fabri e de carro. Gostaria de manter contato com vc e se possível te passar essas imagens para que ao menos meu avô seja lembrada mais uma vez onde quer que esteja. Grande abraço! Roberto Panetti e-mail: betopanetti@yahoo.com.br

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    1. Caro Roberto, vou encaminhar à Graziela, vc pode enviar o que quiser p/ meu e-mail ruiamaraljr@hotmail.com que publico.

      Obrigado e um abraço

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